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Depressão e ansiedade já
são consideradas
“doenças
do século” por alguns
profissionais de saúde
De acordo com a
Organização Mundial da
Saúde (OMS) 33% da
população mundial sofre
de algum tipo de
ansiedade ou depressão e
no Brasil a média é
ainda maior – 4 em cada
dez brasileiros.
Tão grave problema de
saúde pública tem
levado, cada vez mais,
pessoas às Casas
Espíritas em busca de
auxílio, o que nos leva
à necessidade de
preparar de forma
adequada as pessoas que
atuam no Atendimento
Fraterno.
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Participantes do
evento que, em
sua maioria,
atuam no
Atendimento
Fraterno |
Visando oferecer
subsídios a esses
tarefeiros, a USE
Regional São Paulo
realizou em 18 de julho
de 2016 a oficina
“Ansiedade e Depressão,
o que fazer? Subsídios
para o Diálogo
Fraterno”, sob o comando
dos psicólogos (e
colaboradores da USE
Regional) Fernando Porto
e Luiz Fernando A.
Penteado.
De acordo com Fernando
Porto (foto), a ansiedade sem o
devido tratamento pode
levar a ataques de
pânico, agorafobia
(quando a pessoa tem
medo de estar em locais
amplos e/ou com muita
gente), ansiedade social
(preocupação excessiva
da imagem que passa a
terceiros) e fobias
variadas (animais,
sangue ou ferimentos,
etc.). “Esse problema
pode ser causado por
experiências
traumáticas,
superstições,
pensamentos ansiosos,
insegurança excessiva e,
claro, por tendências
trazidas de existências
anteriores”, explica
Porto, enfatizando que o
conhecimento espírita
pode prestar grande
auxílio, desde que
conjugado com o
tratamento
psicológico/psiquiátrico. |
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São muitos e diversos os
sintomas
associados
à depressão
Chamamos de depressão ao
transtorno do humor
caracterizado por uma
alteração psíquica com
consequentes alterações
na maneira de valorizar
a realidade, podendo
haver angústia,
acompanhada ou não de
ansiedade e tristeza.
“As causas da depressão
podem ser
hereditariedade,
sequelas de doenças,
tireoide, fatores
socioeconômicos e, até
mesmo, mediunidade ou
processo obsessivo”,
afirma Luiz Fernando,
que coordena uma equipe
de psicólogos na Casa
Espírita em que atua, na
zona oeste de São Paulo.
São muitos os sintomas
associados à depressão:
tristeza, angústia,
sensação de vazio,
irritabilidade,
desespero; cansaço,
desânimo, falta de
energia física e mental,
lentidão de raciocínio,
memória ruim. E mais:
sentimento de culpa, de
fracasso; pessimismo,
ideia de doença e
suicídio; falta de
iniciativa;
interpretação distorcida
e negativa do presente e
do passado; perda ou
aumento de apetite ou
peso; insônia ou excesso
de sono; dor de cabeça,
nas costas, no pescoço e
nos ombros, sintomas
gastrointestinais,
alteração menstruais,
queda de cabelo. Em
depressões graves pode
haver, ainda,
alucinações e delírios.
Segundo Penteado, o
risco de suicídio é 20
vezes maior nos
pacientes deprimidos,
razão pela qual esse
tema foi um dos mais
explorados na oficina.
“Foi muito importante
saber mais sobre a mente
das pessoas que pensam
em suicídio”, afirmou
Helaine Delgado, uma das
participantes,
referindo-se às
características
das mentes
suicidas,
citadas pelo
psicólogo Luiz
Fernando.
|
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Luiz
Fernando
Penteado,
Fernando
Porto
e Martha
Rios
Guimarães |
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A primeira delas
é a
ambivalência, ou
seja, uma
intensa batalha
entre o desejo
de viver e o
desejo de
morrer.
Impulsividade
também está
presente, sendo
que o impulso
suicida,
geralmente, é
desencadeado por
fatos negativos
do dia, podendo
durar alguns
minutos ou
horas. Já os
pensamentos e os
sentimentos
levam a pessoa
depressiva a
pensar no
suicídio como
única solução
para os
problemas. |
O tratamento para esses
casos requer o
reconhecimento de que há
um problema e que ele
pode/deve ser
solucionado, com auxílio
profissional. No caminho
para a recuperação, a
resiliência foi
destacada como fator
essencial: “Não podemos
saber quando vamos nos
deparar com algo
negativo em nossas
vidas, mas podemos
definir quanto tempo
vamos alimentar o
sentimento ruim”, ensina
Penteado enfatizando que
precisamos identificar o
que nos provoca reações
desfavoráveis, como
reagimos a ela e,
principalmente,
precisamos escolher uma
resposta alternativa e
positiva para a
situação.
A Casa Espírita como
ponto de apoio
no trato
da depressão
Os expositores
ressaltaram que a
Doutrina Espírita tem
muito a oferecer no
equilíbrio do ser
humano, incluindo as
doenças anteriormente
descritas, uma vez que,
conforme ensina a
Codificação, ela oferece
informações que
possibilitam aos adeptos
ter a serenidade e a fé
necessárias para
enfrentar os obstáculos
trazidos pela caminhada
terrena. Também propicia
uma força que eleva
acima dos
acontecimentos,
preservando a razão e a
tranquilidade, tão
necessárias para
vivermos de forma mais
saudável, física e
espiritualmente.
É muito comum que
pessoas com ansiedade e
depressão busquem na
Casa Espírita o apoio
necessário para superar
suas dificuldades, por
isso um debate com o
público presente à
oficina levou a
reflexões sobre a melhor
forma de acolher essas
pessoas.
Foi consenso que a
maioria das Casas
Espíritas estão aptas a
oferecer a mensagem
doutrinária a todos que
chegam à instituição,
porém, como fazer para
distinguir se o atendido
está com uma doença
orgânica ou passando por
um desequilíbrio
espiritual?
Em Casas que possuem
profissionais de
psicologia e/ou
psiquiatria a tarefa é
fácil, mas para as que
não têm essa estrutura
(e que compreende a
realidade de grande
parte das sociedades
espíritas, aliás) o
procedimento sugerido é
que seja feito o
tratamento espiritual
que a instituição está
apta a oferecer e que a
pessoa seja encaminhada
para algum profissional
da área de saúde.
Sugere-se que as Casas
Espíritas busquem apoio
em entidades de
psicologia dentro do
meio espírita e/ou que
sejam estabelecidas
parcerias com clínicas
próximas ao Centro
Espírita.
“A Casa Espírita de que
participo tem convênio
com uma ONG de
psicologia, cujos
valores são bem
acessíveis, facilitando
nosso trabalho no
Atendimento Fraterno,
uma vez que não temos
nenhum psicólogo na
equipe”, relata Roberto
Storai, participante e
atendente fraterno em
instituição da zona
norte de São Paulo,
mostrando a solução
encontrada para atender
de forma responsável.
Essa pode ser, de fato,
uma excelente saída para
que as equipes de
Atendimento Fraterno
possam oferecer um
tratamento de qualidade,
pautado na doutrina, mas
sem esquecer a questão
física.
Diante da importância e
profundidade do tema,
bem como da necessidade
de ampliar a discussão,
a USE Regional São Paulo
pretende retornar a ele
e a outros similares, em
oficinas futuras. Até
lá, para auxiliar os
tarefeiros do setor, o
material utilizado na
oficina estará
disponível no início de
agosto de 2016 no site
da USE Regional SP. Eis
o link:
www.useregionalsp.org.br
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