ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP
(Brasil)
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Poderosa ação!
Impressionante a
atualidade e grandeza do
texto que Allan Kardec
publicou em O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
capítulo XXVII, no
subtítulo Ação da
Prece.
Transmissão do
Pensamento. Para
estudo individual ou em
grupo, para apresentação
em palestras ou
seminários ou para
embasamento de compactas
ou longas abordagens, o
texto é uma preciosidade
e aborda a poderosa ação
da prece e da
transmissão do
pensamento.
O codificador inicia com
a valiosa informação de
que “as preces dirigidas
a Deus são ouvidas pelos
Espíritos encarregados
da execução das suas
vontades (...)”, após
ponderar que a prece
coloca um ser em
comunicação mental com
outro ser a quem se
dirige, não importando
se esteja encarnado ou
já tenha deixado o corpo
pela desencarnação.
O caminhar didático do
texto é suave, leve,
proporcionando como que
uma aula útil e muito
agradável para se
aprender o mecanismo de
transmissão do
pensamento na
comunicação entre os
seres. Para isso faz uma
comparação notável para
entendermos a questão:
“(...) é preciso
mentalizar todos os
seres, encarnados e
desencarnados,
mergulhados no fluido
universal que ocupa o
espaço, como o somos,
neste mundo, na
atmosfera. Esse fluido
recebe um impulso da
vontade; é o veículo do
pensamento, como o ar é
o veículo do som, com a
diferença de que as
vibrações do ar são
circunscritas, enquanto
que as do fluído
universal se estendem ao
infinito. (...)”. O que
ocorre, portanto, é que
“(...) estabelece-se uma
corrente fluídica de um
para o outro,
transmitindo o
pensamento, como o ar
transmite o som. (...)”.
A prece tem poderosa
ação porque por ela
atraímos o concurso dos
bons Espíritos, que nos
sustentam nas boas
resoluções e nos
inspiram bons
pensamentos,
possibilitando-nos
adquirir as forças
morais para superação
das dificuldades. Não
usá-la, conforme
raciocínio de Kardec, é
renunciar, para si mesmo
e a outros o bem que se
lhes pode fazer, à
assistência que todos
podemos receber da
Bondade Divina.
E há uma advertência
expressiva no texto, com
outras palavras e outro
exemplo, mas que se pode
resumir no exemplo de
adversidades ou doenças
que podemos enfrentar,
fruto ou não de
excessos: temos o
direito de reclamar? E
conclui a resposta de
Kardec: “(...) Não,
porque poderia encontrar
na prece a força para
resistir às tentações
(...)”. E podemos
acrescentar, inclusive,
à tentação da reclamação
ou dos lamentos da
revolta.
O texto ocupa três
páginas do capítulo, com
sábias reflexões. Deixo
ao leitor ir à fonte
original para o prazer
dessa leitura do sábio e
profundo texto. Mas
concluo com dois
pensamentos importantes
ali expressos, para
ampliar a reflexão de
todos nós:
a)
No item 13: “Acedendo ao
pedido que lhe é
dirigido, Deus,
frequentemente, tem em
vista recompensar a
intenção, o devotamento
e a fé àquele que ora,
eis porque a prece do
homem de bem é mais
meritória aos olhos de
Deus, e sempre mais
eficaz, porque o homem
vicioso e mau não pode
orar com o fervor e a
confiança que só são
dados pelo sentimento da
verdadeira piedade. Do
coração do egoísta,
daquele que ora com os
lábios, não podem sair
senão palavras, mas não
os impulsos da caridade
que dão à prece todo o
seu poder. (...)”;
b)
No item 15: “O poder da
prece está no
pensamento; ela não se
prende nem às palavras,
nem ao lugar, nem ao
momento em que é feita.
Pode-se, pois, orar em
toda parte, em qualquer
lugar, a qualquer hora,
sozinho ou em comum.
(...)”.
Recomendo, com ênfase,
ao leitor, ler o texto
integral, até para
ampliar o assunto a
respeito da prece com
comum, reunindo várias
pessoas e seu
extraordinário poder,
mas também para tocar
num ponto muito comum
nos relacionamentos
humanos, quando ouvimos
alguém pedir: “Ah! Ore
por mim!”. A lucidez de
Kardec se faz presente:
“(...) Isso é tão
compreensível, que, por
um movimento instintivo,
a pessoa se recomenda de
preferência às preces
daqueles nos quais se
percebe que a conduta
deve ser agradável a
Deus, porque são mais
ouvidos”.
O fato principal,
contudo, fica no
raciocínio de que diante
das dificuldades todas
que possamos atravessar,
das adversidades muitas
vezes inevitáveis, é
preciso lembrar, entre
outras situações de
“(...) Se não
ultrapassarmos o limite
do necessário na
satisfação das nossas
necessidades, não
teremos as doenças que
são consequências dos
excessos, e as
vicissitudes que essas
doenças ocasionam. Se
colocarmos limite à
nossa ambição, não
teremos a ruína. Se não
quisermos subir mais
alto do que podemos, não
temeremos cair. Se
formos humildes, não
sofreremos as decepções
do orgulho humilhado. Se
praticarmos a lei da
caridade, não seremos
nem maldizentes, nem
invejosos, nem
ciumentos, e evitaremos
as querelas e as
dissensões. Se não
fizermos mal a ninguém,
não temeremos as
vinganças etc. (...)”.
A prece é o grande
recurso contra esses
males que ainda nos
sondam os passos.