Como vimos na edição
anterior, os pronomes
oblíquos átonos podem
ocupar, com relação ao
verbo, três posições, a
saber:
1) antes do verbo – fato
chamado de próclise;
2) no meio do verbo –
circunstância chamada de
mesóclise;
3) depois do verbo – o que é
chamado de ênclise.
Vistas as normas relativas à
próclise, hoje falaremos
sobre a ênclise,
palavra originária do grego
énklisis, 'inclinação', que
designa o fenômeno pelo qual
se incorpora, na pronúncia,
um vocábulo átono ao que o
precede.
Exemplos:
Vi um belo presente e
comprei-o.
A criança deixou-se
levar.
Gabando-se
do seu feito, o orador fez
um longo discurso.
O soldado feriu-se no
combate.
Eis os casos em que a
ênclise é recomendada:
1) no início de frase,
visto que não se deve
iniciá-la com pronome
oblíquo átono:
Foi-se o ano.
Vou-me embora.
Mudamo-nos hoje.
Inicia-se neste domingo a
semana espírita.
2) com o imperativo
afirmativo não precedido
de palavra atrativa:
Neste domingo levantemo-nos
antes das 7 horas.
A partir de amanhã
recolham-se cedo.
Todos os dias vistam-se a
caráter.
3) com o gerúndio não
precedido de palavra
atrativa ou da preposição
em:
João aceitou o cargo,
tornando-se ainda mais
ocupado.
Maria declinou do convite
dizendo-se sem condições de
aceitá-lo.
O deputado saiu fazendo-se
de vítima.
4) com o infinitivo
impessoal:
Jamais quisemos ferir-te.
Minha intenção era poupá-lo,
nada mais.
Tivemos receio de
incomodá-lo.
Observações:
a) com o infinitivo
impessoal precedido de
preposição, tanto faz
usar a ênclise quanto a
próclise:
Gostaria de cumprimentar-te.
Gostaria de te cumprimentar.
b) com o infinitivo
impessoal precedido de
palavra atrativa, é também
indiferente a ênclise quanto
a próclise:
Paulo encontrou um modo de
não se aborrecer.
Paulo encontrou um modo de
não aborrecer-se.