ÉDO MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão, SP
(Brasil)
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O
verdadeiro
sentido
do
Natal
O Natal está
chegando de
novo. O mundo
cristão entra em
clima de beleza,
de luzes,
preparando-se
para a
comemoração.
Acontece, porém,
uma coisa
curiosa: grande
parte dos que se
preparam para as
festividades
natalinas não
têm conhecimento
da grandeza da
missão
espiritual do
aniversariante.
Poucos, muito
poucos, são os
que buscam saber
quem é Jesus,
como Ele viveu,
qual foi a sua
missão na Terra,
quais as suas
virtudes, quais
os ensinamentos
que Ele nos
trouxe e por que
motivos a sua
mensagem
revolucionou a
história.
É importante
cogitarmos sobre
tais
inquirições,
pois do
contrário não
estaremos
comemorando de
forma condigna
essa tão
significativa
efeméride
mundial.
Sholem Asch, um
judeu que diz
ter sido romano
no tempo de
Jesus e ter
vivido nessa
época em
Jerusalém, na
qualidade de
alto funcionário
do governo
romano –
comandante das
forças romanas
que mantinha a
ordem no país –
, escreveu
interessante
livro sobre a
vida de Jesus,
obra traduzida
pelo nosso
patrício
Monteiro Lobato,
com o título “O
Nazareno”.
A abordagem do
autor abre as
portas para uma
maior
compreensão da
espiritualidade
de Jesus e de
sua ascensão
moral junto às
criaturas
humanas.
Assim escreveu
Sholem,
comentando o que
sentiu após ter
ouvido o Sermão
da Montanha:
“E o que a mim
me aconteceu foi
o seguinte –
coisa que repito
com vexame, mas
é a verdade
pura: eu, o
Quiliarca de
Jerusalém,
esqueci
completamente a
minha dignidade,
a minha
identidade, a
minha posição
social; e,
juntamente com o
centurião de K’far
Nahum, que
estava tão
tomado quanto
eu, meti-me no
meio daquele
povo em delírio
– corri com ele
como se eu
fizesse parte da
massa e as
palavras do rabi
também me
dissessem
respeito! Até
esse ponto eu e
meu amigo nos
deixamos
arrastar! Com o
centurião não
era tanto,
porque lá
residia já de
muito tempo e,
pois, sofrera de
longo o influxo
judaico; mas eu,
o comandante da
fortaleza
Antônia, o braço
direito de
Pôncio Pilatos –
eu a
comportar-me
daquela
maneira!...
Confesso que
durante o sermão
da montanha
deixei-me
arrastar pela
magia daquele
homem. Quer mais
pormenores de
como terminou
aquilo?
Empolgado pela
atmosfera de
sedução
aproximei-me e
pela primeira
vez na vida
prestei
obediência a um
judeu. Ao sentir
isso Ele
olhou-me com
expressão de
piedade
compassiva – e
eu senti
qualquer coisa
quebrar-se
dentro de mim. E
o que há de mais
estranho
(custa-me a
confessá-lo) é
que naquele
momento eu não
sentia vexame
nenhum da minha
sujeição. Essa
emoção
empolgar-me-ia
mais tarde, mas
naquele momento
senti uma luta
dentro de mim,
provocada por
aquele olhar
compassivo –
luta entre a
cólera e o
anseio. O pálido
rosto do rabi,
emoldurado na
barba tão moça,
o corpo frágil,
a expressão de
infinita
piedade, tudo me
tocou e senti-me
com Ele. E eu
ainda pressentia
que algo
superior à minha
compreensão
pairava em torno
daquele homem, e
me libertava de
qualquer medo”.
Vale a pena,
nesta época do
Natal,
reflexionarmos a
respeito das
lições contidas
nos Evangelhos
de Jesus,
servindo-nos
delas para
aprender a
viver. A
mensagem cristã
exige de nós uma
transformação
que não pode
reduzir-se a um
dia, a algumas
horas, a uma
festa recheada
de presentes. Do
contrário, as
comemorações do
Natal terão para
nós um sentido
vago, puramente
material, como
outra festa
mundana
qualquer. A
importância não
está no
“feriado”, mas
em ser “ferido”
pela boa nova
cristã, capaz de
nos remover do
comodismo. É
preciso que esta
palavra quebre
algo dentro de
nós, que nos
arraste, nos
seduza. Eis o
verdadeiro
sentido do
Natal!