Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 35)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. A programação
reencarnatória
que fazemos
antes de
reencarnarmos
fica registrada,
com vistas a uma
posterior
avaliação?
Evidentemente. E
foi exatamente
esse registro,
em forma de
relatório, que a
senhora Modesto
exibiu e leu na
presença do
médium Edmundo e
do grupo ali
reunido. No
relatório
estavam
arquivadas as
responsabilidades
que ele assumira
perante as
soberanas leis,
antes de
reencarnar.
Quando a leitura
foi concluída,
Eurípedes
perguntou a
Edmundo, com
tristeza na voz:
“Que tem o
querido irmão
feito da fé
renovada? Como
se tem utilizado
dos recursos
mediúnicos, ora
movimentados por
forças
inferiores? Como
se encoraja a
tentar unir
César e Jesus no
mesmo recipiente
de prazer e
proclamar que a
vida deve ser
fruída sem
qualquer desvio
das suas
concessões?”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
B. Diz Eurípedes
que nunca nos
faltam recursos
para a
preservação da
saúde interior.
Que recursos são
esses?
Segundo
Eurípedes
Barsanulfo, tais
recursos são: a
oração, as
leituras
edificantes, o
trabalho de
socorro
fraternal, tanto
quanto o social
que diz respeito
aos valores
existenciais, a
meditação, o
espairecimento
sadio, a
conversação
edificante, o
intercâmbio de
pensamentos
elevados...
Somente dessa
forma, diz o
Mentor, é
possível
preservar o
psiquismo das
incursões
desastrosas,
propiciadas
pelos servidores
das paixões
subalternas.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
C. É correto
afirmar que
ninguém se evade
do dever sem
consequências
graves?
Sim. Essa
afirmação foi
feita por
Eurípedes
Barsanulfo, ao
examinar o caso
Edmundo. A
reencarnação é
bênção que
faculta a
reparação dos
erros e propicia
o crescimento
moral mediante o
dever retamente
exercido.
Evadir-se
equivale a
perder a
oportunidade de
reparar erros e
de crescer
espiritualmente.
Ainda segundo
Eurípedes, para
uma saudável
vivência
espiritual
torna-se
imprescindível
que a estrutura
moral do
indivíduo seja
bem definida, no
que diz respeito
à elevação de
pensamentos e à
nobreza dos
atos.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
Texto para
leitura
181. O
programa traçado
por Edmundo
– Diante de
Edmundo aturdido
com as palavras
ditas pelo
Benfeitor, este
acrescentou:
“Iremos
recordá-lo dos
compromissos a
que você se
vinculou e os
vem
desrespeitando
sob induções de
Espíritos
vulgares, que
ora se lhe
associam à
conduta mental e
social, apoiados
nas suas
preferências
transatas...”.
Dito isso, a um
sinal de
Eurípedes, a
senhora Modesto,
nobre médium que
a tudo
acompanhava,
desenrolou um
pergaminho que
trazia nas mãos
e, com voz
pausada, leu o
programa que
fora traçado por
solicitação do
medianeiro e sua
anuência
jubilosa a
algumas
propostas que
haviam sido
apresentadas
pelos seus Guias
espirituais.
Manoel Philomeno
de Miranda diz,
com surpresa,
que era a
primeira vez que
via uma
atividade dessa
natureza,
mediante a
exibição de um
relatório no
qual estavam
arquivadas as
responsabilidades
de alguém
comprometido
perante as
soberanas leis.
“Você prometeu —
prosseguiu a
médium com a
leitura do
documento —
canalizar para
Jesus e Sua
Doutrina
quaisquer
homenagens e
triunfos que lhe
chegassem.
Aceitou servir e
passar, lutando
contra as
tendências
inferiores;
superar o cerco
da bajulação e
reconhecer que a
faculdade
mediúnica não é
propriedade
pessoal, mas
empréstimo
superior, a fim
de dignificá-la.
Você pediu a
solidão, para
recolher-se nos
braços amorosos
do Mestre; rogou
o convívio com
os sofredores, a
fim de
enxugar-lhes as
lágrimas através
das bênçãos da
mediunidade;
suplicou a
simplicidade de
coração, de
forma que
pudesse
entesourar paz;
empenhou-se para
que a sua fosse
a família
universal, e
todo esse seu
esforço deveria
ser direcionado
para a
iluminação de
consciências,
considerando o
século como
oportunidade de
crescimento e
não de usança
desarvorada...”
Por alguns
minutos a médium
repassou as
informações
contidas no
pergaminho, até
concluí-lo. Em
seguida,
Eurípedes
perguntou a
Edmundo, com
tristeza na voz:
“Que tem o
querido irmão
feito da fé
renovada? Como
se tem utilizado
dos recursos
mediúnicos, ora
movimentados por
forças
inferiores? Como
se encoraja a
tentar unir
César e Jesus no
mesmo recipiente
de prazer e
proclamar que a
vida deve ser
fruída sem
qualquer desvio
das suas
concessões?”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
182. Como
preservar a
saúde interior
– Outras
interrogações
foram
apresentadas com
amor e
severidade, a
fim de que
ficassem
impressos na
memória
espiritual todos
os
acontecimentos
daquela noite
incomparável. E
o nobre Mentor
acrescentou:
“Somando-se a
esses desatinos
de comportamento
moral e
psicológico,
advertimo-lo que
os Mensageiros
que o amparam
têm encontrado
dificuldades
para manter o
contato
psíquico, porque
os seus centros
de captação
mediúnica estão
sintonizados com
as faixas de
baixa frequência
que decorrem das
suas aspirações
ocupadas por
ativistas
infelizes. A
mente do médium
deve sempre
estar vinculada
aos ideais de
enobrecimento,
impedindo, desse
modo, a
interferência
dos Espíritos
vulgares, que se
comprazem na
ilusão,
estimulando
conduta
equivocada, para
mais estreitarem
a comunhão
psíquica com
aqueles que os
albergam no
mundo íntimo.
Nunca faltam
recursos
preciosos para a
preservação da
saúde interior,
tais: a oração,
as leituras
edificantes, o
trabalho de
socorro
fraternal, tanto
quanto o social
que diz respeito
aos valores
existenciais, a
meditação, o
espairecimento
sadio, a
conversação
edificante, o
intercâmbio de
pensamentos
elevados...
Somente dessa
forma, é
possível
preservar o
psiquismo das
incursões
desastrosas,
propiciadas
pelos servidores
das paixões
subalternas.
Nesse sentido, o
caro irmão
tem-se permitido
a cultura da
ociosidade
espiritual,
negligenciando
os deveres, para
ter tempo de
entregar-se ao
culto da
personalidade e
ao prazer nas
rodas elegantes
do anedotário
picante e
vulgar, tanto
quanto da
exibição de
valores que
estão longe de
ser legítimos...
Para onde
pretende
direcionar os
passos? Que tem
feito dos
tesouros
mediúnicos que
deveriam ser
aplicados para
enxugar lágrimas
e diminuir
aflições? Onde o
devotamento à
causa do Bem? A
simples presença
nas reuniões que
propiciam a
exaltação do
ego, nas quais a
chocarrice e a
insensatez
campeiam,
somente traz
maior
contingente de
responsabilidade
não atendida.
Torna-se urgente
que faça uma
avaliação de
conduta, a fim
de retomar a
charrua sem
olhar para trás.
Fracasso, hoje,
significa
compromisso
adiado para mais
tarde com
aumento de
graves deveres”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
183.
Ninguém se evade
do dever sem
consequências
– A conversação
prosseguiu por
mais algum tempo
e seu objetivo
ficou bastante
claro com as
palavras que o
Mentor disse, na
sequência, ao
médium
invigilante:
“Este nosso
reencontro deve
facultar-lhe o
despertar da
consciência e a
visão real do
compromisso com
o corpo efêmero.
Não negamos a
contribuição da
psicanálise, a
que recorreu
para elucidação
dos enigmas que
dizem respeito
ao sexo e aos
conflitos que
dele se derivam.
Todavia, convém
considerar que o
ser não se
origina no
momento da
concepção fetal.
A sua carga
genética é
desenhada antes
desse instante,
através do qual
o Espírito
mergulha no
fenômeno
carnal... As
heranças morais
se delineiam
como futuros
compromissos a
serem
resgatados,
necessitando
mais de
seriedade moral
na conduta do
que placebos
psicológicos,
que contribuem
para aparente
melhora, mas não
resolvem em
profundidade o
problema das
responsabilidades
assumidas, que
ressurgirão em
outras
expressões. Você
solicitou
determinadas
inibições de
natureza sexual,
a fim de
dedicar-se mais
ao amor
desinteressado
de paixões, à
convivência com
os sofredores,
compreendendo-lhes
os transes por
que passam, à
renúncia de
alguns prazeres,
de modo a
oferecer maior
contributo aos
labores
espirituais...
Ademais,
tornando-se
visível o seu
trabalho
espírita, não
lhe cabe o
direito de
desnudar os
próprios
conflitos e
apresentar
soluções
equivocadas, que
irão servir de
modelo para
outros corações
atormentados,
que buscarão a
fuga ao invés do
enfrentamento
libertador.
Ninguém se evade
do dever sem
mais graves
consequências. A
reencarnação é
bênção que
faculta a
reparação dos
erros e propicia
o crescimento
moral mediante o
dever retamente
exercido. A
tarefa, que você
escolheu, põe-no
em contato com
antigos
companheiros de
alucinação, hoje
desencarnados,
que ora se
manifestam para
demonstrar a
sobrevivência,
não obstante
permaneçam
alguns em estado
de perturbação e
desar, deixando
sequelas
vibratórias no
seu campo
mediúnico...
Para uma
saudável
vivência
espiritual,
torna-se
imprescindível
que a sua
estrutura moral
seja bem
definida, no que
diz respeito à
elevação de
pensamentos e
nobreza dos
atos.”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
184. O
obsessor de
Edmundo
manifesta-se
– Fez-se em
seguida um
silêncio
expressivo. A um
sinal do
Benfeitor, dois
auxiliares deram
entrada a um
Espírito
visivelmente
cruel, que
estertorava no
campo vibratório
em que era
conduzido. Dona
Maria Modesto,
profundamente
concentrada,
atraiu a
Entidade
violenta, que
lhe tomou os
recursos
mediúnicos, logo
esbravejando:
“Por que essa
proteção a esse
biltre? Não veem
que ele nos
elege ao invés
de aos senhores?
Reencontramo-nos,
por fim, após um
largo
distanciamento.
Atraído por ele
e suas mórbidas
exigências
morais, vivemos
agora em
parceria.
Ajudo-o na
dissimulação, na
prática do
exibicionismo, e
devoro-lhe as
entranhas,
nutrindo-me com
o ódio que lhe
devoto”. Tomado
de surpresa,
Edmundo
estremeceu e
pôs-se muito
pálido.
“Reconhece-o?” —
indagou-lhe
Eurípedes,
tomado de imensa
compaixão. “Como
não?” — ripostou
o visitante, que
tremia, dominado
por profunda
emoção. “Vivemos
juntos em Paris,
nos dias já
longínquos do
começo deste
século, quando
nos
acumpliciamos
ambos em
relacionamentos
perversos. Eu
experimentava
peculiar
intuição a
respeito da sua
presença no meu
campo psíquico,
mas não tinha
certeza...” Ele,
porém, não pôde
alongar-se,
porque o sicário
interrompeu-o de
chofre,
praguejando: “Tu
sabes que a
morte a ninguém
devora. Mais do
que outros, tens
conhecimento da
imortalidade e
suas diversas
vivências graças
aos teus
recursos
mediúnicos.
Agora estás sob
o meu comando, e
não mais daquele
que antes te
conduzia. As
afinidades que
existem entre
nós, e que
aproximaste mais
quando optaste
por nossos
interesses,
tornam-nos quase
xifópagos
espirituais.
Espero que,
neste
intercurso,
predominem os
meus
sentimentos,
arrastando-te
aos sítios onde
me encontro por
tua causa”.
Edmundo mantinha
uma expressão de
choque desenhada
na face e
respirava
ofegante, quase
transtornado.
Nas suas
paisagens
íntimas, a
memória houvera
desencadeado
painéis que
estavam cobertos
pela névoa do
olvido, mas
permaneciam
vivos e agora
retornavam.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
185. O
obsessor promete
prosseguir na
vingança
– Com a elevação
que o
caracterizava, o
Mentor
dirigiu-se ao
verdugo e
atenuou-lhe a
agressividade,
informando: “O
amigo se refere
ao conhecimento
da imortalidade
que o nosso
Edmundo possui.
Mas o fato é
idêntico em
relação a você.
Sobrevivente do
carreiro carnal,
permanece com os
valores que
amealhou e deles
se utiliza.
Tomando a
decisão de
vingar-se do
antigo
companheiro de
lutas, escorrega
na mesma rampa
da loucura,
porque se torna
vítima de si
mesmo. Ninguém
tem o direito ou
o poder de
transformar-se
em cobrador do
seu próximo,
buscando
regularização de
compromissos que
ficaram em
sombras. A Vida
a todos impõe
suas
necessidades,
não cabendo a
ninguém esse
procedimento
arbitrário e
infeliz. Da
mesma forma como
o nosso Edmundo
agiu
incorretamente,
a sua conduta
não lhe é
diferente. Até
quando teremos a
luta mudando
somente de
cenário, e
prosseguindo a
mesma batalha?”
Respondendo, o
Espírito
afirmou: “Ele em
nada se
modificou,
permanecendo
vulgar e
debochado,
explorador da
credulidade
alheia e
aproveitador sem
caráter. E
destituído de
sentimento de
amor e de
dignidade,
porque o seu
egoísmo o
alucina. Sempre
foi assim a sua
forma de viver”.
Eurípedes
elucidou: “Não
desconhecemos os
problemas do seu
acusado; no
entanto, não
vemos condições
de ser-lhe você
o julgador
impiedoso e o
cobrador
inditoso. A sua
atitude não é
diversa da que
ele vem
mantendo. Não
lhe cabe,
portanto, a
prerrogativa de
apresentar-se
como o braço da
Lei que a tudo e
a todos alcança,
porquanto isso
dá-se sem a
intervenção de
quem quer que
seja...” O
perseguidor de
Edmundo,
todavia, não se
aquietou. “Haja
o que houver —
disse ele —
seguirei
vingando-me, e
ninguém me
impedirá de
fazê-lo. Nossos
laços de
identificação
muito vigorosos
me facultarão
isso. Eu o
conheço e os
senhores não.
Compromisso com
ele não tem
qualquer
sentido. Os anos
em que esteve
cá,
preparando-se
para a nova
experiência, não
lhe concederam
as resistências
necessárias para
a autossuperação.
Foi um
investimento
muito valioso em
pessoa sem
dignidade...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
(Continua no
próximo número.)