WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Salvador, BA (Brasil)
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Uma sociedade imersa
na
fascinação
Em O Livro dos
Médiuns, cap. 23,
Allan Kardec informa
sobre um dos níveis de
obsessão que é a
fascinação. O indivíduo
fascinado crê em
absolutamente tudo que
vem dos Espíritos, mesmo
as ideias mais malucas.
Uma das características
do indivíduo fascinado é
a perda do senso
crítico. Não há mais
análise do exposto pelos
Espíritos e as teses
mais estapafúrdias são
aceitas sem pestanejar.
Pois bem, a fascinação
pode, também, ocorrer de
encarnado para
encarnado.
Quando um encarnado
solta suas ideias e uma
grande parte das pessoas
acredita, sem qualquer
reflexão, eis a
fascinação a produzir
insensatos e indivíduos
comprometidos com apenas
uma cor: preto ou
branco, pois para eles
não existe o cinza, não
existem combinações. São
do tipo certo ou errado
e ponto final.
Polarizam discussões e,
claro, abrem mão do
diálogo. Se alguém
critica o candidato de
seu partido, empunham
suas armas e vão à luta.
Desmerecem quem não
pensa igual, discriminam
quem não reza em sua
cartilha.
Os fascinados têm a
razão dominada, são
joguetes dos Espíritos
ou dos homens.
Quando um amigo ou
familiar de bom senso dá
um toque, conclamando-os
a olhar os absurdos que
estão cometendo, tratam
de desdenhar.
Os fascinados de nosso
século são aqueles que
defendem o erro, a
corrupção, os absurdos
cometidos contra a
coletividade, os abusos
de poder... Os
fascinados são aqueles
que abraçam bandeiras
sem admitir erros e
barbaridades cometidas
por estas bandeiras.
Conforme assevera
Kardec, os fascinados
podem estar em toda
classe social e serem de
alta instrução e
intelectualidade. Aqui
na Terra, inteligência
não é passaporte que
livra da fascinação.
Fico sempre a analisar
nossas condutas, e
pergunto-me:
- Quem de nós não está
fascinado?
Quem de nós tem bom
senso para admitir seus
erros e equívocos? Quem
de nós está livre o
suficiente para
declarar: Admito, fui
enganado!
São frases dolorosas e
difíceis para uma
humanidade que ainda se
debate no orgulho.
Imagine: admitir que foi
enganado, passado para
trás? Jamais! Afinal,
somos espertos e
analisamos sempre tudo
com muito rigor antes de
apoiar este ou aquele
candidato, este ou
aquele partido, esta ou
aquela instituição.
Será que ainda não nos
demos conta de que é
necessário nos
tratarmos?
Será que ainda não
percebemos que em nossa
intransigência e
maniqueísmo revela-se a
fascinação?
Uma sociedade obsidiada
é uma sociedade
enferma...
É preciso acordar, é
necessário um banho de
realidade e de reflexão
para sairmos da situação
de fascinados.
A propósito:
Quem de nós não está
fascinado?
Quem de nós não perdeu o
senso crítico?