Um leitor leu no jornal
Gazeta do Povo, edição
de 9/8/2016, a seguinte
frase dita, em uma
entrevista, pelo sociólogo
polonês Zygmunt Bauman:
“Democracia sem tolerância e
respeito pelo outro é um
oximoro...”
Que significa a frase
mencionada?
O sociólogo e escritor
polonês quis dizer que não
pode haver democracia sem
tolerância e respeito pelo
outro. Se tal situação
existisse em algum lugar,
estaríamos diante de um
contrassenso, de um
paradoxo.
Por que ele equiparou a
suposta situação –
democracia sem tolerância e
sem respeito pelo outro – a
um oximoro?
Oximoro
é, em verdade, uma figura de
linguagem que tem como
característica reunir, em um
texto, palavras ou ideias
contraditórias, paradoxais.
É o mesmo que paradoxismo.
Embora considerado uma
figura da retórica clássica,
um oximoro, dependendo do
contexto, pode ser
considerado um vício de
linguagem.
Diante de um texto qualquer
em que esteja presente essa
figura de linguagem, o
leitor é forçado a buscar o
sentido metafórico da frase,
providência que é
necessária, muitas vezes,
quando lemos crônicas ou
poemas, como vemos neste
texto de Carlos Drummond de
Andrade:
“A
explosiva descoberta
Ainda me atordoa.
Estou cego e vejo.
Arranco
os olhos e vejo.”
Eis alguns exemplos
clássicos de oximoro:
silêncio ensurdecedor
inocente culpa
gelo fervente
declaração tácita
guerra pacífica
doce veneno
gênio ignorante
tristemente alegre
inimigo amistoso
estudioso sem-noção
mentiroso honesto
valentia covarde
amor violento
silêncio eloquente.
*
Oximoro
é, conforme o Vocabulário
Ortográfico da Língua
Portuguesa, uma palavra
paroxítona que deve ser lida
assim: oc-si-mô-ro.
Ocorre que inúmeros
dicionários admitem também a
forma oxímoro,
proparoxítona.
Entre eles citamos o
Dicionário da Academia
Brasileira de Letras, o
Dicionário da Academia das
Ciências de Lisboa, o
Dicionário de usos do
português do Brasil, de
Francisco Borba, o
Dicionário Aulete e o
Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa.