Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro Obras Póstumas, publicado depois da desencarnação de Allan Kardec, mas composto com textos de sua autoria. O presente estudo baseia-se na tradução feita pelo Dr. Guillon Ribeiro, publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.
Questões para debate
174. Antes da publicação d´O Livro dos Espíritos, Zéfiro fez a Kardec um anúncio importante. Onde e quando isso ocorreu?
175. A ideia de publicação da Revista Espírita surgiu quando?
176. Quando surgiu a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas?
177. Sobre o papel do Espiritismo nos destinos do globo os Espíritos chegaram a fazer alguma previsão?
Respostas às questões propostas
174. Antes da publicação d´O Livro dos Espíritos, Zéfiro fez a Kardec um anúncio importante. Onde e quando isso ocorreu?
Foi em 17 de janeiro de 1857 na casa do Sr. Baudin. Na mensagem, Zéfiro falou primeiro sobre O Livro dos Espíritos, que já se encontrava no prelo, e depois lhe deu vários conselhos: “Não exageres nada; vê e aprecia tudo sadia e friamente; mas não te deixes arrastar pelos entusiastas e os muito apressados; calcula todos os teus passos e todas as providências a fim de chegarem infalivelmente. Não creias mais do que não vês: não vires a cabeça para o que te pareça incompreensível; disso saberás mais do que um outro, porque se te colocarão os assuntos de estudo sob os olhos. Mas, ai! a verdade não será ainda conhecida, nem acreditada, por todos, antes de muito tempo!” Em seguida, aduziu: “Não verás, nesta existência, senão a aurora do sucesso de tua obra; será necessário que retornes, reencarnado num outro corpo, para completar o que tiveres começado, e, então, terás a satisfação de ver, em plena frutificação, a semente que tiveres difundido sobre a Terra. Terás invejosos e ciumentos que procurarão te denegrir e contrariar; não te desencorajes; não te inquietes com o que se dirá ou se fará contra ti; prossegue tua obra; trabalha sempre pelo progresso da Humanidade, e serás sustentado pelos bons Espíritos enquanto perseverares no bom caminho”.
Em comentário acerca desta mensagem, Kardec fala sobre Zéfiro e confirma que esse Espírito desapareceu com a dispersão da família Baudin, pois lhe havia dito que ele, Zéfiro, logo deveria reencarnar. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Anúncio de uma nova encarnação.)
175. A ideia de publicação da Revista Espírita surgiu quando?
A ideia proposta por Kardec foi apresentada no dia 15 de novembro de 1857 na casa do Sr. Dufaux. O Espírito que se comunicou por intermédio de Ermance Dufaux incentivou-o a levar a ideia adiante, agindo com ou sem o concurso do Sr. Tiedeman, um amigo mencionado pelo professor. Quanto ao conteúdo da Revista, ele aconselhou que Kardec procurasse, inicialmente, satisfazer à curiosidade, mas unindo, ao mesmo tempo, o sério e o agradável. O sério para interessar aos homens de ciência, e o agradável para divertir o vulgo. Esta parte é essencial, mas a outra é a mais importante, porque sem ela o periódico não teria fundamento sólido. Em uma palavra, era preciso evitar a monotonia pela variedade, reunir a instrução sólida ao interesse, e isso seria, para todos os trabalhos ulteriores, um poderoso auxiliar.
Diz Kardec que logo se apressou em redigir o primeiro número, que apareceu em janeiro de 1858, sem disso nada ter dito a ninguém. A Revista não tinha um único assinante e ele, nenhum sócio capitalista. A partir de 1º de janeiro, os números se sucederam sem interrupção, e, como o Espírito previra, esse jornal se lhe tornou um poderoso auxiliar. (Obras Póstumas – Segunda Parte – A Revista Espírita e a Sociedade Espírita de Paris.)
176. Quando surgiu a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas?
Sua fundação ocorreu em 1º de abril de 1858. Kardec explica como foi a origem da Sociedade. Ele realizava então em sua casa, na Rua dos Martyrs, uma reunião de que participavam alguns adeptos, todas as terças-feiras. O principal médium era a Srta. Dufaux. Embora o local não pudesse conter senão entre 15 e 20 pessoas, às vezes nele se encontravam até 30. As reuniões ofereciam um grande interesse pelo seu caráter sério e pela alta importância das questões que ali eram tratadas, e frequentemente viam-se ali príncipes estrangeiros e outras personalidades distintas. O local, pouco cômodo pela sua disposição, em pouco tempo tornou-se muito exíguo. Alguns dos frequentadores propuseram, então, cotizar-se para alugar um mais conveniente; mas, para isso, era necessário ter uma autorização legal, a fim de evitar problemas com as autoridades francesas. O Sr. Dufaux, que conhecia pessoalmente o Prefeito de polícia, encarregou-se de pedi-la. A autorização dependia também do Ministro do Interior, o general X..., que era, sem que eles soubessem, simpático às ideias espíritas. A autorização, que demoraria em situação normal três meses, foi obtida em quinze dias. A Sociedade foi, então, regularmente constituída e passou a se reunir todas as terças-feiras no local que alugara no Palais Royal, galeria de Valois, onde permaneceu um ano, de 1º de abril de 1858 a 1º de abril de 1859. Não podendo permanecer ali por mais tempo, passou a reunir-se todas as quartas-feiras num dos salões do restaurante Douix, no Palais Royal, galeria Montpensier, de 1º de abril de 1859 a 1º de abril de 1860, época em que ela se instalou em um local próprio, na Rua e Passagem Sainte Anne, 59. (Obras Póstumas – Segunda Parte – A Revista Espírita e a Sociedade Espírita de Paris.)
177. Sobre o papel do Espiritismo nos destinos do globo os Espíritos chegaram a fazer alguma previsão?
Sim. Uma delas se deu em 15 de abril de 1860, em Marselha, por intermédio do médium Georges Genouillat. Eis o que diz a mensagem: “O Espiritismo está chamado a desempenhar um papel imenso sobre a Terra; será ele que reformará a legislação tão frequentemente contrária às leis divinas; será ele que retificará os erros da história; será ele que reconduzirá a religião do Cristo que, nas mãos dos sacerdotes, se tornou um comércio e um vil tráfico; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma batina, ou no escadote de um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo, aos quais certos homens foram levados pelos abusos daqueles que se dizem os ministros de Deus, mas pregam a caridade com uma espada na mão e sacrificam à sua ambição, e ao espírito de dominação, os direitos mais sagrados da Humanidade”. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Futuro do Espiritismo.)