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Divaldo Franco:
“A busca da
felicidade e da
plenitude é
inerente ao ser
humano”
O conhecido
médium e orador
reuniu em
Londres um
público
expressivo em
sua conferência
sobre
mediunidade e
obsessão
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Divaldo Franco
esteve na noite
de domingo, 8 de
maio, na cidade
de Londres,
capital da
Inglaterra, onde
proferiu uma
conferência
sobre o tema
“Mediunidade,
Obsessão
Espiritual e a
Moderna
Psiquiatria”.
Anne Sinclair
foi sua
intérprete
(foto).
O evento,
organizado pela
BUSS - British
Union of
Spiritist
Societies,
ocorreu no
Perrin Theatre e
rece- |
beu um
público de 480
pessoas. |
|
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|
A abordagem do
tema iniciou-se
com uma profunda
análise da
criatura humana.
A problemática
do indivíduo
seria ele
próprio, isto é,
os seus
conflitos e a
sua ignorância a
respeito da
verdade. Cada
qual seria hoje
a somatória de
todas as
experiências
vividas nesta e
em todas as
reencarnações
anteriores. E
cada coisa teria
o valor exato
que nós lhe
atribuíssemos.
Dentro desses
conceitos
filosóficos
estaria
implícita a
questão da
felicidade.
Divaldo
discorreu sobre
o
desenvolvimento
antropossociopsicológico
do ser, conforme
a doutrina de
John B. Watson,
psicólogo
americano, que
afirmou que as
primeiras
|
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Divaldo com Elsa Rossi |
|
emoções
que
surgiram
nos
indivíduos
foramo
medo, a
ira e,
por
último,
o amor.
Sendo o
amor
relativamente
recente
em
nossas
experiências
humanas,
seria
natural
concluir
que
ainda
estejamos
iniciando
o
aprendizado
e a
educação
dessa
emoção. |
Dando sequência
à análise, falou
sobre a
classificação
dos indivíduos
em dois biótipos
distintos,
criada por Pedro
D. Ouspensky: os
seres
fisiológicos,
aqueles que
vivem em função
da satisfação
dos instintos
básicos (comer,
dormir, fazer
sexo); e os
seres
psicológicos,
que, além de
exercerem as
referidas
funções
instintivas
básicas, também
possuem
aspirações
ético-morais.
Conforme
esclarecido, a
busca da
felicidade e da
plenitude é
inerente ao ser
humano. E, para
o melhor
entendimento dos
mecanismos de
conquista
daqueles
estados, a
Filosofia sempre
procurou
responder às
seguintes
indagações: quem
sou? de onde
venho? para onde
vou? por que
sofro?
Necessidade da
viagem interior
– O
autoconhecimento
seria, portanto,
indispensável
para se alcançar
tal desiderato.
Não por outra
razão, Sócrates
e Platão teriam
ensinado sobre a
necessidade da
viagem interior.
Confirmando essa
proposta, Jesus
falaria sobre o
“reino dos céus”
dentro do ser
humano. E, mais
tarde, no século
XIX, o
Espiritismo
recorreria ao
“conhece-te a ti
mesmo”, do
pensamento
socrático, para
orientar sobre o
meio eficaz mais
prático para se
progredir nesta
vida e não se
deixar ser
arrastado pelas
más tendências
morais.
Divaldo
asseverou que,
muito embora os
indivíduos
estejam cientes
dessa urgente
necessidade do
trabalho
autoiluminativo,
a maioria opta
pelo mero
atendimento dos
instintos
básicos, na
busca do prazer
imediato. As
consequências
inevitáveis do
comportamento
dessa natureza
seriam a
frustração, o
vazio
existencial e,
consequentemente,
o sofrimento.
Demonstrando a
grandiosidade da
misericórdia
divina e do amor
de Deus por toda
a Humanidade,
foi lembrado
que, conforme
consta de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
o sacrifício
mais agradável a
Deus não diz
respeito ao
sofrimento, mas
sim ao amor.
Seria o
sacrifício do
orgulho, da
mágoa, do ódio,
para que o amor
seja
experienciado em
suas
manifestações
diversas:
humildade,
perdão, ternura
etc.
O ser humano
estaria, então,
fadado à
perfeição e
traria em si o
roteiro seguro
para a jornada
iluminativa: as
leis divinas
escritas na
própria
consciência.
Qualquer
desrespeito a
essas normas
internas de
equilíbrio
gerariam a
desarmonia
íntima,
ensejando, com
isso, a
instalação e
desenvolvimento
de transtornos
de natureza
psicológica e/ou
psiquiátrica.
O pensamento do
poeta inglês
Thomas Hardy, a
afirmar que a
criatura humana
perdera o
endereço de
Deus, foi
desenvolvido na
conclusão pelo
orador: o ser
humano perdeu o
endereço de si
mesmo e, por
isso, não
realiza o
processo de
identificação
com a lei
interna e de sua
observância. Os
comportamentos
exibicionista,
individualista,
consumista,
sexólatra seriam
a prova disso e
gerariam o vazio
existencial. Do
vazio
existencial
surgiria a
depressão e
desta, o
transtorno
esquizofrênico.
A esquizofrenia
já foi
considerada
incurável
– Segundo
Divaldo, a
esquizofrenia,
que recebera
antes os nomes
de desagregação
da personalidade
e demência
precoce, teria
certos sintomas
característicos,
como a alteração
do pensamento,
da percepção
sensorial, do
comportamento e
do afeto. Por
muito tempo, ela
foi considerada
uma punição de
Deus ou uma
manifestação
demoníaca.
Em seguida,
descreveu o
trabalho do
médico francês
Dr. Philippe
Pinel,
considerado por
muitos o Pai da
Psiquiatria, que
libertou os seus
pacientes
esquizofrênicos
do terrível
pavilhão Bicêtre,
do Hospital da
Salpêtrière,
para dar-lhes um
tratamento mais
humano e
restituir-lhes a
dignidade,
criando, assim,
o que passou a
ser conhecido
como “terapia
moral”.
Falou, ainda,
que, por
determinado
tempo, a
esquizofrenia
foi considerada
incurável. Com o
avanço da
Psiquiatria, da
Psicologia e das
Neurociências,
fora descoberto
que tal
transtorno
poderia ser
completamente
curado e que as
causas poderiam
ser endógenas
(hereditariedade,
alterações
fisiológicas
etc.) e exógenas
(eventos de
vida, traumas de
infância etc.).
Ainda a respeito
das causas,
Divaldo
acrescentou
àquelas,
conhecidas pela
Ciência
Acadêmica, os
conflitos e
culpas de
reencarnações
anteriores e as
obsessões
espirituais, que
corresponderiam
aos efeitos das
ações negativas
pretéritas.
Essas
influências
negativas e
persistentes de
Espíritos
inferiores sobre
um indivíduo
poderiam levá-lo
a estados de
transtornos
psicológicos e
psiquiátricos,
como a
esquizofrenia,
afetando-lhe não
apenas o
equilíbrio
psíquico, como
também a sua
estrutura
física.
O Espiritismo,
então, em sua
face científica,
apresenta-nos os
fundamentos da
existência de
Deus, da
imortalidade da
alma, da
comunicabilidade
dos Espíritos e
da reencarnação,
oferecendo-nos,
ainda, as
consequências
filosóficas e
morais dessas
realidades. Tais
conhecimentos
levariam à
compreensão das
causas profundas
das patologias
psicológicas e
psiquiátricas. E
a solução para
todas as dores
humanas estaria
exarada na
mensagem
terapêutica de
Jesus, quando
nos recomendou
que nos
amássemos uns
aos outros como
Ele nos amou,
perdoando e
autoperdoando-nos,
de modo a
transformarmos a
nossa vida em um
verdadeiro poema
de amor.
Encontro com os
espíritas do
Reino Unido
– No dia
seguinte, 9 de
maio, Divaldo
Franco deu
sequência às
atividades
doutrinárias na
cidade de
Londres,
realizando um
encontro com
trabalhadores do
movimento
espírita inglês.
O evento,
organizado pela
British Union of
Spiritist
Societies,
ocorreu no
Perrin Theatre e
contou com a
participação de
300 pessoas.
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Momento de autógrafos |
|
O caráter do
encontro foi de
confraternização
entre os
diversos centros
espíritas do
Reino Unido, de
maneira que seus
trabalhadores
pudessem ter a
oportunidade de
esclarecer as
dúvidas sobre os
principais
desafios do
movimento inglês
e receber uma
mensagem de
orientação
abalizada, de
estímulo e
encorajamento
do
conhecido
ora- |
dor e
médium. |
|
Na primeira
parte da
reunião, Divaldo
falou a respeito
do Espiritismo
como a luz
destinada a
clarear as
sombras da
ignorância,
sobretudo nestes
momentos
desafiadores que
vivemos.
Recorrendo ao
pensamento
filosófico de
Cícero, afirmou
que “a História
é a pedra de
toque que
desgasta o erro
e faz brilhar a
verdade”. Dentro
desse mesmo
sentido, também
se referiu ao
raciocínio de
Francis Bacon,
que afirmava que
uma filosofia
superficial
inclina a mente
do ser humano ao
ateísmo, mas que
uma filosofia de
profundidade
despertaria a
mente humana
para a
verdadeira
religião.
Conforme
explicou, a
Ciência e a
religião
permaneceram por
muitos séculos
apartadas e em
verdadeira
guerra entre si,
em tentativas
constantes de
negarem uma a
outra.
Demonstrando o
prejuízo causado
ao progresso
humano por esse
orgulho
bilateral,
Divaldo recordou
a proposta de um
outro pensador,
Blaise Pascal,
que asseverava
que a sociedade
de seu tempo
encontrava-se em
uma
encruzilhada:
houvera obtido
grande
desenvolvimento
no campo
intelectivo,
científico, o
que ele
denominava de
“espírito de
geometria”, mas
sem um
correspondente
avanço
ético-moral,
chamado por ele
de “espírito de
gentileza”. Esse
desequilíbrio,
de acordo com
Pascal, levaria
os indivíduos a
se
entredevorarem.
Seria
indispensável,
portanto, que
ambas as asas do
progresso humano
pudessem
desenvolver-se
equitativamente,
de maneira a
permitir o voo
equilibrado em
direção à
plenitude, ou,
ainda, ao
“espírito do
coração”.
É preciso viver
a caridade tal
como a entendia
Jesus
– Em
continuidade ao
estudo histórico
e filosófico do
pensamento
humano, foram
expostas as
contribuições do
Iluminismo
Francês, do
idealismo da
Revolução
Francesa, do
Positivismo de
Auguste Comte e,
ainda, da
extraordinária
pedagogia de
Johann
Pestalozzi, que
prepararam a
Terra para o
advento do
Consolador
prometido por
Jesus, o
Espiritismo.
Divaldo lembrou
que foi nesse
contexto
histórico e
cultural do
século XIX que
Hippolyte Léon
Denizard Rivail
(Allan Kardec)
reencarnou na
Terra,
recebendo, ainda
na infância, a
formação
educacional do
mestre
Pestalozzi. Já
na idade adulta,
residindo em
Paris, tomou
contato com os
fenômenos das
mesas girantes e
falantes, como
eram conhecidos
os fenômenos
mediúnicos, e
passou a
estudá-los em
bases
científicas,
constatando a
legitimidade dos
fatos e
extraindo deles
consequências
filosóficas e
morais, de
interesse
extremo para o
progresso
intelecto-moral
e espiritual da
Humanidade, que,
coordenados,
formaram a obra
O Livro dos
Espíritos,
lançada em 18 de
abril de 1857,
marcando o
surgimento
oficial do
Espiritismo na
Terra.
Foi destacada a
importância de
se compreender
as consequências
filosóficas e,
sobretudo,
morais dos fatos
espíritas, a fim
de que pudesse
ser possível o
progresso
efetivo do
Espírito e o
encontro com a
plenitude da
vida. Allan
Kardec,
portanto, teria
dedicado uma
obra completa,
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
para trazer à
Humanidade a
mensagem moral e
psicoterapêutica
de Jesus sem as
distorções que
sofreu ao longo
dos séculos,
estabelecendo
que “fora da
caridade não há
salvação”, isto
é, o amor em sua
mais sublime
expressão como
meio de
eliminação de
nossos
sofrimentos e
purificação
espiritual.
Em seguida à
exposição, foi
aberto o espaço
para os
presentes
formularem
perguntas, as
quais foram
elucidadas por
Divaldo. Neste
período, foram
analisadas
questões sobre
mediunidade,
serviço no bem,
equilíbrio do
trabalhador
espírita,
justiça divina,
microcefalia,
transtornos
psiquiátricos,
familiares em
desajuste,
dentre outros.
A mensagem final
deixada aos
presentes foi a
do amor a todos,
especialmente
àqueles que se
nos apresentam
como
companheiros
difíceis de
jornada, para
que possamos,
então, viver a
caridade
consoante a
entendia Jesus:
benevolência
para com todos,
indulgência para
com as faltas
alheias e perdão
das ofensas.
Nota do Autor:
As fotos que
ilustram esta
reportagem foram
feitas por Simon
Pires e Alan
Page.
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