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Passado: patrimônio
precioso
Preservar a memória
espírita é essencial,
mas são
muitos os
desafios a serem
superados
Em uma tarde chuvosa e
fria na cidade de São
Paulo, dirigentes de
instituições espíritas
da capital e região
estiveram presentes ao
“Diálogo da USE Regional
São Paulo”, cujo tema
proposto para a ocasião
foi “Preservando a
Memória Espírita”.
Trata-se de uma
iniciativa que tem por
objetivo promover
discussões sobre
assuntos relevantes para
os que estão na
liderança espírita,
tornando o ambiente de
reunião mais produtivo e
dinâmico.
Sob o comando de
Jeferson Betarello
(Mestre em Ciências da
Religião, pela PUC/SP,
pesquisador, escritor e
membro do departamento
de orientação
doutrinária da Regional
SP), o debate foi aberto
com a constatação de que
“o registro de
acontecimentos
importantes na história
do Espiritismo é
essencial para
entendermos a nossa
trajetória através do
tempo, quais os
obstáculos enfrentados e
a decisões tomadas”,
conforme afirmou
Betarello.
Para tanto são muitas as
fontes que podemos
utilizar para a coleta
de informações passadas,
assim como para registro
da história que nós
|
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próprios
estamos
produzindo.
Entre
elas
podemos
destacar:
atas de
reuniões,
fotos,
banners,
convites,
folders,
livros,
jornais,
revistas,
sites,
vídeos,
entrevistas.
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Vitrine
de
livros
sugerida |
Luzi Caccacci,
integrante da USE
Distrital Brás, uma das
mais antigas do estado
paulista, lembrou a
responsabilidade de quem
redige a ata: “é
preciso ter consciência
de que a ata é um
documento e, como tal,
deve retratar fielmente
o que foi discutido nas
reuniões”. A partir
dessa colocação, outras
pessoas presentes
frisaram a importância
de uma ata bem redigida,
com conteúdo condizente
com o que foi tratado,
mas lembraram que os
demais dirigentes, que
leem o documento, também
são responsáveis para
que ela exprima a
verdade da reunião,
devendo avisar o redator
sobre eventuais
correções a serem
feitas.
Os desafios do registro
de memória
As fotos também foram
motivo de amplo debate,
uma vez que muitas delas
foram guardadas sem
legendas que informem
qual o acontecimento, a
data e o local em que
ocorreu, quais as
pessoas na foto (nome,
função, instituição,
etc.). Tais dados devem
constar no verso das
fotografias, escritas
sobre uma etiqueta
autocolante, evitando
marcar a foto – as fotos
digitais não dispensam
esses mesmos cuidados.
Memórias pessoais também
são fonte muito ricas de
informações, porém nem
sempre são devidamente
registradas. “Muitos
companheiros, pela
participação e pelo
tempo de dedicação às
instituições, são fonte
de conhecimento
precioso. Precisamos
entrevistá-los,
registrar suas memórias
para a posteridade,
antes que elas se percam”,
lembra Jeferson.
Em tempos de tecnologia
também precisamos ficar
atentos quanto à
obtenção e registro de
fontes. Muitas
publicações atualmente
encontram-se apenas no
meio digital, o que é
bastante positivo, desde
que haja o cuidado de
guardarmos e
catalogarmos o material,
facilitando a busca em
eventuais pesquisas
futuras. Dependendo da
importância e da
disponibilidade, pode-se
manter um acervo de
papel para pesquisa de
quem não possui acesso
digital (muito raro, mas
não impossível de
ocorrer).
Todos foram unânimes em
afirmar que preservar a
história é essencial,
porém há muitos desafios
a serem superados. O
primeiro deles é
cultural e não é
exclusivo do meio
espírita: no geral, o
brasileiro não tem o
hábito de preservar sua
memória e costuma
desprezar o que é
considerado “velho”.
Faz-se necessário,
portanto, sensibilizar
os dirigentes espíritas
quanto à importância da
preservação histórica e
instituir responsáveis
para essa tarefa,
preparando-os
adequadamente para o bom
desempenho da função. A
fase seguinte é a busca
de materiais que poderão
fazer parte do acervo
(incluindo a memória
oral), identificação de
cada item coletado e
considerado importante
para o centro de memória
e classificação
(interesse geral,
interesse restrito,
interesse para
pesquisadores, etc.).
Por fim, vem o
armazenamento correto e
seguro do acervo
(essencial para
preservação) e a
divulgação de conteúdo –
tanto para o público da
própria instituição,
quanto para o público
externo.
Exemplos que merecem ser
divulgados
Jeferson Betarello
destacou que os cuidados
com a preservação da
memória espírita é algo
relativamente novo, mas
citou alguns exemplos
que considera
importantes.
O primeiro deles são as
secretarias das
instituições espíritas,
onde são armazenadas
atas, estatutos,
periódicos e outros
materiais que constituem
a memória do local e do
meio espírita.
Bibliotecas Espíritas
também podem ser espaços
interessantes e, entre
elas, destacou a
Biblioteca Espírita
Fonte de Luz, da USE
São Paulo, comandada há
16 anos por Etevaldo
Souza (com apoio de uma
equipe de voluntários),
onde é possível
encontrar obras raras.
Um dos maiores locais
destinados à memória do
Espiritismo é o
Centro de Cultura,
Documentação e Pesquisa
do Espiritismo Eduardo
Carvalho de Monteiro,
na zona sul de São
Paulo. Iniciado com o
acervo do pesquisador
espírita Eduardo
Carvalho, o CCDPE
costuma receber
materiais de doadores
diversos, inclusive de
outros estados, o que
vem consolidando-o como
um dos maiores espaços
históricos da Doutrina
Espírita.
O Museu Espírita da
Lapa, na zona oeste,
é outro local destinado
à cultura espírita e
conta com obras raras,
jornais, revistas, entre
outros. Finalizando os
exemplos, foi citada a
Galeria Espírita
Vasículo Gomes, do
Centro Espírita
Gabriel Ferreira
(zona norte da capital),
com um acervo que inclui
livros raros, réplica da
mesa pé de galo e da
prancheta de bico (ambas
usadas no início da
Codificação),
fotografias, biografias
dos participantes da
instituição, móveis e
outros itens.
Ao final do diálogo
todos perceberam que há
muito a ser feito para a
preservação da memória
espírita. Nesse sentido,
a Regional São Paulo
criou o projeto
“Memórias” e vem
coletando informações
das instituições da
capital e região,
incluindo entrevista com
lideranças mais antigas.
Um dos maiores
destaques, sem dúvida
alguma, fica por conta
da digitalização de
todas as edições do
jornal Unificação,
criado no final dos anos
40 para ser o órgão
oficial da USE.
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Participantes
da
Oficina |
Esse rico material
histórico, em breve,
estará à disposição de
todos através do site da
Regional São Paulo.
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