O leitor Sergio Henrique
Ribas de Oliveira, em
mensagem publicada na seção
de Cartas desta mesma
edição, pergunta-nos se uma
pessoa que tenha passado por
uma grave provação saberá,
no além-túmulo, depois de
desencarnar, qual foi a
causa do seu suplício.
A resposta é sim.
O esquecimento do
passado, tantas vezes
examinado nesta revista, é
um fato passageiro e tem
como objetivo principal não
perturbar as ações e os
relacionamentos
interpessoais que compõem
cada etapa reencarnatória.
Nesse esquecimento
situa-se, por motivos
óbvios, a ignorância do que
fizemos de errado em
precedentes existências.
Pelo amargor das provações
que enfrentamos é possível
deduzir as causas, que,
todavia, só conheceremos
realmente após a conclusão
da existência corpórea, ou
seja, no mundo espiritual.
A recordação da
existência corpórea é um dos
temas tratados por Allan
Kardec na principal obra da
doutrina espírita – O
Livro dos Espíritos –,
como mostram os textos
abaixo, extraídos das
questões 304, 305 e 306 da
obra citada:
304. Lembra-se o Espírito
da sua existência corporal?
“Lembra-se, isto é, tendo
vivido muitas vezes na
Terra, recorda-se do que foi
como homem e eu te afirmo
que frequentemente ri,
penalizado de si mesmo.”
(Nota de Kardec: “Tal qual o
homem, que chegou à madureza
e que ri das suas loucuras
de moço, ou das suas
puerilidades na meninice”.)
305. A lembrança da existência corporal se
apresenta ao Espírito,
completa e inopinadamente,
após a morte?
“Não; vem-lhe pouco a pouco,
qual imagem que surge
gradualmente de uma névoa, à
medida que nela fixa ele a
sua atenção.”
306. O Espírito se
lembra, pormenorizadamente,
de todos os acontecimentos
de sua vida? Apreende o
conjunto deles de um golpe
de vista retrospectivo?
“Lembra-se das coisas, de
conformidade com as
consequências que delas
resultaram para o estado em
que se encontra como
Espírito errante. Bem
compreendes, portanto, que
muitas circunstâncias haverá
de sua vida a que não ligará
importância alguma e das
quais nem sequer procurará
recordar-se.”
a) — Mas, se o quisesse,
poderia lembrar-se delas?
“Pode lembrar-se dos mais
minuciosos pormenores e
incidentes, assim relativos
aos fatos, como até aos seus
pensamentos. Não o faz,
porém, desde que não tenha
utilidade.”
b) — Entrevê o Espírito o
objetivo da vida terrestre
com relação à vida futura?
“Certo que o vê e compreende
muito melhor do que em vida
do seu corpo. Compreende a
necessidade da sua
purificação para chegar ao
infinito e percebe que em
cada existência deixa
algumas impurezas.”
A literatura espírita,
sobretudo as obras
mediúnicas da lavra de André
Luiz e Manoel Philomeno de
Miranda, confirma, por
inumeráveis exemplos, as
informações acima
transcritas e mostra que a
recordação de certas
peripécias do passado se dá
à medida que esse fato seja
importante.
Em casos específicos,
benfeitores espirituais
valem-se da técnica de
regressão da memória, sempre
com o objetivo de mostrar ao
Espírito devedor que ele não
foi vítima, em sua passagem
pelo orbe, de nenhuma
injustiça e que a Justiça
Divina jamais falha.
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