JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
|
|
Esquecimento global
A opinião é unânime: o
clima na Terra mudou
devido ao aquecimento
global do planeta. No
entanto, outro fenômeno,
tão ou mais preocupante,
ocorre: o esquecimento
(dos valores
ético-morais) global na
Terra, que ameaça a vida
em sociedade. Qual o
contributo do
Espiritismo para estas
situações?
Como se já não bastasse
a problemática do
aquecimento global do
planeta e a destruição
dos ecossistemas por
parte do ser humano, na
sua ânsia irracional de
“ter” cada vez mais,
numa vida que
rapidamente se dilui no
tempo, vai ocorrendo na
sociedade mundial outro
fenômeno interligado: o
esquecimento
global dos
valores ético-morais.
Nestes últimos dias, em
Portugal, dois
governantes foram
demitidos por terem
mentido, apresentando-se
como licenciados, quando
não possuíam nenhum
título acadêmico. Do
ponto de vista
ético-moral é uma
situação tão grave que,
num país civilizado,
seria um terremoto
político, com demissões
em massa.
O mesmo já ocorreu
noutros tempos, com
outros partidos e outras
figuras políticas.
Não nos move nenhuma
atitude de simpatia ou
antipatia política.
Objetivamos analisar
apenas as atitudes dos
seres humanos.
Vivemos momentos graves,
onde o que outrora era
nobreza de carácter hoje
é estar ultrapassado, o
que era roubo hoje é
oportunidade, o que era
mentira hoje é ponto de
vista, o que era
dignidade hoje é
fraqueza de espírito, o
civismo é hoje trocado
pela má-educação.
Vemos os professores
serem maltratados pelos
educadores, ao invés de
os apoiarem, para
educarem os seus
educandos.
Quando o exemplo vem de
cima, do Estado, com
leis obscuras, com
roubos sucessivos e
desvios de dinheiro
privado e público por
parte de entidades
bancárias, com múltiplas
fraudes dos agentes
políticos e econômicos
tornadas públicas, sem
qualquer consequência
social, o povo tende a
seguir o mau “exemplo”
de quem os governa.
Como educar as crianças
nas escolas e falar-lhes
de virtude, em educação
cívica, quando o
Ministro da Educação de
Portugal, tendo
conhecimento de um Chefe
de Gabinete ter mentido
e não possuir nenhum
título acadêmico, mesmo
assim manteve-o no
cargo, sendo conivente,
até ao momento em que um
jornal, “Observador.pt”,
desmascarou o caso?
Há quem diga que o mundo
não tem saída, não tem
cura…
Na ótica da Doutrina
Espírita (ou
Espiritismo), uma
filosofia de vida que
não é mais uma religião
nem mais uma seita,
existe, sim, solução.
A solução passa pela
reencarnação de
Espíritos mais honestos
e sérios, que vêm
reencarnando desde o fim
do século XX, na opinião
de muitos benfeitores
espirituais que vêm
comunicando através de
médiuns de todo o mundo.
Mas, mesmo ocorrendo
esse fenômeno da mudança
parcial dos atores
sociais, cumpre-nos, a
nós que estamos hoje no
palco da Vida, fazer a
nossa parte.
Cumpre-nos ser cidadãos
ativos no bem
de todos, sem
desperdiçar recursos
que pertencem à
comunidade
O mal só viceja pela
ausência de atitude
assertiva por parte dos
bons.
Se nos cumpre ser
tolerantes,
compreensivos com tudo e
com todos, cumpre-nos
igualmente dar o exemplo
de honestidade, recusar
mordomias ou ser
beneficiados em
detrimento de outrem.
Cumpre-nos vivenciar que
o ser humano não vale
pelo que “tem”, mas,
sim, pelo que é como
pessoa.
Cumpre-nos valorizar a
honestidade, a
autenticidade, ao invés
de currículos pejados de
títulos, muitas vezes
sabe-se lá a troco de
quê...
Cumpre-nos valorizar a
solidariedade ao invés
da competição.
Cumpre-nos pagar
ordenados justos aos
empregados, mesmo que
acima do estipulado em
Lei.
Cumpre-nos dar o nosso
melhor, na condição de
trabalhador, em prol do
bem comum. Cumpre-nos
ser cidadãos ativos no
bem de todos, sem
desperdiçar recursos que
pertencem à comunidade.
Dos espíritas espera-se
a árdua tarefa de
divulgarem a
imortalidade do Espírito
e a reencarnação,
baseadas em fatos
científicos, levando as
pessoas a descobrir que
são seres imortais, e
que as suas atitudes e
sentimentos serão o
único patrimônio que
levarão para o mundo
espiritual, após o
decesso do corpo físico.
Desse patrimônio advirá
o bem-estar, a paz, a
felicidade ou a dor (de
acordo com o nosso
íntimo), até que surja
nova oportunidade de
reencarnar na Terra, em
nova experiência
evolutiva, intelectual e
moral.
Aos espíritas cumpre
alertar para o “Esquecimento
Global” dos
conceitos ético-morais
que vigem na sociedade,
não só falando,
escrevendo, mas, acima
de tudo, exemplificando.
Aos espíritas cumpre
mostrar que vale a pena
Amar, ser honesto,
autêntico, ter paz de
espírito, ao invés de
ter os cofres cheios de
tesouros que a traça da
corrupção rapidamente
consome, deixando no
íntimo do seu autor
focos de “infecção
espiritual”, a
diluírem-se
dolorosamente, em futuro
próximo, no mundo
espiritual e/ou em
futuras reencarnações.
Se Jesus de Nazaré nos
deixou o precioso
ensinamento para não
fazermos ao próximo o
que não desejamos para
nós, o Espiritismo vem
apontar o caminho da
caridade como o único
que nos eleva
espiritualmente, dentro
da assertiva de que “Nascer,
morrer, renascer ainda,
progredir sem cessar,
tal é a Lei”.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O
Evangelho segundo o
Espiritismo.