Comunicações mediúnicas
entre vivos
Ernesto
Bozzano
(Parte
1)
Iniciamos nesta edição o
estudo do livro
Comunicações mediúnicas
entre vivos,
de autoria de Ernesto
Bozzano, traduzido para
o idioma português por
J. Herculano Pires.
Questões preliminares
A. De que trata o livro
Comunicações
mediúnicas entre vivos,
cujo estudo ora
iniciamos?
Ernesto Bozzano
apresenta nesta obra um
dos seus estudos mais
lúcidos e mais
pertinentes sobre a
natureza dos chamados
fenômenos psi.
Tratando das
comunicações mediúnicas
entre vivos, demonstra
que o psiquismo
independente da criatura
humana é o mesmo e age
da mesma maneira nos
fenômenos anímicos (ou
mentais, como são hoje
classificados) e nos
fenômenos espíritas. Vai
além, demonstrando que a
simples admissão do
extrassensorial
prova que o psiquismo
humano não pode ser
reduzido às funções
orgânicas. Se podemos
ter percepções e
comunicar-nos sem o
intermediário habitual
dos sentidos físicos é
porque não somos somente
materiais. (Prefácio
de J. Herculano Pires.)
B. Quando surgiu a
Parapsicologia e que
contribuição ela, logo
de início, nos ofereceu?
Com a morte de Charles
Richet em 1935, a
Metapsíquica, por ele
fundada, foi
praticamente posta de
lado pelos cientistas.
Mas cinco anos depois
(em 1940) os profs.
William McDougal e
Joseph Banks Rhine davam
impulso à
Parapsicologia,
demonstrando que a
clarividência estava
provada por meio de
rigorosas pesquisas de
laboratório. Grande
número de
parapsicólogos, com
Rhine à frente,
sustentam a tese de que
os fenômenos
extrassensoriais provam
a existência no homem de
algo que não se reduz ao
físico, fato
incontestável que
Bozzano comprova nesta
obra. (Prefácio de J.
Herculano Pires.)
C. Como Bozzano
conceitua fenômenos
mediúnicos?
Segundo ele, designa-se
por fenômenos
mediúnicos um
conjunto de
manifestações, tanto
físicas como
inteligentes, que se
produzem com o auxílio
de forças ou faculdades
subtraídas
temporariamente de um
médium – algumas vezes
também, em pequena
escala, dos assistentes
–, por vontade que
independe do médium e
dos assistentes. Tal
vontade pode ser a de um
morto ou a de um vivo.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
Texto
para leitura
1.
Um estudo de Psicologia
integral
- Os estudos da
Psicologia introspectiva
do passado limitavam-se
ao campo subjetivo. Os
estudos da Psicologia
experimental moderna
perderam-se no campo
sensorial. O
desenvolvimento da
Psicologia profunda
abriu a possibilidade de
uma síntese, que a atual
Parapsicologia tenta
realizar. Mas essa
síntese já existe e seu
ponto modal é o
médium ou sujeito
paranormal, em cujo
psiquismo se fundem as
manifestações anímicas e
espirituais. É o que o
eminente pesquisador
italiano professor
Ernesto Bozzano
demonstra neste volume,
dando uma resposta
antecipada e definitiva
a todas as questões de
tipo bizantino hoje
levantadas nesse
terreno. (Prefácio de
J. Herculano Pires.)
2. À maneira do que se
fez no século passado e
nos princípios do atual,
investigadores
sistemáticos ou
sectários, uns e outros
apegados de forma
anticientífica a
preconceitos culturais
ou religiosos, procuram
sustentar a natureza
puramente anímica dos
fenômenos paranormais.
Chegam a elaborar
hipóteses de tipo
teatral, como a de
Tyrell sobre as
aparições ou a de Sudre
sobre as variações de
personalidade do
sensitivo, com a
desesperada finalidade
de afastar do campo das
pesquisas a evidência da
natureza psicológica dos
fenômenos. (Prefácio
de J. Herculano Pires.)
3. Bozzano refutou, com
lógica insuperável, em
vários trabalhos, mas
particularmente neste
volume e em seu
monumental Animismo
ou Espiritismo?
(resultado de quarenta
anos de observações e
estudos) essas hipóteses
inviáveis. (Prefácio
de J. Herculano Pires.)
4. Charles Richet,
prêmio Nobel de
Fisiologia em 1913,
faleceu em 1935. Com a
sua morte a Metapsíquica
foi praticamente posta
de lado pelos
cientistas. Mas cinco
anos depois já os profs.
William McDougal e
Joseph Banks Rhine davam
impulso à
Parapsicologia,
demonstrando que a
clarividência (1940)
estava provada em
rigorosas pesquisas de
laboratório.
(Prefácio de J.
Herculano Pires.)
5. Grande número de
parapsicólogos, hoje,
com Rhine à frente,
sustentam a tese de
Bozzano de que esses
fenômenos provam a
existência no homem de
algo que não se reduz ao
físico. As teorias
sensoriais foram
novamente golpeadas pela
evidência da percepção
extrassensorial. Apesar
disso, o velho Sudre
voltou à liça para
sustentar a sua posição
superada e
parapsicólogos como
Robert Amadou, Robert
Tocquet e alguns
clérigos desprovidos de
senso crítico
empenharam-se numa
campanha mundial de
difamação de
pesquisadores e médiuns
do passado, julgando o
que não viram.
(Prefácio de J.
Herculano Pires.)
6. Neste volume, Bozzano
apresenta um dos seus
estudos mais lúcidos e
mais pertinentes (na
atualidade) sobre a
natureza dos chamados
fenômenos psi.
Tratando das
comunicações mediúnicas
entre vivos, demonstra
que o psiquismo
independente da criatura
humana é o mesmo e age
da mesma maneira nos
fenômenos anímicos (ou
mentais, como são hoje
classificados) e nos
fenômenos espíritas. Vai
além, demonstrando que a
simples admissão do
extrassensorial
prova que o psiquismo
humano não pode ser
reduzido às funções
orgânicas. Se podemos
ter percepções e
comunicar-nos sem o
intermediário habitual
dos sentidos físicos é
porque não somos somente
materiais. (Prefácio
de J. Herculano Pires.)
7. Bozzano, cujo
espírito científico é
inegável e dos mais
penetrantes, nos mostra
o argumento irrefutável
dos fatos, em que sempre
se apoiou. Não se trata,
pois, de um simples
debate em torno de
hipóteses a favor e
contra. O que temos
neste livro é uma
exposição de fatos, e o
que somente os cegos não
veem, de fatos que se
repetem incessantemente
por toda parte e em
todos os tempos. Assim,
o lançamento da primeira
tradução deste livro em
português é uma
contribuição valiosa e
necessária ao
desenvolvimento atual
dos estudos da
fenomenologia paranormal,
particularmente no
Brasil, que vem sofrendo
o impacto de campanhas
sistemáticas e
interesseiras de
desmoralização desse
importante campo da
investigação científica.
(Prefácio de J.
Herculano Pires.)
8. Muitas inteligências
capazes ainda se
acomodam no pressuposto
ingênuo de que este é um
problema de
interpretação. Mas a
realidade é bem outra.
As interpretações
constituem apenas a
fumaça de camuflagem
lançada pelos que não
querem aceitar a
evidência dos fatos,
seja por uma questão de
atitude (o que é
anticientífico) ou de
posição dogmática,
materialista ou
religiosa (o que é hoje
culturalmente
inaceitável). O problema
que este livro coloca é
de Ciência e por isso
mesmo os dados que
apresenta são objetivos.
(Prefácio de J.
Herculano Pires.)
9. A Psicologia integral
que a Parapsicologia
atual procura atingir é
uma exigência do
desenvolvimento
científico dos nossos
dias. Essa Psicologia
integral é necessária
para o verdadeiro
conhecimento do homem, e
mais do que isso, para a
compreensão da própria
natureza cósmica, da
qual o homem é parte
integrante. Tolos não
são os que sustentam o
que viram, mas os que
negam o que não viram.
Mais tolos ainda quando
teimam em não ver para
não terem de refundir a
precariedade de seus
conhecimentos. Este
livro é, sobretudo, um
exemplo: o grande
exemplo de um
positivista que, à
maneira de Lombroso, do
próprio Richet e
atualmente de Rhine,
Soal, Price e Pratt, foi
capaz de reexaminar os
seus conceitos
apriorísticos e
reajustar a sua posição
científica à realidade
dos fatos. (Prefácio
de J. Herculano Pires.)
10. Designa-se por
fenômenos mediúnicos
um conjunto de
manifestações, tanto
físicas como
inteligentes, que se
produzem com o auxílio
de forças ou faculdades
subtraídas
temporariamente de um
médium – algumas vezes
também, em pequena
escala, dos assistentes
–, por vontade que
independe do médium e
dos assistentes. Tal
vontade pode ser a de um
morto ou a de um vivo.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
11. Quando a vontade de
um vivo é que se
apresenta, só o pode
fazer através dos mesmos
processos espirituais
exercidos por um morto:
faculdades
subconscientes e
supranormais para um
vivo, conscientes e
normais para um morto.
Resulta daí que as duas
classes de manifestações
são idênticas por
natureza, com a
distinção puramente
formal de que, quando se
verificam por obra de um
vivo, tomam o nome de
fenômenos anímicos e
quando por obra de um
morto, denominam-se
fenômenos espíritas.
É claro, pois, que as
duas classes de
manifestações são uma o
complemento necessário
da outra, e isto de tal
sorte, que o Espiritismo
ficaria sem base se não
existisse o Animismo.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
12. As manifestações
anímicas de ordem
inteligente raramente se
verificam sob forma
mediúnica, pois, via de
regra, exercitam-se em
forma direta e, segundo
os casos, tomam o nome
de manifestações
telepáticas, de
fenômenos de
bilocação, de
clarividência no
passado, no presente e
no futuro.(1)
De qualquer modo não me
ocuparei de tais
modalidades de
manifestações anímicas,
limitando-me a analisar,
comparar e classificar
os casos de comunicações
entre vivos, por via
mediúnica.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
13. De tais
manifestações especiais
já se ocuparam diversos
eminentes cultores das
pesquisas metapsíquicas,
e Alexandre Aksakof
tratou muito amplamente
do assunto na sua obra
Animismo e
Espiritismo;
todavia, os meus
antecessores não tiveram
a intenção de tratar dos
fatos de modo
particular, e não os
classificaram, o que me
proponho fazer no
presente trabalho,
limitando-me à
especialização de poucos
exemplos típicos para
cada categoria, pois que
a messe dos casos
escolhidos é exuberante.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
14. Advirto, também, que
a classificação dos
casos em exame apresenta
a dificuldade de neles
se encontrarem, muitas
vezes, incidentes de
diversas categorias, por
isso me cinjo ao
critério de
classificá-los levando
em consideração a
característica mais
relevante de cada um.
(Introdução ao livro,
por Ernesto Bozzano.)
15. Os exemplos
compreendidos na
presente categoria só
representam um grupo de
episódios pertencentes à
classe dos fenômenos de
transmissão e leitura do
pensamento, mas
lembremos que aqui são
relatados naquilo em que
diferem dos episódios
comuns pela
circunstância de a
transferência e a
leitura do pensamento se
realizarem
mediunicamente, ou
seja, com auxílio da
escrita automática, dos
movimentos de uma mesa
ou ainda de pancadas na
madeira de algum móvel,
e assim por diante.
(1ª Categoria: Mensagens
experimentais no mesmo
aposento.)
16. Para este grupo de
fatos o caso clássico
por excelência é ainda o
do Rev. Newnham,
publicado originalmente
no vol. III dos
Proceedings of the
Society for Psychical
Research (págs.
3-23), posteriormente
narrado por Myers em sua
mais importante obra.(2).
Sendo ele mais
amplamente citado em
várias outras obras
metapsíquicas,
abstenho-me de repeti-lo
aqui, limitando-me a
recordar que o Rev.
Newnham fazia
experiências com a
própria esposa, sentado
na mesma sala, a oito
pés de distância da
mesma, de costas
voltadas um para o
outro. (1ª Categoria:
Mensagens experimentais
no mesmo aposento.)
17. Escrevia ele as
perguntas que desejava
transmitir mentalmente à
sensitiva e esta apoiava
a mão sobre a prancheta
e as respondia
imediatamente, antes
mesmo que o
experimentador tivesse
tempo de escrevê-las. As
respostas eram sempre
correspondentes às
perguntas e se referiam,
na maior parte dos
casos, a coisas ou
assuntos desconhecidos
dela, mas conhecidos do
experimentador, salvo
uma vez em que a
resposta se referiu a
uma informação ignorada
também pelo
experimentador, mas, em
tal caso, era conhecida
de outra pessoa
presente, a qual
escrevera a pergunta e
fizera o Rev. Newnham
lê-la. (1ª Categoria:
Mensagens experimentais
no mesmo aposento.)
18. Um ensino importante
a extrair-se das
experiências em questão
consiste na
circunstância de que,
quando o experimentador
se mostrava muito
exigente, insistindo em
perguntas demasiadamente
complexas para a
capacidade de percepção
subconsciente da
sensitiva, as respostas
recebidas, conquanto em
perfeito acordo com as
perguntas, eram
inventadas do princípio
ao fim. (1ª
Categoria: Mensagens
experimentais no mesmo
aposento.)
19. Assim, por exemplo,
tendo o Rev. Newnham,
que pertencia à
Maçonaria, pedido à
sensitiva para
transcrever-lhe a prece
maçônica em uso para a
promoção ao grau de
Mestre, a prancheta
escreveu
instantaneamente, com
vertiginosa rapidez,
longa prece em tal
sentido na qual havia
reminiscências
maçônicas, mas que, no
todo, era uma invenção
fantástica. Ora, tais
espécies de mistificação
em experiências de
transmissão do
pensamento, por algum
processo mediúnico, são
muito interessantes,
devido a uma analogia
que apresentam com as
correspondentes
interferências
mistificadoras, que
frequentemente se obtêm
nas comunicações
mediúnicas genuinamente
espíritas. Dir-se-ia que
as excessivas
insistências de parte do
indagador, tendo por
efeito determinar nas
personalidades
mediúnicas uma tensão
excessiva da vontade,
com relativa dispersão
do fluido mediúnico e
consecutivo
enfraquecimento do
“controle psíquico”,
abrem caminho ao extrato
onírico subconsciente, o
qual, emergindo,
continua a seu modo a
comunicação em curso,
determinando uma ação de
sonho. (1ª Categoria:
Mensagens experimentais
no mesmo aposento.)
1.
Na atual
Parapsicologia
esses casos de
clarividência
no passado, no
presente e no
futuro, já
cientificamente
comprovados,
tomam
respectivamente
a designação
técnica de
retrocognição,
cognição
e precognição.
2. Fredrich
Myers, A
Personalidade
Humana.
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