Um companheiro de lides
espíritas pergunta-nos se
existe relação entre a
obsessão e a chamada
loucura.
Conforme aprendemos na
doutrina espírita, obsessão
não é loucura, mas pode
produzi-la, se a ação
malfazeja de um Espírito
sobre outro for persistente
e não tratada a seu devido
tempo. Nesse caso, é preciso
compreender que a ação
persistente pode produzir
lesões físicas, muitas vezes
irreversíveis.
Em seu livro Grilhões
Partidos, obra mediúnica
psicografada por Divaldo
Franco, Manoel Philomeno de
Miranda apresenta-nos alguns
casos de perturbações
mentais, como histeria e
esquizofrenia, que nada
tinham a ver com obsessão. E
no mesmo livro ele nos diz
que o caso da jovem Ester,
uma das personagens centrais
da obra, embora se tratasse
de subjugação obsessional,
fora tratado por longo tempo
como esquizofrenia.
A verdade, porém, é que nas
obsessões e nas perturbações
ou doenças mentais a lei de
causa e efeito está sempre
presente.
Os distúrbios e as
perturbações que afetam a
mente podem manifestar-se de
duas diferentes maneiras:
com ou sem lesão cerebral.
Dr. Bezerra de Menezes, no
seu livro A Loucura sob
Novo Prisma, sugere,
para casos distintos,
tratamentos distintos. Se o
problema não é
orgânico-cerebral, é preciso
levar em conta as causas
extrafísicas atuantes.
Allan Kardec, em sua obra
O Livro dos Médiuns,
afirma que entre os tidos
por loucos muitos há que são
apenas subjugados. A
recíproca é também
verdadeira. Deve haver, por
esse motivo, muito cuidado
com os diagnósticos
apressados, como José Raul
Teixeira adverte na resposta
por ele dada à pergunta 96
constante do livro
Diretrizes de Segurança,
que adiante reproduzimos:
96. Dentro dos quadros da
psiquiatria, como
psicopatia, esquizofrenia,
etc., quais as
características que poderiam
se enquadrar dentro das
obsessões?
Raul
– Reconhecemos, com os
ensinamentos da Doutrina
Espírita, que todos aqueles
portadores das
esquizofrenias,
psicopatologias variadas,
dentro de um processo
cármico, são entidades
normalmente vinculadas a
graves débitos, a dívidas de
delitos sociais, e, conforme
nos achamos dentro desse
quadro de compromissos,
essas psicopatologias de
multiplicada denominação
assumem intensidade maior ou
menor.
Conforme orienta o instrutor
Calderaro ao Espírito André
Luiz, no livro No Mundo
Maior, ao estudar a
problemática do cérebro,
esses companheiros
esquizofrênicos entram em
“crises” quando, no processo
natural e inconsciente de
rememoração, se vinculam ao
seu passado, quando
delinquiram, através de um
processo de associação, de
assimilação fluídica.
Nos casos de epilepsias,
tudo nos leva a crer que as
entidades credoras, em se
aproximando do devedor,
diretamente ou por meio de
seu pensamento, promovem
como que um acordamento da
culpa, e ele mergulha,
então, no chamado transe
epiléptico. Nesse particular
do transe, por ação de
Espíritos, encontramos
correspondentes com o
processo mediúnico, porque
não deixam de ser, esses
indivíduos, médiuns
enfermos, desequilibrados,
apresentando, por isso, uma
expressão mediúnica
atormentada, doente.
Convenhamos que o exame da
Doutrina Espírita, com
relação a esses diversos
casos, nos dará
gradativamente as dimensões
para que saibamos avaliar,
analisar os problemas de
enfermidades
psicopatológicas, tais como
as que acompanham a
esquizofrenia, que é esse
conjunto de tormentos, de
perturbações, de doenças,
que verdadeiramente não têm
uma etiologia definida.
Nos casos de patologia
psicológica ou psiquiátrica,
deveremos nos valer dos
conhecimentos específicos na
área médica, para que não
coloquemos pessoas doentes
nas atividades mediúnicas, o
que seria um desastre.
Muitas pessoas se mostram
com diversas síndromes e
sintomas de problemas
psíquicos, quando a
invigilância e o
desconhecimento espírita de
alguns os leva a afirmar que
é mediunidade e levar a
criatura para o exercício
mediúnico. Esses graves
equívocos determinarão
graves ocorrências.
O nosso Divaldo,
oportunamente, narrou-nos um
episódio por ele conhecido,
a respeito de um cidadão que
sofrendo de intensas e
continuadas cefaleias foi
“orientado” por alguém
irresponsável a
“desenvolver-se”, porque era
médium, e que nisso
encontraria a cura esperada.
Buscados núcleos de
mediunismo sem orientação
cristã, feitos os
“trabalhos”, etc., o
problema não cedeu, ao
contrário, agravou-se. Após
frustradas tentativas lá e
cá, o moço foi levado a uma
instituição séria, onde o
servidor da mediunidade que
o atendeu constatou, pela
informação dos Benfeitores
Espirituais, que a família
deveria providenciar
atendimento médico para o
rapaz. Feito o
eletroencefalograma,
verificou-se uma tumoração
cerebral já sem
possibilidade de cura,
devido ao estado adiantado
do problema.
Muitas vezes estamos
atrelados a enfermidades
espirituais que oferecem
respostas somáticas, que
estão ligadas a dramas
profundos e graves, que não
podem ser atendidos como se
fossem mediunidade, numa
leviandade que não se
permite, em se tratando de
Entidade Espírita. Noutros
campos, registramos nos
hospitais psiquiátricos
diversos médiuns em
aturdimento, obsidiados que
poderiam ser devidamente
tratados com a terapia
evangélico-espírita, para
depois abraçarem a tarefa
mediúnica.
Então, é necessário que
estudemos e assimilemos os
conceitos e lições da
Doutrina Espírita,
conhecendo a prática do bom
senso, para que saibamos
distinguir aquilo que é
mediunidade, precisando de
educação, daquilo que seja
enfermidade psicopatológica,
a exigir tratamento médico.
(Diretrizes de Segurança,
pergunta 96.)
Na obsessão, o que determina
a perturbação é a
interposição de fluidos do
obsessor entre o agente
(alma) e o instrumento de
sua ação mental (cérebro).
Tanto na loucura
propriamente dita, como no
processo obsessivo, o que
existe é uma irregularidade
na transmissão ou
manifestação do pensamento.
Se há uma incapacidade
material do cérebro para
receber e transmitir
fielmente as cogitações do
Espírito encarnado, temos a
chamada loucura.
Se há interrupção do fluxo
dessas cogitações, que não
chegam integralmente ao
cérebro, eis a obsessão. Mas
os especialistas, como o Dr.
Célio Trujilo Costa,
psiquiatra espírita radicado
em Curitiba (PR), dizem ser
muito difícil afirmar, a
priori, quando se trata de
loucura ou de obsessão, pois
há componentes de uma e
outra em ambos os casos.
A observação meticulosa, o
estudo, o acompanhamento,
bem como a experiência do
profissional, é que
permitirão que se chegue ao
diagnóstico correto e, por
consequência, ao tratamento
adequado ao caso sob exame.
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