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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda

Ano 10 - N° 468 - 5 de Junho de 2016

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

 

Tormentos da Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 34)

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Tormentos da Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 2001.

Questões preliminares 

A. No tratamento da obsessão devemos assistir ambos os litigantes?

Evidentemente. Como entendem diversos estudiosos espíritas, Eurípedes Barsanulfo também ensina que na trama da obsessão não apenas se encontra em desalinho o que chora e se desespera, mas também aquele que aplica o látego, o verdugo aparentemente insensível, que é sempre alguém que perdeu o rumo de si mesmo, por consequência, a identificação com a vida. Obsessor e obsidiado devem, pois, de igual modo, ser assistidos e auxiliados com os recursos espíritas. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.)

B. É verdade que existem no perispírito as chamadas matrizes, ou seja, marcas nele impressas pela consciência culpada?

Sim, é verdade. E mais: tais matrizes facultam as induções e fixações entre credores e devedores, a expressar-se em aflições obsessivas para ambos os atormentados. O fato é mera consequência da lei de ação e reação que nos é explanada pelo Espiritismo. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.)

C. Por que, iniciada a tarefa na seara, ninguém deve olhar para trás?

Esse pensamento é calcado em conhecida recomendação de Jesus. O fato é de fácil compreensão. Segundo Eurípedes, o Espírito reencarnado em tarefa libertadora sempre será chamado ao testemunho nos montes onde problemas equivalentes o aguardam: no primeiro, deve dar a conhecer o objetivo a que se dedicará; no segundo, cabe-lhe traçar as linhas de comportamento que adotará, e no terceiro, vivê-las até o momento final com equilíbrio e abnegação, ciente de que nunca lhe faltará o apoio indispensável ao êxito, que procede do mundo espiritual vigilante e ativo. É por isso que, iniciada a tarefa na seara, ninguém deve olhar para trás, ou poderá perder excelente oportunidade de crescimento.  (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.)

Texto para leitura 

176. Na obsessão, ambos os litigantes sofrem e precisam de ajuda – Dando continuidade à sua fala, Eurípedes asseverou: “Na trama da obsessão, portanto, não apenas se encontra em desalinho o que chora e se desespera, mas também aquele que aplica o látego, o verdugo aparentemente insensível, que é sempre alguém que perdeu o rumo de si mesmo, por consequência, a identificação com a vida. Acercar-se da sua situação penosa, mediante sincera emoção, é de significado profundo, porque a irradiação mental é mais poderosa do que a verbalização que pode ser destituída da vibração de legitimidade. O amor, por consequência, é o mais poderoso recurso ao nosso alcance, expresso ou não, para ser utilizado, do que quaisquer argumentos bem urdidos, porém escassos do recurso vitalizador que é necessário a todo aquele que se encontra em carência afetiva. E os perseguidores são, invariavelmente, Espíritos em grande carência, desconfiados e áridos, porque foram vítimas de enleios e traições relacionados com os seus sentimentos de nobreza e de sinceridade.” Fazendo uma pausa oportuna, e mantendo a expressão da face muito serena, ele prosseguiu: “Tendo em vista a necessidade de ressarcimento das dívidas contraídas pelo abuso da confiança que nos foi oferecida, torna-se-nos necessário o mergulho na carne, a fim de refazermos os caminhos, as afeições, as oportunidades. Antes da viagem à reencarnação, ainda lúcido, o candidato promete fidelidade e devotamento, sintonia com os Amigos espirituais que ficaram na Erraticidade para o ajudar na desincumbência do dever. Logo, porém, que o corpo ensombra a lucidez espiritual, diminuindo-a, os impositivos da matéria passam a predominar no ser em recomeço, não poucas vezes afastando-o do caminho traçado. Eis por que o Espiritismo, representando o retorno de Jesus à Terra através de O Consolador, desempenha a missão sublime de despertar as consciências adormecidas, facultando o intercâmbio direto com o mundo de origem, onde se haurem as energias indispensáveis ao cumprimento da tarefa e se dispõem das lembranças para o prosseguimento dos compromissos”. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.) 

177. As marcas impressas no perispírito pela consciência culpada – Segundo lembrou Eurípedes, é durante a vilegiatura carnal que têm curso os combates iluminativos, quando se devem reunir e confraternizar os antigos adversários, a princípio sob o sufrágio da dor, porquanto defraudaram as Leis, sem que delas se possam evadir, para depois se renderem ao amor, à fraternidade. As matrizes que se encontram no perispírito — as marcas impressas pela consciência culpada — facultam as induções e fixações entre credores e devedores, expressando-se em aflições obsessivas para ambos os atormentados. Não existe, pois, na Terra, ninguém que esteja isento da comunhão com os Espíritos, seja ou não pela necessidade reparadora. Esse relacionamento faz parte do processo da evolução, porque o crescimento ou a queda de alguém repercute na grande família espiritual que constituímos. Reconhecemos, portanto, que a reencarnação é sempre um grande desafio, especialmente para aquele que deseja realizar a meritória obra de espiritualização dos homens, a começar por si mesmo. São, no entanto, muitos os impedimentos naturais que se levantam nessas ocasiões, tentando embaraçar ou dificultar a execução do programa delineado. Ditas tais palavras, Eurípedes prosseguiu: “O carreiro carnal é sempre uma experiência de alto risco para quem deseja atingir as cumeadas da montanha das bem-aventuranças. Recordando-nos do Mestre, constataremos que Ele venceu os três montes que O desafiaram: o Tabor, onde se transfigurou esplendente de beleza diante de Moisés e Elias, que vieram reverenciá-lo, bem como dos discípulos que ainda não tinham dimensão da Sua grandeza. Foi o monte da comunhão espiritual no seu sentido mais elevado. O outro foi aquele no qual Ele cantou as bem-aventuranças, revolucionando os códigos de ética, de economia e de moral vigentes na sociedade, abrindo horizontes novos para o entendimento dos valores espirituais. E, por fim, o Gólgota, onde, aparentemente vencido, triunfou, imortal, colocando a ponte para a perpétua comunhão de todas as criaturas com o Pai. No primeiro, Ele desvelou-Se, no segundo estabeleceu as diretrizes do amor, e, no terceiro, viveu todos os ensinamentos que enunciou”. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.) 

178. Iniciada a tarefa na seara, ninguém deve olhar para trás – Na sequência de sua fala, o nobre Instrutor lembrou que o Espírito reencarnado em tarefa libertadora sempre será chamado ao testemunho nos montes onde problemas equivalentes o aguardam: no primeiro, deve dar a conhecer o objetivo a que se dedicará; no segundo, cabe-lhe traçar as linhas de comportamento que adotará, e no terceiro, vivê-las até o momento final com equilíbrio e abnegação. Não é algo demasiado, porque nunca lhe faltará o apoio indispensável ao êxito, que procede do mundo espiritual vigilante e ativo. É por isso que, iniciada a tarefa na seara, ninguém deve olhar para trás. Feitos os esclarecimentos a que nos referimos, Eurípedes comunicou a todos os objetivos da reunião que se realizaria em seguida: “Reunimo-nos aqui, neste momento, para receber um querido companheiro que se encontra nas sombras terrestres com tarefa muito bem programada, mas caminha a largos passos para a loucura das paixões humanas a que ora se entrega. Telementalizado pelos adversários do seu progresso, bem como por sistemáticos inimigos da libertação das mentes humanas das chagas obsessivas, deveremos convidar o companheiro a reflexões acuradas e, mais uma vez, tentar dissuadi-lo dos objetivos vãos que está abraçando com louca sofreguidão, procurando na Terra o prazer e o engodo, a fama e a popularidade, esquecendo-se de Jesus, que vai passando para segundo plano, ou pior, que se torna instrumento de atração para os seus torpes desejos de sensações. Quando se está muito preocupado com a própria promoção, esquece-se da razão do trabalho, que passa a lugar secundário. Como a existência física é muito breve e logo se acaba, o iludido desperta no abismo do arrependimento tardio, assinalado pelos sofrimentos demorados. Aguardemos, portanto, Edmundo, o servidor em perigo”. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.) 

179. Edmundo, um servidor em perigo – Minutos depois, um grupo de amigos espirituais deu entrada no recinto trazendo Edmundo adormecido, o qual foi colocado em uma cadeira confortável e acolhedora. Tratava-se de um jovem que ainda não completara quarenta anos. O seu sono era inquieto, fato que demonstrava desalinho interior. Embora a aparência agradável, o corpo perispiritual apresentava estranhas exteriorizações vibratórias, particularmente nos centros coronário e genésico. Emitiam ondas de cores quentes, intermitentes, denunciando comprometimento dos fulcros geradores de energia. Continuando a observação com mais cuidado, Miranda percebeu-lhe dilacerações no campo modelador biológico de procedência inferior, que iriam manifestar-se posteriormente no corpo somático. No centro cerebral estava instalada a matriz obsessiva, o que também se apresentava no aparelho sexual. Certamente, os plugues de ligação haviam sido desligados magneticamente naquele momento pelos assistentes que o trouxeram para o encontro especial. Feita a oração inicial em que o Instrutor exorou as bênçãos divinas para a atividade que se iniciava, Eurípedes se  aproximou do visitante e o despertou, chamando-o nominalmente com carinho fraternal. Ouvindo-o, e despertando, Edmundo logo recobrou a lucidez, detectando com relativa facilidade o local onde se encontrava, não ocultando a surpresa que o acometeu. Sorridente, percebeu o Mentor, que jovialmente o convidou à reflexão, sem maiores preâmbulos: “Saudamo-lo mui cordialmente em nome de Jesus, a quem servimos. Aqui nos reunimos e o recebemos carinhosamente com o objetivo de recordar-lhe que esta não é uma viagem de recreação espiritual ou de compensação emocional. Objetivamos, isto sim, acordá-lo para o cumprimento digno das responsabilidades assumidas antes do berço e que, neste momento, encontram-se em grave perigo para a sua concretização”. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.) 

180. A mediunidade ostensiva é compromisso muito grave – O Instrutor fez uma rápida pausa, e com tom bondoso, mas enérgico, prosseguiu: “Você partiu desta Colônia com um programa de ação espiritual muito bem delineado, no qual foram investidos muitos valores, e o atendeu por bom período da existência física. Abeberando-se na inexaurível fonte do Espiritismo, saciou a sede de informações e despertou para a tarefa que deveria realizar. A mediunidade franqueou-lhe o acesso à Espiritualidade, que jamais deixou de regatear-lhe auxílio e apoio. Agora, quando a notoriedade o alcança, facultando-lhe ensejo para ampliar o campo de serviço e dedicação a Jesus e à Sua Doutrina, você começa a comprometer-se com a frivolidade e o mundanismo. Entendemos que esses adversários já se lhe encontram fixados no Espírito, responsáveis que foram por mais de um insucesso em existências anteriores. Todavia, esta é a sua oportunidade feliz para servir ao Senhor, e não para dele servir-se, como vem fazendo, repetindo a insânia para a qual recebeu altas dosagens de energia libertadora. A mediunidade ostensiva é compromisso muito grave de consequências relevantes, que não pode ser utilizada mediante a irreverência e o despautério. Não lhe deve ser vão o conhecimento espiritual para o transformar em espetáculo circense, que lhe exalta o personalismo doentio em detrimento da austeridade e da consciência de dever que lhe cumpre atender. O investimento dos bons Espíritos está sendo malbaratado, enquanto a futilidade e a presunção assumem prioridade no seu comportamento”. Dito isso, o Instrutor silenciou, facultando ao amigo oportunidade de serem as suas palavras apreendidas e memorizadas. (Tormentos da Obsessão, cap. 18 – Socorro de emergência.) (Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita