Lutemos servindo
Izabel Cintra
Na Terra, tudo é
realmente
frágil, escuro,
ilusório, com
exceção do amor
com que nos
unimos diante da
vida.
Poucas coisas
podemos retirar
do mundo com a
desencarnação e,
dentre os raros
tesouros que
trazemos, a
amizade pura é
um deles. E,
nesses fios de
luz que nos
imantam as almas
ao mesmo
objetivo,
continuamos na
comunhão de
todos os dias.
Nas tempestades
do coração,
conhecemos a
grandeza do
ideal que nos
sustenta e, com
o suave alimento
da esperança,
obtemos a graça
de prosseguir
caminhando...
Quando já nos
despojamos da
pesada armadura
dos ossos, a dor
bem vivida e bem
aceita,
iluminada ao
clarão da
confiança no
Céu, está cheia
de uma beleza
misteriosa – a
beleza dos que
encontram o
acesso ao plano
superior, por
intermédio das
lágrimas
vertidas sobre o
coração, à
maneira de
chamas que
purificam o
espírito
imperecível.
O sentimento
aqui é, antes de
tudo, o nosso
clima. Se
realizarmos o
que o pensamos,
pensamos o que
sentimos.
Por mais se
acentuem as
claridades do
grande roteiro,
nós, as mães,
não nos sentimos
animadas ao
grande avanço.
Permanecemos na
condição da ave,
que deve limitar
os voos, a fim
de não perder o
próprio ninho.
Os apelos do
Alto são grandes
e fascinantes. É
a missão mais
ampla a
convidar-nos a
mais vasto raio
de ação.
É o painel dos
mundos felizes,
que se descerra
magnificamente
aos nossos
olhos. São as
imensas
sugestões do
serviço que nos
conclamam a
maiores círculos
de atividades.
Entretanto, a
fé, por mais
sublime, não nos
libera o
coração.
Os filhos são
doces algemas de
nossa alma. E,
por isso,
procuramos viver
ao lado de
nossos antigos
tutelados – os
sofredores e os
aflitos – de
modo a
sustentar-nos ao
pé dos entes
queridos, que
precedemos na
grande viagem.
Difícil
expressar-nos
com respeito às
nossas
esperanças.
Todas as mães,
ainda mesmo além
da morte, sonham
com divinas
realizações para
aqueles que se
lhes anexaram ao
destino, na
posição de
rebentos dos
seus próprios
sonhos.
Continuamos
dessa forma
trabalhando e
amando sempre.
O prêmio da
Bondade Divina
aos poucos e
insignificantes
grãos de boa
vontade, que
semeamos na
gleba do mundo
carnal,
transcende o
nosso
entendimento.
Em razão disso,
a nossa primeira
sensação, na
esfera
espiritual, é de
acanhamento e
vergonha.
Reconhecemos que
a nossa incúria
olvidou sublimes
oportunidades na
Terra. As faltas
por omissão doem
profundamente em
nosso espírito.
Desejaríamos
voltar e mais
fazer, no
entanto, o
ensejo passou,
guardamos na
nossa alma,
quase sempre, a
atitude do
servidor que
perdeu a enxada,
perante os dias
mais
promissores.
Muitas vezes,
teremos a honra
de ser
condecorada com
a incompreensão
e com a dor.
Nossos recursos
cerebrais serão
gastos na grande
luta. Vermos, de
perto, os
monstros da
sombra, que nos
perseguirão a
tranquilidade.
Peregrinaremos
na triste
estrada de
obstáculos
sentimentais, os
mais variados,
muita vez,
depois de
grandes e longas
aspirações,
laboriosamente
sustentadas...
Mas rendemos
graças ao Senhor
por não havermos
desanimado na
luta
purificadora.
Quando
encontramos a
lama, não
receemos. Há
pântanos que
fornecem adubo.
Muito vale a dor
pela causa que
esposamos.
Espiritismo bem
sentido e bem
vivido é luz que
nos compete
estender. E
quanto mais
extensa se fizer
a nossa tarefa,
maior será a
nossa família,
perante a
Eternidade.
Não nos
prendamos aos
laços pequeninos
com que o
sofrimento
procura
acorrentar-nos
ao campo
inferior.
Libertemos nosso
coração, cada
vez mais, usando
os recursos do
Cristo, o Nosso
Divino Amigo.
Não nos
confiemos ao
trabalho de
discutir a
consideração e o
reconhecimento
daqueles que
amamos na Terra.
O socorro de
Deus basta-nos à
felicidade
pessoal.
Não acreditemos
que a nossa paz
venha do
concurso dos
outros, porque,
na realidade,
somente nós
mesmos detemos,
no centro da
própria alma, a
fonte de luz
capaz de
aquietar-nos o
espírito, na
senda redentora.
Desdobremo-nos,
no serviço a
todos. Somente o
trabalho e a
caridade são as
forças vivas do
Céu a nos
ampararem no
mundo.
Devemos
infinitamente e
a carne é o
manto amigo e
providencial que
nos conserva a
oportunidade de
tudo pagar e
tudo redimir, em
nome de Jesus,
nosso Mestre e
Senhor.
Lutemos
servindo,
valorosamente,
até o fim.
Do livro
Cartas do
Coração,
obra mediúnica
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier.