A ciência do
esforço de
autossuperação
Não obstante
todo nosso
avanço no
conhecimento
científico,
sociológico e
filosófico, o
que sabemos
sobre pessoas
portadoras de
limitações
físicas é
insipiente e,
ainda hoje,
apinhado de
vieses e
preconceitos
teóricos. A
sociedade, tendo
expectativas
distorcidas
quanto aos
"deficientes
físicos",
trata-os, quase
sempre, como
“coitadinhos” e
dignos de
comiseração.
Porém, é
imperioso
proporcionar ao
portador de
limitação física
uma participação
ativa no
processo
sócio-político-histórico-cultural
da sociedade, e
os resultados
admiráveis
ocorrerão.
Observemos
alguns grandes
exemplos de
autossuperação:
Anaya Eliick,
uma menina
americana de
sete anos que
nasceu sem as
mãos venceu um
concurso de
caligrafia nos
Estados Unidos.
Natural de
Chesapeake, no
Estado da
Virgínia, Anaya
não usa próteses
e apoia o lápis
nos braços para
escrever. Foi a
vencedora entre
50 outros alunos
que participaram
do concurso
nacional de
caligrafia e
levou para casa
o prêmio na
categoria
“necessidades
especiais”, que
contempla
estudantes com
alguma
deficiência
física ou
cognitiva.
Jessica Cox,
outra americana,
nascida sem os
braços, por
conta de uma
enfermidade
congênita, vem
ganhando
popularidade nos
Estados Unidos
como exemplo de
superação. Ela
se tornou a
primeira pessoa
a conduzir uma
aeronave somente
com os pés e
conseguiu um
brevê de piloto.
Cox não se
entrega aos
limites físicos
e não se prende
ao “não posso”;
costuma dizer,
ante os
desafios, “ainda
não consegui”.
Sob esse
raciocínio,
acredita que
quando na
limitação física
não se pode
fazer algo,
pode-se buscar
meios de
superação a fim
de vencer,
quebrar limites,
expandir,
ampliar
horizontes,
levando a
barreira limite
para mais
distante do
ponto anterior.
A jovem Flávia
Cristiane Fuga e
Silva,
brasileira, de
26 anos,
portadora de
paralisia
cerebral,
recebeu sua
carteira de
advogada, após
cinco anos de
faculdade e três
exames da
OAB-SP. Flávia
praticamente não
fala e se
locomove com o
auxílio de uma
cadeira de
rodas. Foi
aprovada no
exame 133 da
Ordem dos
Advogados do
Brasil/SP,
realizado em
agosto de 2007,
em que 84,1% dos
17.871
candidatos foram
reprovados. É
uma façanha
estupenda, sem
dúvida. Segundo
o presidente da
OAB, em São José
dos Campos, Luiz
Carlos Pêgas, "a
aprovação de
Flávia foi um
marco. A OAB, em
São Paulo,
sempre defendeu
os fisicamente
limitados, mas
não tinha
advogados com
paralisia
cerebral”.
Mais um
extraordinário
exemplo é
Alisson
Fernandes dos
Santos, que
defendeu
dissertação de
mestrado na
Universidade
Federal do
Paraná UFPR,
auxiliado por um
intérprete. Com
problema
congênito que
lhe causou
surdez profunda
bilateral, ele
se comunica
apenas via
leitura labial.
Alisson concluiu
o mestrado aos
32 anos. Formado
em farmácia e
bioquímica, pela
Pontifícia
Universidade
Católica do
Paraná (PUC-PR),
acabou de
receber o título
de mestre em
ciências
farmacêuticas
com ênfase em
análises
clínicas pela
Universidade
Federal do
Paraná (UFPR) e
é o primeiro
aluno surdo a
receber o título
na instituição.
O orador e
notório escritor
espírita
Jerônimo
Mendonça foi um
excelso modelo
de
autossuperação
em face dos
limites físicos
de que era
portador.
Completamente
paralítico por
mais de três
décadas, sem
mover nem o
pescoço, cego
por mais de
vinte anos, com
artrite
reumatoide que
lhe produzia
dores agudas no
peito e em todo
o corpo, era
carregado por
mãos amigas pelo
Brasil afora
para proferir
palestras.
Acamado no leito
ortopédico,
depois de perder
o movimento das
pernas, dos
braços e a
visão, Jerônimo
criou uma
gráfica,
escreveu 5
livros, gravou 2
LP’s (discos de
vinil) e em 1983
fundou algumas
instituições
espíritas. Era
amigo de Roberto
Carlos, amizade
que induziu o
“Rei” a
colaborar
materialmente
para que
Jerônimo
fundasse a mais
importante obra
assistencial de
sua vida, o Lar
Espírita Pouso
do Amanhecer, em
Ituiutaba, Minas
Gerais, que
atendia desde
então 200
crianças
carentes,
diariamente.
Como não citar
Antônio
Francisco
Lisboa, "o
aleijadinho",
vítima de uma
hanseníase
deformante, e
que não o
impediu de
insculpir diante
da Igreja do
Santuário do
Senhor do Bom
Jesus de
Matosinhos, em
Congonhas do
Campo/MG, 66
estátuas da via
Crucis, em
cedro-rosa e 12
estátuas dos
profetas, em
pedra-sabão,
entre outras
obras-primas do
barroco
brasileiro.
Os preceitos
espíritas nos
remetem a
entender que
somos sempre
herdeiros de nós
mesmos, motivo
pelo qual é
importante que
nos esforcemos,
a fim de ir mais
além dos limites
e crescermos
emocionalmente,
amadurecendo
conceitos e
reflexões,
aspirações e
programas
reencarnatórios,
a cuja
materialização
nos submetemos.
Em face disso, e
por força das
leis que
governam os
destinos, cada
criatura, seja
“normal” ou
“deficiente
física”, está ou
estará em luta
consigo mesma, a
seu modo,
consoante seu
quadro
provacional,
adquirindo a
ciência do
esforço, e
dentro da grade
dos sentidos
fisiológicos
e/ou
espirituais,
cada qual
receberá
gloriosas
recompensas
noutras
oportunidades de
trabalho, para
que em todas as
ocasiões possa
exemplificar os
valores da
autossuperação.