Leya Fernandes
Reis:
“Sou movida a
música,
não vivo
sem ela...”
A conhecida
cantora diz como
se tornou
espírita e
fala-nos sobre
seu trabalho de
divulgação do
Espiritismo por
meio da música
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Leya Fernandes
Reis (foto),
natural de Rio
Claro (RJ) e
residente em São
José dos Campos
(SP), formada em
Letras pela
Universidade
Vale do Paraíba,
é vinculada ao
Centro Espírita
Amor e Caridade.
Fazendo dupla
musical com seu
marido, Paulo
Sérgio dos Reis,
apresenta-se em
eventos e
palestras
espíritas por
várias cidades
do Estado. Na
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presente
entrevista ela
nos fala sobre
seu trabalho. |
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Como e quando se
tornou espírita?
Tornei-me
espírita em 1991
logo após o
desencarne de
meu irmão
Marcos, então
com apenas 28
anos e pai de 2
filhos pequenos
(um menino de
1,8 meses e uma
menina de 44
dias). Criada em
berço católico,
não encontrava
resposta para
aquela dor,
aquela ausência,
aquela tristeza.
Nada me
respondia às
dúvidas sobre o
que tinha
acontecido e o
porquê daquela
partida tão
abrupta e
violenta (ele
desencarnou em
um acidente de
carro na Rodovia
Dutra, quando
voltava do
trabalho em São
Paulo). Na
época, já
conhecia o Paulo
e tinha um
grande amigo que
trabalhava
comigo e também
já era espírita.
Eu digo, com
certeza e
veemência, que
ambos
contribuíram
muito para
amenizar meu
sofrimento, a
dor, a
incompreensão
por aquela
partida
repentina. Paulo
me deu de
presente o
primeiro livro
espírita:
Somos seis
(obra
psicografada por
Chico Xavier) e
meu amigo, o
Décio Nery,
profundo
conhecedor e
ativo na
Doutrina
Espírita, me
presenteou com
muitas lindas
histórias sobre
o Chico e o
Espiritismo.
Hoje, quando me
lembro da
sutileza deles
para me
“introduzirem”
na Doutrina
Espírita, dou
risada, pois
eles eram
conhecedores de
minha crença
católica e devem
ter desenvolvido
a paciência ao
extremo para me
confortar
naquele
período!
E seu gosto pela
música?
Isso vem de
berço! Já
cantarolava,
segundo minha
mãe, desde muito
pequena, e
também, segundo
ela, essa minha
desenvoltura se
deve ao fato de
ter pulado o
carnaval comigo
no ventre. Aos
10 anos, fui
convidada pela
saudosa Dona
Terezinha,
trabalhadora
ativa da Igreja
Nossa Senhora da
Guia em Eldorado
Paulista, onde
eu cresci, para
fazer parte do
Coral da Igreja
e cantar na
Semana da Festa
da Padroeira da
cidade e, nessa
época,
participávamos
eu, minha irmã
Ângela, meu
irmão Elias e o
Marcos. Amei
aquilo tudo,
levei tudo muito
a sério e me
dediquei de
corpo e alma, e
depois de alguns
anos, saiu o
primeiro convite
para me tornar
Verônica na
procissão da
Semana Santa...
E lá fui eu
aprender a
cantar em Latim,
e num estilo
“ópera”. Aquilo
era um teatro
que eu amava
fazer. Fui
Verônica por 2
anos e quando me
mudei para São
José de Campos,
então com 15
anos, dei um
jeito de me
apresentar
também como
Verônica na
procissão da
Igreja Matriz,
com o famoso
Padre José.
Ainda trago
comigo as boas
lembranças
daquela época e
da beleza que
aquela arte
representou
naquela ocasião
em minha vida.
As músicas que
você canta são
mediúnicas?
Sim, diria que
quase a
totalidade. Nas
Casas Espíritas,
100% música
mediúnica e
espírita, não
aceito cantar
outras que não
sejam de cunho
doutrinário
espírita! As
composições
espíritas trazem
muito
ensinamento,
verdadeiras
aulas de
aprendizado.
Basta fechar os
olhos, elevar os
pensamentos,
pensar em Jesus,
se entregar ao
momento e
prestar atenção
nas letras... É
como ler um bom
livro de um bom
autor com uma
boa narrativa.
Como surgiu a
parceria da
apresentação
musical com o
marido?
Isso aconteceu
quando
trabalhamos na
mesma empresa em
São José de
Campos (EMBRAER)
e ele precisava
de mais uma
cantora para a
Banda Carinhoso
(que depois
virou Banda
Órficos) que
havia em
Guarulhos. Fui,
fiz um teste com
a banda e fui
aprovada para
fazer parte com
eles dos
eventos, bailes,
festas etc. A
banda acabou,
mas nossa
parceria musical
sempre esteve
presente, afinal
isso foi acordo
já feito no céu,
né?! Eu jamais
parei de cantar,
e durante os 15
anos que moramos
em São Paulo
fizemos muitos
eventos
beneficentes
para a Casa
Espírita que
frequentávamos
(Batuíra) e
algumas vezes
cantei nos bares
da Vila Madalena
e região.
Gostava tanto do
que fazia, que
saía do bar de
madrugada e
ainda ia
trabalhar no dia
seguinte com
disposição e bom
ânimo. E o
Paulo sempre me
apoiou e
respeitou, pois
sabia do meu
amor por esse
dom e a
necessidade que
eu tinha de
cantar, cantar,
cantar. Sou
movida a música,
não vivo sem
ela...
Como é para você
cantar músicas
com tão alta
significação
espiritual?
Digo com toda a
certeza que,
graças a Deus e
à
espiritualidade,
descobri em
tempo por que e
para que vim.
Esse dom hoje
faz sentido,
hoje tem o seu
verdadeiro
significado,
pois por mais
que eu amasse
cantar nos
bares, nas
festas, nos
eventos, bailes,
entre amigos,
apesar de
profissional,
faltava algo,
pois eu sentia a
energia que
existia naqueles
lugares por onde
passávamos, e
olha que o
ambiente era
familiar, mas as
músicas, ainda
que bem
selecionadas,
não tinham nada
de espiritual,
doutrinário,
relevante,
edificante.
Sentia que
faltava algo,
estava faltando
uma peça nesse
quebra-cabeça...
E eis que a peça
apareceu! Hoje o
quebra-cabeça
está completo e
afinado!
Como sente a
reação do
público?
Sinto uma
deliciosa
energia
arrepiante; é
algo que toma
conta, que
envolve e que
permite às
pessoas virem
dizer-nos,
quando
terminamos, com
cara de
assustados: “Meu
Deus, o que
vocês fizeram
aqui, o que
aconteceu?!” E
nós só dizemos
que fomos
instrumentos de
Jesus e da
espiritualidade
amiga que nos
assiste e
acompanha. O
apoio, incentivo
e entrega das
pessoas que
assistem às
nossas palestras
é algo que nos
move a
prosseguir e
insistir com
esse projeto de
evangelizar,
cantando...
A sintonia da
dupla é difícil?
Estão casados há
quanto tempo e
na parceria
musical há
quanto?
Não é muito
fácil conciliar
casa, marido,
filho, escola,
empresa, sem
deixar que isso
afete nossa
dedicação a este
belo trabalho,
mas o Paulo é
realmente um
“ser de luz” que
ilumina meus
dias e me acalma
quando me
descontrolo.
Está sempre me
trazendo de
volta à Terra,
me fazendo
lembrar a nossa
missão e
compromisso
assumidos há
muito tempo. A
sintonia existe
porque acima de
tudo o respeito
um pelo outro é
o que predomina.
Às vezes, ele
quer, porque
quer, que eu
cante uma música
e eu não quero,
e o contrário
também acontece,
mas, no fim, a
gente se entende
e o trabalho
flui com
tranquilidade.
Estamos casados
há 24 anos e a
parceria musical
iniciou-se há 27
anos, quando do
primeiro convite
para um teste na
banda...
Fale-nos sobre o
CD que vocês
lançaram?
Pois é, o CD é
aquele que não
tínhamos
pretensão
nenhuma de
gravar! Para nós
seria apenas um
trabalho de
Evangelizar
através das boas
canções
espíritas, mas,
eis que vem a
espiritualidade
e nos avisa
“terão CD sim!”.
Então, para nós,
missão dada é
missão cumprida!
Ficamos muito
apreensivos com
mais essa
surpresa a nós
ofertada, pois
realmente não
pensávamos nessa
possibilidade e
mais ainda em
tão pouco tempo,
afinal estamos
há apenas 2 anos
nesse projeto de
entrega e
doação.
Relutamos muito
e chegamos a
pensar que
estávamos sendo
testados por
alguns amigos
brincalhões, mas
que nada... Eles
nos foram
preparando,
abrindo as
portas para que
tudo corresse
bem e fosse algo
muito correto e
muito bem
alicerçado;
então fizemos um
“acordo” com
esses amigos:
que nos
ajudassem a
conseguir as
autorizações dos
autores
(imagine...
Nando Cordel,
Carlinhos
Conceição, Cesar
Tucci, Baccelli,
Wilson Filho,
Thiago Ariel,
Gutemberg
Paschoal lá
iriam saber quem
é este casal
abusado Leya e
Paulo?!) e que o
lucro arrecadado
com a venda
desse CD fosse
revertido para a
divulgação da
Doutrina
Espírita. Deu
muito trabalho
conseguir tudo
isso, muita
papelada,
autorização,
cartório,
reconhecer
firma, muita
burocracia, e
não é que eles
realmente nos
surpreenderam
com a ajuda e
deu tudo certo e
o CD está aí! É
o primeiro, e
agora que já
foi, já estamos
nos preparando
para que venha
em breve o
segundo. É um CD
lindo, com 12
canções
espíritas
belíssimas, de
letras e
melodias e
arranjos que são
verdadeiras
psicografias,
que tocam a
alma. A internet
tem-nos ajudado
muito nessa
divulgação. É
possível nos
contatar pelo
Facebook
(Espiritismo com
Música), pelo
website -
http://espiritismocommusica.com.br/
- ou por e-mail
(espiritismocommusica@uol.com.br).
Algo marcante de
suas lembranças
que gostaria de
destacar?
Sim, muitas
coisas boas
marcaram essa
caminhada
espiritual. A
separação
temporária do
meu amado irmão
me permitiu
conhecer um lado
adormecido e
antes
assustador. Esse
medo teve fim
quando, em uma
de nossas
viagens a Paris,
tivemos a
oportunidade de
visitar o túmulo
de Allan Kardec
no Père Lachaise.
Sempre ouvia
dizer que estar
ali, em frente
àquele jazigo,
era algo difícil
de explicar, só
estando lá para
sentir e
apreciar. Sou
grata a Deus
pela
oportunidade, e
de lá para cá
nunca mais
deixei de
apreciar a nossa
Doutrina de Luz,
estudar e querer
saber mais e
mais sobre tudo
que ela pode nos
oferecer para
nos ajudar no
melhoramento
moral.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Muitas Casas e
muitos irmãos e
amigos ainda
pensam que
somente
cantamos,
fazemos
harmonizações de
ambientes,
eventos
beneficentes
etc. Aproveito a
oportunidade
para esclarecer
que nosso
trabalho é o de
simplesmente e
intensamente
divulgar a
doutrina
espírita através
de palestras
cantadas.
São palestras
com cunho
doutrinário,
conteúdos do
Evangelho de
Jesus, estudados
e aprofundados
na literatura
espírita, em que
usamos as obras
basilares de
Kardec, muitas
obras do Chico,
muita obra
séria, isso tudo
embelezado por
lindas melodias
e imagens. Os
temas são
diversos e
edificantes, e
sempre que as
Casas nos
solicitam
preparamos um
tema novo para
ser apresentado
para aquela
ocasião.
Suas palavras
finais.
Só existe uma:
gratidão! A
Jesus, à
espiritualidade,
às Casas que
abriram as
portas para
conhecer nosso
trabalho, aos
amigos que nos
incentivam e nos
apoiam, a irmãos
que se tornaram
amigos, como
você, Orson
Carrara, Sérgio
Lino, Jorge
Reis, que têm
demonstrado
carinho e
respeito por
essa missão que
não é só nossa,
mas de todos que
se comprometeram
a servir...
porque para nós
é assim que deve
ser, afinal
“quem não vive
para servir, não
serve para
viver”. E é
só isso que
pedimos a Deus
nosso Pai, que
nos permita
prosseguir nessa
caminhada para
SERVIR, SERVIR,
SERVIR!