MARIA ÂNGELA
MOREIRA
moreiramar2000@gmail.com
Londrina, PR
(Brasil)
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Jogos Pan e Parapan
Considerada a 2ª
competição mais
importante do mundo,
atrás apenas das
Olimpíadas, é um evento
que ocorre a cada 4
anos, desde 1951, do
qual participam várias
bandeiras, cada qual com
as cores representativas
de seu país.
Pan – 42 países, 34
esportes, 5.500 atletas.
Parapan – 26 países, 10
esportes, 1.300 atletas.
É um desfile de
caracteres, de
expressões, de culturas,
de etnias, que nos leva
a acreditar que o mundo
é uma aldeia e nós somos
cidadãos do mundo.
Fiz parte dessa festa
como voluntária, e
estive ciente da
importância de meu
trabalho, no sentido de
garantir o sucesso desse
marco para nosso país.
Fiquei locada pelo
Comitê Olímpico para
trabalhar no Pan, junto
ao expectador no vôlei
(Maracanãzinho), e, no
Parapan, de suporte ao
atleta no atletismo
(Ginásio João Havelange
– Engenhão).
O mascote, representado
pelo sol, foi escolhido,
também para representar
a igualdade, traduzido
pelo dito popular “o Sol
nasce para todos”, e
recebeu o nome de Cauê,
derivado da saudação
tupi Auê, que quer dizer
“Salve”!
O Pan e Parapan que vi!
É valoroso podermos
falar de nossas próprias
experiências, por isso
gostaria de falar do Pan,
Parapan, relacionado ao
Egoísmo (competição,
vaidades), tema de nossa
palestra.
A competição saudável
”hoje ser melhor de que
ontem e amanhã melhor do
que hoje”, se faz pelo
esforço, pela dedicação,
pela renúncia... O
atleta aprende a
renunciar, pois a idade
das competições, onde se
consegue o melhor tempo,
é na fase da
juventude... e opções
precisam ser feitas, ao
invés de sair e beber,
dorme-se, descansa-se,
para que no dia seguinte
se encontre no esplender
do físico.
E o atleta que não tem
uma perna, um braço ou
os dois, é cego, com
deficiência, ou ter só o
tronco (até o umbigo)...
o que será que o faz se
expor e provar aos
nossos olhos que ele é
normal, igualzinho a
nós, ao invés de ficar
em casa se lastimando,
reclamando de quanto a
vida foi ingrata com
ele?
Olhei em seus olhos, e
percebi que ele, no
fundo de seu coração,
aceita a justiça divina
e sabe que nada é por
acaso!... se assim ele
não pensasse, ele não
seria um guerreiro da
luz.
Vi beleza física,
inclusive
sensualidade... vi uma
moça linda, cuja perna
direita se resumia num
“toco”, até o meio da
coxa – no entanto ela
estava competindo e
ficou treinando a manhã
inteira (meus olhos a
acompanhavam)...
correndo com uma perna
de corrida, de titânio,
que lhe dava elegância e
leveza nos passos, que
ora corriam, pulavam,
saltavam, intercalava
passos, corria
lateralmente, esticava,
dobrava...
incansavelmente num sol
de 35º...
Que prótese linda! Como
a capacidade tecnológica
humana está sempre se
superando, como ela
mesma se autossuperava...
testando... obtendo
dados para novas e
melhores próteses.
Como a tecnologia é
maravilhosa! Como a
razão é nossa realidade
hoje! Como os Espíritos
estão se superando em
virtudes, como coragem,
paciência etc.!
Não vi egoísmo.
Garanto que vi brilho
nos olhares, mesmo
naqueles que tinham a
pálpebra fechada, como
no caso daquele, que
além da cegueira, tinha
uma deformidade severa
no rosto, com marcas de
inúmeras cirurgias...
Não perguntei, mas com
certeza foi acidente,
pois vi seu corpo
saudável, forte, com os
músculos bem
trabalhados, no entanto,
os olhos brilhavam...
mas, não tinha olhos!
O que será que vi
brilhar?
Sim, só podem ser os
olhos da alma!!!
Vi benevolência,
tolerância, perdão, para
consigo mesmo e para com
o mundo “perfeito” que
estava ao redor.
O atleta, daqui para
frente, quando falar
“atleta”, já não o estou
separando... eles me
mostraram que só existe
um Pan e só um atleta.
(Antigamente o Parapan
era realizado em outra
época diferente da
realização do Pan; hoje
é realizado a seguir ao
término do Pan, e com
certeza, amanhã, serão
no mesmo momento: o Pan
e Parapan, e se chamará
apenas Pan.)
O atleta que vi?
Vi abraçar com carinho o
adversário que levou a
medalha de ouro e ele
próprio não.
O atleta que vi?
Não levar nenhuma
medalha, mas aprender a
chegar ao seu limite,
que é sua própria
vitória... que é ir até
o final. Vi coragem!
Vi o público infantil
(devo abrir um
parêntesis e dizer que
no Parapan a entrada foi
grátis, e o Ginásio João
Havelange, o Engenhão,
maravilhoso, iluminado
com seus arcos de luz,
estava com suas
arquibancadas ocupadas
por escolas, com muitas
crianças...).
As crianças que vi?
Vi numa competição de
10.000m, onde havia um
atleta retardatário, que
não enxergava, com seu
guia, atrasado em 3
voltas na pista do
ginásio, cansado,
embaixo de um sol
forte... numa competição
solitária, pois os
outros já haviam cruzado
a chegada. Vi o
resultado de seu preparo
físico, sua luta íntima
e treino físico, fazendo
as longas voltas sozinho
(às vezes achava que ele
estava esmorecendo...
mas ele continuava).
Vi que as crianças,
homens do futuro, que
ali aprendiam a
benevolência, batiam
palmas e gritavam
palavras de força, e
quando o corredor
solitário chegou ao
final, as crianças se
levantaram, gritando e
batendo palmas... Isso é
história de vencedores!
Aprendi que perdendo ou
ganhando, a vitória
sobre si mesmo é que
vale. Aprendi que o
companheirismo não
enxerga diferenças e nem
resultados.
O aplauso que vi?
Vi subir a bandeira de
outro país para medalha
de ouro, com seu hino...
e as crianças perfiladas
respeitando e, após,
batendo palmas ao
vitorioso... Elas são
vitoriosas! É assim que
se aprende a ser cidadão
do mundo!
O jogo que vi?
Vi o “fair play” que
significa solidariedade,
o “jogo leal”, que me
mostrou gestos de amor,
em plena competição
entre adversários, o
pedido de perdão se um
toque foi mais pesado
numa jogada mais dura...
pequenos contatos
físicos com grandes
significados!
Percebe-se, assim, um
despertamento para o
“tratar seu semelhante
como gostaria de ser
tratado”...
E nós?
Nós também somos
atletas, iguais em
nossas diferenças, que
temos de vencer, e como
diz o Dr. Célio Costa,
psiquiatra do Hospital
Espírita Bom Retiro, em
Curitiba, “vencer é
difícil, mas mais
difícil ainda é
vencer-se”, e continua
ele: “vencer os outros,
abandonar as coisas que
nos agridem, fugir
daquilo que não
gostamos, ou virar as
costas para as pessoas
que têm defeitos, que
não concordamos, é
fácil. Porém, grandes
dificuldades temos ao
enfrentar a nós
próprios, engolir nossas
falhas, superar nossos
temores, e prosseguir
lutando e vencendo”.
Digo que ser espírita me
dá largueza de visão,
consciência de que sou
eterna aprendiz desta
escola chamada Terra,
onde aprendemos a
tolerância, a paciência,
a humildade... para
fazer a leitura das Leis
Divinas que estão na
consciência, com a
bagagem própria, e ser
vitorioso, que é chegar
à felicidade maior, que
é a paz e a certeza de
que caminhamos para o
PAI... e que a dor, a
companheira nesse orbe,
existe para nos educar,
com o papel de
verdadeira justiça
divina.
Vejo quanto nós já
crescemos! Tem muito
chão, ainda, é claro!...
Mas já andamos bastante,
se não, basta que
lembremos os esportes na
Roma antiga, os
gladiadores, o
enfrentamento de homens
versus leões... onde a
finalidade era ver
sangue!...
Hoje, se alguém se
machuca numa competição,
há um “Óhhhh!!” – da
plateia – e todos param
de falar e, estáticos,
esperam o atleta se
levantar... e, após,
soltar o corpo num
alívio... Vi isso!
Assim que vi o atleta!
Assim que vi o
expectador!
Vi benevolência,
tolerância e perdão,
verdadeiro sentido da
palavra caridade!
Esse evento que vi é
representativo da futura
sociedade (lembrar que o
mal é a ausência do bem,
portanto, o bem sempre
vence), numa atmosfera
de amor, onde o forte
realmente ajuda o fraco,
onde é respeitado o
limite de cada um, e
lembramo-nos do que
Jesus nos disse: – “Vós
sois deuses!”.
Vejo também a união
entre os povos, onde
ninguém morre de fome...
Dividem-se a comida, a
cultura, numa festa de
eterna fraternidade!