ARNALDO DIVO RODRIGUES
DE CAMARGO
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Capivari, SP (Brasil)
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Eu conheci Chico Xavier
Em 1975, quando me casei
com a Izabel, fomos
viajar para Serra
Negra-SP e Uberaba-MG e
visitamos o Grupo
Espírita Chico Xavier,
oportunidade de conhecer
pessoalmente o
médium Chico Xavier, já
faz mais de 40 anos.
Em 1977, quando nasceu o
meu primeiro filho,
Matheus – tenho seis –,
viajamos para Uberaba e
novamente visitamos
o Chico. Fizemos
fotografias do médium,
da distribuição de
alimentos e também do
seu centro – tudo ali
era feito na maior
simplicidade; quanta
dedicação e bondade
daquele espírita
generoso!
Fui a Uberaba pela
terceira vez com um
grupo de espíritas de
Capivari e Rafard –
Dionino A. Colaneri,
Tedeschi, Gerez e Rubens
Rodrigues de Jesus.
Quando nos apresentamos
como confrades da cidade
de Capivari, ele disse:
"Da nossa querida
Tarsila do Amaral".
Nesta viagem, além dos
abraços e fotografias,
trouxemos livros com
autógrafos do Chico e a
expectativa de que ele
revisse com o poeta
Rodrigues de Abreu
alguns poemas e
mensagens psicografados
por ele e que ainda não
tinham sido publicados
em livro. Eram escritos
do poeta capivariano na
fase de iniciação de sua
mediunidade.
Infelizmente não mais
retornamos para
Uberaba-MG, e não
tivemos mais contato com
o Chico pessoalmente.
Mas o principal, para a
minha vida, não foi
conhecer o Chico, e sim
ler mais de 250 obras
das mais de 400 que ele
psicografou, de mais de
600 Espíritos, dentre
elas, do padre Manoel da
Nóbrega/Emmanuel, que eu
adoro, além de muitas
outras mensagens
recebidas por Chico
Xavier, inclusive de
capivarianos como Amadeu
Amaral, e especialmente
uma que me comove muito,
do poeta da Casa destelhada,
Rodrigues de Abreu*:
Vi-te, Senhor!
Eu não pude ver-Te, meu
Senhor,
Nos bem-aventurados do
mundo,
Como aquele homem
humilde e crente do
conto de Tolstói.
Nunca pude enxergar
As Tuas mãos suaves e
misericordiosas,
Onde gemiam as dores e
as misérias da Terra;
E a verdade, Senhor,
É que Te achavas, como
ainda Te encontras,
Nos caminhos mais rudes
e espinhosos,
Consolando os aflitos e
os desesperados...
Estás no templo de todas
as religiões,
Onde busquem Teus
carinhos
As almas sofredoras,
Confundindo os que
lançam o veneno do ódio
em Teu nome,
Trazendo a visão doce do
Céu
Para o olhar angustioso
de todas as esperanças.
Estás na direção dos
homens,
Em todos os caminhos de
suas atividades
terrestres,
Sem que eles se
apercebam
De Tua palavra
silenciosa, e
renovadora,
De Tua assistência
invisível e poderosa,
Cheia de piedade para
com as suas fraquezas.
Entretanto,
Eu era também cego no
meio dos vermes
vibráteis que são os
homens,
E não Te encontrava
pelos caminhos
ásperos...
Mocidade, alegria, sonho
e amor,
Inquietação ambiciosa de
vencer,
E minha vida rolava no
declive de todas as
ânsias...
Chamaste-me, porém,
Com a mansidão de Tua
misericórdia infinita.
Não disseste o meu nome
para não me ofender;
Chamaste-me sem
exclamações lamentosas,
Com o verbo silencioso
do Teu amor,
E antes que a morte
coroasse a Tua
magnanimidade para
comigo,
Vi que chegavas
devagarinho,
Iluminando o santuário
do meu pensamento
Com a Tua luz de todos
os séculos!
Falaste-me com a Tua
linguagem do Sermão da
Montanha,
Multiplicaste o pão das
minhas alegrias
E abriste-me o Céu, que
a Terra fechara dentro
de minh'alma...
E entendi-Te, Senhor,
Nas Tuas maravilhas de
beleza,
Quando Te vi na paz da
Natureza,
Curando-me com a Dor.
(*) POETA nascido
em Capivari, São Paulo,
a 27 de setembro de
1897, e desencarnado,
tuberculoso, em
Bauru-SP, aos 24 de
novembro de 1927.
Publicou Noturnos, Sala dos
passos perdidos e Casa destelhada, além
de inúmeros trabalhos
esparsos na imprensa do
nosso Estado. Foi
cognominado “o poeta
triste das rimas
róseas”.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é editor da
Editora EME e
corresponsável pela
clínica de tratamento de
álcool e drogas Nova
Consciência, em
Capivari.