GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Males da
irritação, da
cólera
“A
cólera
prejudica o
repouso
da vida e a saúde
do
corpo;
ofusca o
entendimento
e
cega
a
razão.”
-
Diderot -
1713/1784.
Filha
do
orgulho,
a
cólera
induz-nos ao crime, ao desrespeito
ao
próximo
e a
nós mesmos e gera enfermidades físicas e espirituais.
Encolerizar-se
por bagatelas revela má educação.
Afastamos,
com
ela,
quem está próximo
a
nós
e
que nos auxiliaria na dificuldade que a motivou, mas que se mantém a distância,
temendo
reações
intempestivas.
Emitimos e
atraímos más
vibrações, além de companhias espirituais que nos agravam os males.
Com ela, geramos
antipatias
aonde vamos.
Somos,
por acaso, melhores que os demais,
e
donos
da
verdade?
“A cortesia é o primeiro passo da caridade.
A gentileza é o princípio
do
amor.
(...)
As melhores oportunidades
de
cada
dia
no
mundo
pertencem
àqueles
que
melhores
se fazem
para
quantos lhes rodeiam os passos.
E
ninguém
se faz
melhor,
arremessando
pedras
de
irritação
ou
espinhos
de amargura na
senda
dos companheiros.”
1
Uns alegam: é o
meu temperamento!
Ao
discordar,
afirmamos que a causa, em essência,
está
em
nossa falta de educação!
Cabe-nos
educar-nos.
“O orgulho vos leva
a julgar-vos
mais
do que sois; (...) a vos
considerardes
(...)
tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social,
que o menor paralelo vos
irrita e
aborrece. (...)
Se pensasse
que a cólera
nada resolve, que
lhe altera a saúde e compromete até
a
vida,
reconheceria
ser
ele próprio
a
sua
primeira vítima. (...) torna infelizes todos que o cercam. Se tem coração,
não lhe
será
motivo
de
remorso
fazer que
sofram os seres
a
quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria,
praticasse
um
ato
que houvesse de deplorar por toda a sua vida!
(...) a cólera não
exclui
certas
qualidades
do
coração,
mas
impede que se
faça
muito
bem
e pode
levar à
prática
de
muito mal.”
2
Aos
animais,
a vacina antirrábica; para nós, a vacina
chama-se
educação.
Um
dos
primeiros
passos
para
dominá-la é
aprender
a
amar
o
próximo,
pois a irritação indica que nosso coração ainda não
aprendeu a
arte de
amar
ao
semelhante,
seja
ele
quem for.
Na
Bíblia, são fartas as lições quanto à cólera,
à
ira
–
eis que o problema
é
antigo!
–
mas em parte alguma
há
exaltação
maior
da
virtude
que
as elimina,
quanto
na passagem em que Jesus assim
se exprime:
“Bem-aventurados
os
mansos,
porque herdarão a Terra” - Jesus –
Mt, 5:5.
Nem tão bela
e resumida receita de paz,
quanto nesta
outra:
“(...) não se ponha o sol sobre a vossa ira,...” -
Paulo: Efésios
4-26.
A
cólera
é bomba mental que faz vítimas em várias direções.
E a
maior
delas é
sempre
quem a expressa, por pequenas ou grandes razões.
O
preço
desse
mau
hábito é o remorso, a doença, o arrependimento e, até,
a
morte
física.
Eliminá-la
requer
observar
a própria conduta,
analisar reações
impulsivas, e
identificar-lhes
as
causas
– quaisquer
sejam
elas.
E
mudar
o
modo
de
proceder,
eliminando
esse
hábito
inconveniente, perverso, a que
damos
pouca
ou
nenhuma
importância.
Nesse aprendizado, corrigir o
automatismo de
nossas
reações.
E que o façamos com sinceridade, sem justificativas inúteis.
“Contrariar-se
alguém a propósito
de
bagatelas
e a
todos
os
instantes
do
dia
será
baratear
os
dons
da
vida,
desperdiçando-os,
de modo inconsequente, sem
o
mínimo
proveito para si mesmo ou para os outros.”
3
Eis sínteses
muito
divulgadas e
que
modificam a conduta de muita gente, quando
observadas:
“Não grite. Converse.
Não
critique.
Auxilie.
Não
acuse. Ampare.
Não
se irrite.
Sorria”.
4
Irritar-se é,
além
de perda de tempo,
desperdício de energias:
não resolve
problemas.
Agrava-os. O
correto
é
direcionar
esforços à
solução
deles,
com
adoção
de
soluções
práticas.
O
pneu
furou?
Troquemos o
pneu,
sem irritação inútil. Pneus
furam
mesmo.
O
gás
se acaba.
Troque-o. É
da
vida.
Alguém nos
agrediu?
Aviemos a
receita
de Jesus:
ofereçamos a
outra face. Silêncio
à
injúria;
ou resposta educada, às vezes até se desculpando por erro não praticado. Não importa. O que vale é preservar a própria Paz, evitando agravar o
desequilíbrio
alheio. O
outro
compreenderá
um
dia
e
aí
se
emenda.
Para Espíritos
eternos,
é
sempre oportuno o aprendizado.
O
poeta
Raimundo
Correia,
no
soneto
intitulado “Mal Secreto”, expressa verdade incontestável:
“Se a
cólera
que
espuma
(...) no
rosto
se estampasse
(...) quanta gente, talvez, que inveja agora nos causa, então piedade nos causasse!”
Nosso estado
de
humor
afeta-nos a
saúde
e a de quem nos cerca. O que é melhor: compartilhar nossa alegria de viver ou suportar-nos o mau humor?
Com irritação,
vertemos bílis em excesso no estômago,
dificultando a
digestão
e envenenando todo o organismo.
Com o hábito
da
cólera,
inútil
ingerir
medicamentos.
Há
que
lhes eliminar as causas.
Grande progresso
faríamos nesta
encarnação
se, triunfando
de
nós mesmos, vencêssemos a ira,
a
cólera,
por ninharias ou mesmo por grandes razões.
Indispensável
crescer
e superar-se.
Referências:
1)
XAVIER,
Francisco C.
Escrínio
de
Luz.
Pelo Espírito
Emmanuel. 2. ed.
Matão:
Casa
Ed. O
Clarim,
1982. p. 62.
2)
KARDEC, Allan.
O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
1. ed. 1. impr.
–. 82 ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2010. cap. 9. it. 9.
3)
XAVIER,
Francisco C.
Entre
a Terra e o Céu.
Pelo Espírito
André Luiz. 6.
ed. Rio de Janeiro: FEB,
1978. p. 138.
4)
XAVIER,
Francisco C.
Respostas
da Vida. 9 ed. São
Paulo:
IDEAL,
1980. Cap. 27: Pacificar.