Foi perguntado ao Chico:
- Manter o coração
disponível à caridade
configura um estágio
evolutivo superior ao
daquele que dá ocasional,
mas prazerosamente, um óbolo
ao necessitado?
Chico: A espontaneidade na
prática do Bem evidencia
sempre mais altos degraus na
maturidade espiritual da
criatura. Auxiliar os
outros, por si mesmo, será
compreensão, enquanto que a
mesma atitude, por
disciplina, em muitos casos,
será constrangimento,
considerando-se, porém, que
a obediência é sempre
louvável.
-
Entre a vontade-prazer e a
vontade de servir ao
próximo, há outro caminho
viável além de Cristo?
Chico: Caro amigo, não sei
se entendi corretamente a
sua pergunta, mas creio que
Deus concedeu a todos os
povos do mundo caminhos
espirituais para transformar
a vontade de simples prazer
em vontade de cultivar
permanentemente o prazer de
servir ao próximo; no
entanto, a Providência
Divina nos apresenta em
Jesus Cristo o caminho mais
alto e mais seguro para
isso.
- Chico, sempre que leio as
afirmações, teses e
construções materialistas
dos cientistas do nosso
mundo, me lembro da célebre
expressão de Santo
Agostinho: “Que absurdo não
crer”. Não te ocorre isto
também?
Chico: A fé opera
maravilhas!
- No seu entender, qual a
fórmula de ouro que nos
permitiria ou nos permitirá
viver relativamente felizes
neste mundo?
Chico: Caro amigo, estamos
certos de que não existe
outra fórmula mais exata
para sermos felizes, além da
«regra de ouro” iluminada
pela mensagem do Cristo:
«Amai-vos Uns aos Outros,
Tal Qual Vos Amei.”
*
Na primaveril manhã de céu
delirantemente azul, Chico
Xavier peregrinava junto aos
enfermos num bairro muito
simples de Uberaba.
Escolhida a casa, todas de
gente humilde e sofrida,
Chico pedia a um dos
confrades do grupo que
fizesse a prece em voz alta
ou em silêncio, conforme o
ambiente espiritual que ele
divisava. E assim
sucessivamente de lar em
lar!
Certa ocasião aproximou-se
do grupo uma senhora de
meia-idade, a fisionomia
espelhando visível angústia
e inconformidade com a vida,
e ela disse ao médium: -
Chico, meu marido se
entregou à bebida e me bate
quando reclamo das
bebedeiras. Há um ano que
isto acontece e não aguento
mais.
Chico olhou-a
compassivamente e lhe disse:
Minha irmã, a caridade
quebra a violência. O mal um
dia será vencido pelo bem.
Com Deus vamos em frente,
irmã!
Do livro “Lições de
sabedoria” , de Marlene
Rossi Severino Nobre.
|