Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 42)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Em que
condições Evaldo
desencarnou?
Sob a
justificativa da
viuvez, Evaldo
se afastou da
vida que levava
e refugiou-se em
pertinaz
depressão que
passou a
consumir-lhe as
metas
existenciais, a
razão de viver e
qualquer
objetivo que o
pudesse arrancar
da penosa
situação.
Torturado pelo
remorso, começou
a perceber
quanto a sua
avidez
contribuíra para
a miséria de
muitos seres
humanos
necessitados, os
quais deveria
defender e
amparar através
dos mecanismos
políticos e da
fé espírita que
anteriormente
esposara. Assim,
tentando ocultar
o drama, seu
inconsciente
começou a criar
a teia
vibratória que
terminou por
envolvê-lo,
então sob o
direcionamento
do seu
adversário
espiritual. Três
anos
transcorridos
após a
desencarnação da
senhora,
sucumbiu em
triste ruína
humana,
negando-se à
alimentação e ao
tratamento
especializado,
que, embora sob
imposição
vigorosa de
outros
familiares, não
logrou
arrancá-lo do
abismo da
consciência
culpada ao qual
se atirara com
sofreguidão.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
21 – Experiência
incomum.)
B. Que situação
Evaldo encontrou
no plano
espiritual?
Havendo
desencarnado em
deplorável
estado mental e
físico, e
jugulado a uma
estranha
obsessão, Evaldo
foi recebido por
seu inimigo
desencarnado,
que o aguardara
no pórtico da
imortalidade,
encarcerando-o
nos fios
vigorosos da
própria urdidura
mental e
recambiando-o
para o escuso
recinto onde se
homiziava. Ali,
sob hipnose
cruel,
vergastou-o por
mais de um
decênio, após o
que Evaldo foi
transferido para
o Sanatório
Esperança,
graças à
intercessão de
sua abnegada
mãezinha.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
21 – Experiência
incomum.)
C. Desafio
dignificante, a
existência
corporal deve
ser encarada de
que forma?
A existência
corporal – que
é, como sabemos,
um desafio
dignificante –
deve ser vivida
com elevação e
respeito pelos
postulados que
facultam o
crescimento
interior no rumo
da plenitude.
Mas nem todos
aqueles que se
encontram
mergulhados na
neblina carnal
dão-se conta do
alto significado
dessa concessão
superior da
misericórdia
divina, até que
adquiram a
consciência de
si mesmos,
definindo-se,
então, pela
marcha
ascensional sem
estágios nos
patamares de
sombra e dor.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
22 – Lições de
sabedoria.)
Texto para
leitura
215. Como
Evaldo
desencarnou
– Reportando-se
ainda ao caso
Evaldo, o médico
informou que ele
lentamente se
afastara da
agitada vida
mundana sob a
justificativa da
viuvez, e,
apesar de
insistentemente
convidado pelos
comparsas,
refugiou-se em
pertinaz
depressão que
passou a
consumir-lhe as
metas
existenciais, a
razão de viver e
qualquer
objetivo que o
pudesse arrancar
da penosa
situação. A
mãezinha, então
desencarnada,
envidou esforços
exaustivos para
arrancá-lo da
situação
pungente a que
se entregou, mas
tudo redundou
inútil, porque o
torturado
começou a
perceber quanto
a sua avidez
contribuíra para
a miséria de
muitos seres
humanos
necessitados, os
quais deveria
defender e
amparar através
dos mecanismos
políticos e da
fé espírita que
anteriormente
esposara.
Acrescentou o
psiquiatra:
“Tentando
ocultar o drama,
o seu
inconsciente
começou a criar
a teia
vibratória que
terminou por
envolvê-lo então
sob o
direcionamento
do adversário
espiritual. Três
anos
transcorridos
após a
desencarnação da
senhora,
sucumbiu em
triste ruína
humana,
negando-se à
alimentação e ao
tratamento
especializado,
que, embora sob
imposição
vigorosa de
outros
familiares, não
logrou
arrancá-lo do
abismo da
consciência
culpada ao qual
se atirara com
sofreguidão”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
21 – Experiência
incomum.)
216. Mais
será pedido
àquele a quem
mais foi dado
– Nesse ponto o
psiquiatra
silenciou,
demonstrando uma
profunda
compunção pelo
enfermo e, a
seguir,
concluiu: “Em
deplorável
estado mental e
físico
desencarnou,
jugulado à
estranha
obsessão por
ressonância dos
pensamentos
perversos do
inimigo que o
aguardou no
pórtico da
imortalidade,
encarcerando-o
nos fios
vigorosos da
própria urdidura
mental e
recambiando-o
para o escuso
recinto onde se
homiziava. Ali,
sob hipnose
cruel,
vergastou-o por
mais de um
decênio, após o
que foi
transferido para
nosso Hospital
por intercessão
da mãezinha
abnegada, aqui
demorando-se até
este momento,
quando começa o
seu processo de
despertamento
para o encontro
lúcido com a
realidade”.
Findo o relato,
Manoel P. de
Miranda
exclamou,
emocionado:
“Deus, meu!
Quanto a
aprender e a
corrigir no
mundo íntimo!” E
Alberto, sempre
silencioso,
aduziu com
jovialidade:
“Não é por outra
razão que o
Mestre nos
informou que
mais será pedido
àquele a quem
mais foi dado.
De fato, quem
possui a luz
embutida na
mente e no
coração não pode
andar em trevas,
semear
escuridão, para
tanto apagando a
própria
claridade
íntima, pois
que, sem
qualquer dúvida,
voltará a
percorrer o
mesmo caminho e
o defrontará
conforme o haja
deixado”. Em
seguida,
emocionados e
reconhecidos, os
dois amigos
despediram-se do
culto e generoso
médico, rumando
ao gabinete do
dr. Inácio
Ferreira, onde
eram gentilmente
aguardados.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
21 – Experiência
incomum.)
217.
Existência
corpórea:
desafio
dignificante
– A aprendizagem
prosseguia
ampliando, com
relação a Manoel
P. de Miranda,
os horizontes do
entendimento em
torno do ser, do
seu destino, das
aflições e
alegrias que são
vividas ao largo
do processo
evolutivo. Em
todo lugar,
naquele
pavilhão, que
era apenas um
dos quatro
reservados aos
alienados
mentais que
permaneciam
vinculados às
reminiscências
terrestres e aos
seus engodos,
defrontava-se a
Lei de Causa e
Efeito no seu
mister de
disciplinar e
educar, orientar
e libertar o
Espírito das
amarras que o
jugulam às
heranças do
primarismo por
onde passa ao
largo da
vilegiatura
carnal. Novos
contatos
permitiam a
Miranda penetrar
em questões
dantes jamais
concebidas, que
fazem parte da
natureza humana
e se sediam nas
estruturas mais
complexas do ser
espiritual. A
existência
corporal é
sempre um
desafio
dignificante,
que deve ser
vivida com
elevação e
respeito pelos
postulados que
facultam o
crescimento
interior no rumo
da plenitude.
Nem todos
aqueles que se
encontram
mergulhados na
neblina carnal
dão-se conta do
alto significado
dessa concessão
superior da
misericórdia
divina. Enquanto
transcorre em
clima de júbilos
infantis sem
mais graves
compromissos,
predominam os
encantamentos,
que logo passam,
à medida que se
desenham os
exercícios de
autoaprimoramento,
de
autoiluminação
mediante o
serviço do bem,
o sacrifício das
paixões, a
renúncia às
ilusões, o
testemunho
depurador pelo
sofrimento.
Anestesiado
pelos vapores do
organismo, o
Espírito
transita sem
responsabilidade,
comprometendo-se
e despertando
para os
necessários
resgates, até
adquirir a
consciência de
si mesmo,
definindo-se,
então, pela
marcha
ascensional sem
estágios nos
patamares de
sombra e dor. O
tropismo divino
atrai-o e
fascina-o,
poderoso e
absorvente,
fazendo-o
superar os
atavismos
ancestrais e
romper as
vigorosas redes
retentivas da
retaguarda.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
22 – Lições de
sabedoria.)
218.
Importância do
auxílio ao
próximo
– O processo de
libertação é, às
vezes, penoso,
feito com suor e
lágrimas,
oferecendo, logo
depois, o prêmio
da harmonia, da
superação dos
instintos e dos
tormentos.
Empenhar-se com
acendrado
interesse por
consegui-lo deve
ser a meta de
todos nós, que
ainda nos
encontramos
vinculados aos
vícios
milenares,
prejudiciais e
asselvajados.
Ali, Miranda
tivera
oportunidade de
conhecer
abnegados
servidores
anônimos que se
encarregavam de
tarefas humildes
umas,
aparentemente
insignificantes
outras, nas
quais investiam
todo o amor e
alegria,
procurando ser
úteis,
intensificando
propósitos de
sublimação e
aguardando
confiantes o
futuro.
Espíritos que,
na Terra, haviam
envergado a
túnica do
destaque social,
mantido nas mãos
a adaga do
poder,
transitado entre
honrarias e
louvores, agora
se encontravam
mergulhados na
simplicidade por
onde recomeçavam
o
desenvolvimento
ético-moral para
a construção
superior de si
mesmos. Por
outro lado, ele
encontrara
testemunhos de
renúncia
incomparáveis,
em que almas
nobres
aguardavam a
recuperação dos
seus afetos para
somente depois
ascenderem a
planos mais
elevados e
desfrutarem de
bem-estar. O
serviço de
auxílio ao
próximo sofredor
em nome do amor,
exigindo-lhes
sacrifícios
contínuos,
possuía-lhes
significado
essencial em
detrimento das
próprias
alegrias que
adiavam, a fim
de que os seus
júbilos não se
assentassem no
esquecimento das
lágrimas que os
aguardavam para
enxugá-las.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
22 – Lições de
sabedoria.)
219.
Visita aos
enfermos e
amigos –
Um mês se havia
passado desde
que Manoel P. de
Miranda chegara
ao Hospital e
fora ali
carinhosamente
recebido. Com
esse saldo
credor na
economia dos
sentimentos, ele
dirigiu-se ao
gabinete do dr.
Inácio Ferreira,
a fim de
informá-lo de
que, no dia
imediato,
retornaria à
comunidade onde
residia, ali
prosseguindo no
desempenho das
atividades que
lhe diziam
respeito. O
médico recebeu-o
com efusão de
júbilos,
informando que
Eurípedes
Barsanulfo,
recordando-se de
que o prazo
referente ao seu
estágio
terminava,
convidava-o para
reunir-se, junto
de outros
amigos, em sua
residência, a
fim de
participarem de
um encontro
informal de
despedida, o que
ocorreria às
vinte horas
daquele mesmo
dia. Comovido
com o convite,
Miranda buscou o
amigo Alberto, a
fim de
visitarem,
juntos, os
enfermos e os
novos amigos com
os quais
travaram contato
naquele período,
deixando-lhes
exteriorizados
seus sentimentos
de gratidão e
votos de breve
recuperação das
dores pungitivas
que a alguns
excruciavam,
pórtico, porém,
das inefáveis
alegrias que os
esperavam. Eles
foram, então, ao
encontro de
Almério, que se
apresentava com
excelente
disposição
psíquica e
continuava no
atendimento aos
visitantes do
pavilhão.
Miranda
agradeceu-lhe a
gentileza com
que o houvera
recebido no
primeiro dia,
confiando-lhe a
sua história
rica de lições
e, com isso,
ajudando-o a
resguardar-se
das próprias
mazelas. Logo
mais,
restabeleceram o
contato com dr.
Leôncio, que se
conscientizava,
a cada novo dia,
com mais amplo
tirocínio dos
deveres para com
a vida e para
com si mesmo, ao
invés da
intolerância e
do radicalismo
que
invariavelmente
ocultam os
conflitos
graves, que logo
se exteriorizam
assim que surja
a oportunidade.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
22 – Lições de
sabedoria.) (Continua no
próximo número.)