Sexo e Obsessão
Manoel
Philomeno de Miranda
(Parte 10)
Damos sequência ao
estudo metódico e sequencial do livro Sexo
e Obsessão,obra de autoria de Manoel
Philomeno de Miranda, psicografada por
Divaldo P. Franco e
publicada originalmente em 2002.
Questões preliminares
A. O diálogo entre o doutrinador e o
obsessor do padre foi difícil?
Muito difícil. Assim que o Espírito se deu
conta do que ocorria, rugiu, raivoso, e, ao
mesmo tempo, tentou desembaraçar-se dos
fluidos que o retinham ligado ao perispírito
do médium em transe. Felipe, o doutrinador,
inspirado pelo ativo Mentor, elucidou que
não se tratava de uma armadilha, mas de um
encontro muito feliz, por ser aquela a Casa
de Jesus, onde o amor tinha primazia e os
visitantes eram recebidos como verdadeiros
irmãos. Blasfemando e espumando de cólera, o
comunicante inquiriu: “Sabe quem eu sou e o
que faço? Por acaso se atrevem a interferir
em meus planos que se encontram dentro das
Leis da Vida? Sou vítima, que ora se compraz
em recuperar o tempo sofrido, impondo a
adaga da justiça sobre aquele que me
infelicitou, aguardando apenas o momento
para aplicar-lhe o golpe final”. Vê-se por
aí quão difícil seria a continuidade da
doutrinação. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
B. Qual era, em verdade, o objetivo
principal do obsessor?
O que ele pretendia era tornar um inferno a
vida do padre e, assim, levá-lo à morte,
seja por meio do suicídio ou por qualquer
outra forma, como ele claramente afirmou nos
seguintes termos: “O certo é que o matarei,
senão de imediato, ao primeiro ensejo”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
C. A fisionomia do obsessor era compatível
com seu estado psicológico?
Sim. Desde o momento em que o viu pela
primeira vez, chamou a atenção de Manoel
Philomeno a sua fácies deformada, o conjunto
de aberrações expostas e o aspecto de lesma
disforme, viscoso e tresandando odores
pútridos. Agora, durante a doutrinação,
imantado fortemente ao perispírito do
médium, mais se podiam perceber os detalhes
da deformação que lhe tomara o ser ante os
desmandos e práticas absurdas a que se
entregava. O seu psiquismo, concentrado nas
funções sexuais servis, havia criado na sua
estrutura perispiritual uma forma degenerada
que traduzia seus conflitos e torpezas.(Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
Texto para leitura
47. O
obsessor é conduzido à sessão espírita –
Na dúvida acerca da conduta do padre Mauro,
a diretora do Educandário, após muitas
reflexões, resolveu aguardar os
acontecimentos futuros, tal como os
benfeitores desejavam. Enquanto isso,
naquela mesma noite, o Benfeitor
providenciara atrair o obsessor do sacerdote
à atividade mediúnica de socorro, na
Instituição em que Manoel Philomeno se
alojava. À hora regulamentar da Instituição,
os membros da equipe socorrista reuniram-se
como de hábito para a atividade da noite.
Tratava-se de um grupo bastante harmonizado,
qual uma orquestra bem treinada sob a batuta
de devotado trabalhador da Causa Espírita, o
amigo Felipe, que militava nos seus diversos
labores há algumas décadas, e que se
afeiçoara, especialmente, ao ministério da
psicoterapia com desencarnados infelizes.
Após as leituras preparatórias e os
comentários breves que antecederam a oração
de abertura dos serviços espirituais, a
Mentora da Instituição trouxe palavras
sucintas de orientação em torno dos
trabalhos terapêuticos que teriam lugar
naquela noite, e alguns dos médiuns,
recolhidos em prece, a pouco e pouco
entraram em transe, facultando que as
comunicações dos Espíritos sofredores uns,
atormentados outros, tivessem lugar. O
médium Ricardo havia-se destacado pela
facilidade da ocorrência dos fenômenos da
psicofonia e da psicografia. Adestrado pelo
estudo e prática da mediunidade com Jesus,
era sensível e gentil aos apelos do Mundo
Maior, jamais se recusando ao serviço de
esclarecimento e de caridade para com os
Espíritos infelizes. Quanto ao adversário de
Mauro, desde que fora deslocado do organismo
do sacerdote, ficara emaranhado nas
vibrações do irmão Anacleto que o retinham,
embora disso não se desse conta. Planejada a
ação do Bem, o servidor de Jesus
concentrou-se fortemente no desditado
espiritual e trouxe-o, face à imantação
psíquica, ao reduto da caridade evangélica,
aproximando-o do médium Ricardo, que lhe
pressentiu a vibração, deixando-se
incorporar embora o visitante não o
desejasse. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
48. A
doutrinação se inicia, mas é muito difícil –
Ato contínuo, entre estremecimentos e
reações compreensíveis, o agressor
desnaturado, dando-se conta do que ocorria,
rugiu, raivoso, com dificuldade verbal para
expressar-se: “Que trama é esta? Que se
passa? Que se deseja de mim?”
Concomitantemente, procurava desembaraçar-se
dos fluidos que o retinham ligado ao
perispírito do médium em transe, que se
entregara totalmente ao fenômeno da
psicofonia atormentada. O irmão Felipe,
muito sereno, inspirado pelo ativo Mentor,
elucidou que não se tratava de uma
armadilha, mas de um encontro muito feliz,
por ser aquela a Casa de Jesus, onde o amor
tinha primazia e os visitantes eram
recebidos como verdadeiros irmãos, que
realmente o eram. Blasfemando e espumando de
cólera, o indigitado comunicante inquiriu:
“Sabe quem eu sou e o que faço? Por acaso se
atrevem a interferir em meus planos que se
encontram dentro das Leis da Vida? Sou
vítima, que ora se compraz em recuperar o
tempo sofrido, impondo a adaga da justiça
sobre aquele que me infelicitou, aguardando
apenas o momento para aplicar-lhe o golpe
final”. Sem perder a serenidade, o
doutrinador ripostou: “Sentimo-nos muito
felizes por recebê-lo, sendo informado dos
seus objetivos, que lealmente ignorávamos.
Discordamos, porém, que o processo de que se
utiliza para o desforço se encontre dentro
dos Códigos Superiores, porque o amor é o
único instrumento para regularizar todas as
situações penosas e infelizes da trajetória
humana. Desde que o amigo é vítima, desfruta
de uma situação privilegiada, porquanto o
algoz é sempre o infeliz que desacata o
Estatuto Divino e passa, a partir desse
momento, a experimentar-lhe os impositivos
reparadores, não cabendo a ninguém o direito
de vingança, que é sempre um ato de
inferioridade moral”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
49. O
objetivo do obsessor é levar Mauro à morte –
Diante das palavras do esclarecedor, o
obsessor de Mauro replicou: “Como aguardar
que as Leis se cumpram, se elas estão
fixadas em nossos sentimentos? Aquele que me
infelicitou fez o mesmo a muitas outras
vidas que ora estorcegam na agonia, enquanto
o miserável mistifica em nome da Religião,
na qual esconde a indignidade para dar
prosseguimento aos seus infames propósitos.
É claro que o inspiro à continuidade, porque
isso também me satisfaz, e, nos momentos do
seu desprendimento pelo sono, arrebato-o
para a cidade onde resido com outros, e onde
ele se compraz no deboche e na exaustão dos
sentidos. Já nem sei se o odeio ou se me
agrada o conúbio com a sua degradação”. O
doutrinador reafirmou: “O amigo não está
sendo sincero com a verdade. Certamente
reconhece que os semelhantes se atraem,
enquanto os contrários se repelem, o que
constitui uma das leis da Vida. O mesmo
ocorre entre as criaturas, que sempre se
unem ou se afastam em razão das afinidades
que vicejam entre elas. Se o amigo-irmão tem
tal postura ante a sua vítima, é porque a
sua não é uma situação diferente da que ele
mantém. Quanto a levá-lo para o lugar em que
se refugia, o fato ocorre em razão da mente
distorcida e vulgar que o outro cultiva,
preservando a morbidez e a intemperança, sem
o que lhe seria totalmente inviável o êxito
do que pretende”. O obsessor afirmou, então,
feroz: “O certo é que o matarei, senão de
imediato, ao primeiro ensejo”.(Sexo e
Obsessão, capítulo 6: Socorros espirituais.)
50. O
obsessor tinha a fácies deformada –
Desde o primeiro momento, quando do encontro
com o perverso inimigo de Mauro, chamou a
atenção de Manoel Philomeno a sua fácies
deformada, o conjunto de aberrações expostas
e o aspecto de lesma disforme, viscoso e
tresandando odores pútridos. Imantado
fortemente ao perispírito do médium
sensível, mais se podiam perceber os
detalhes da deformação que lhe tomara o ser
ante os desmandos e práticas absurdas a que
se entregava. O seu psiquismo, concentrado
nas funções sexuais servis, havia criado na
sua estrutura perispiritual uma forma
degenerada que traduzia os seus conflitos e
torpezas. Sentindo-se fortemente aprisionado
nos tecidos vigorosos do corpo perispiritual
do sensitivo, ele blasonou: “Aqui me
encontro porque quero, podendo retirar-me no
momento que me comprazer”. O doutrinador
disse que não duvidava disso, mas explicou
que sua visita àquele recinto tinha um fim
elevado. “Trata-se da sua felicidade, que
vem postergando ao longo do tempo, cada dia
mais desnaturado e sofredor” – acrescentou.
O Espírito redarguiu com sonora gargalhada:
“Está equivocado. A felicidade em mim é o
prazer que desfruto nas atividades sexuais
com parceiros humanos, adultos e
especialmente crianças que muito me agradam.
Para tanto, disponho de um instrumento
perfeito, que se oculta no disfarce da
Religião e da Educação para dispor de mais
variado estoque de comparsas, alongando-me
pelas sensações exuberantes que fruo na
comunidade onde vivo ditoso...”. O
doutrinador observou-lhe que todo aquele
prazer e felicidade eram fictícios, porque
se trata de uma ilusão a que ele se impunha
e que, mediante ideoplastia muito bem
elaborada, experimentava como fixações que
lhe ficaram do corpo físico, hoje um monte
de ossos ou pó que o tempo transformou. O
Espírito não necessita dos envolvimentos
materiais para alcançar a felicidade. Quando
assim ocorre, ele mesmo se equivoca,
mantendo toda uma estrutura de quimeras e
absurdos com os quais se auto-hipnotiza,
vivenciando aquilo que não mais pode
ocorrer. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.)
51. Limites
da ação obsessiva –
Dando continuidade aos esclarecimentos, o
doutrinador explicou: “A realidade, que
nunca falta, se encarrega de esboroar os
castelos da ilusão e despertar para a
consciência, dilacerada por muito tempo pela
perversidade, pelo egoísmo, pelas
enfermidades interiores do Espírito... Este
é o seu momento de autoconscientização
através do contato conosco. Observe o corpo
de que se utiliza neste instante. Dê-se
conta dos limites que lhe impõe. Sinta as
experiências diferentes que lhe transmite,
as sensações de paz e de esperança, emoções
já quase esquecidas”. Respondeu o Espírito:
“Não me faça rir. Afinal, sou eu quem tem
muito a comentar e não você que nada entende
da realidade do lado de cá. Neste mundo no
qual me movimento, a mente é tudo, e com ela
cada qual experimenta o que melhor lhe
apraz”. O doutrinador disse-lhe não ignorar
a realidade do mundo espiritual: “O fato a
que me refiro são as construções mentais
doentias, os redutos de ignorância e de
crueldade, de licenças morais e vacuidades
espirituais, que um sopro do amor da
realidade dilui, tudo reduzindo a expressões
que não mais podem atender aos desmandos dos
tresvariados como o amigo... Observe que o
fenômeno que agora ocorre é quase o mesmo
que se dá, quando você envolve aquele que o
prejudicou. Somente que esta ocorrência é
proposta como terapêutica e a sua influência
tem limites, em razão dos controles morais
do médium de quem se utiliza”. Ante tal
observação, o obsessor de Mauro esclareceu,
desagradado: “Reconheço que o posso comandar
com limites. Não obstante, as energias que
ele exterioriza não conseguem impedir-me a
lucidez nem a minha própria vontade. O certo
é que este diálogo, que se alonga inútil,
não conseguirá alterar o meu comportamento.
Volverei ao meu reduto, onde me
reabastecerei de forças para dar
prosseguimento à guerra”. O doutrinador
insistiu, porém, no esclarecimento que fazia
declarou, convicto: “Somente o amor possui
os valores e recursos que propiciam a paz,
estando ao alcance de todos aqueles que o
desejemos vivenciar. Não se engane mais, nem
continue mentindo a si. Você sabe que a sua
hora soa e chega o instante da sua
renovação. Ninguém pode prosseguir por tempo
indeterminado nos propósitos inferiores sem
que haja a intervenção divina”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 6: Socorros
espirituais.) (Continua
no próximo número.)