O filósofo
Platão foi uma
das
reencarnações de
Kardec?
“Mesmo que você esteja
em uma minoria, a
verdade ainda é a
verdade.” (Mahatma
Gandhi)
Muitos dentre os
defensores da tese
“Chico é Kardec” supõem
que, em meio a seus
personagens anteriores,
Kardec teria sido
Platão.
Sabemos que entre as
assinaturas de “Prolegômenos”,
em O Livro dos
Espíritos, a de
Platão está em meio a
outros nomes
respeitáveis. É
importante relembrar
que, além dessa, há, na
Revista Espírita,
registros de mais cinco
mensagens assinadas por
Platão, em reuniões da
Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas – SPEE:
a) na realizada em 18 de
novembro de 1859
;
b) na de 20 de janeiro
de 1860
;
c) na de 3 de fevereiro
de 1860, assinada em
conjunto com Moisés e
Julien
;
e) na de 1º de novembro
de 1866
.
Ora, como é de
conhecimento de todos
nós, Kardec era quem
presidia as reuniões da
SPEE; e se nelas
ocorreram manifestações
de Platão, estaríamos,
em princípio, diante de
uma manifestação de
Espírito de pessoa viva.
Entretanto, tal
ocorrência não deve ser
tomada à conta desse
fenômeno, pelo simples
motivo de que para haver
a manifestação de
Espírito de pessoa viva
ela não pode estar em
estado de vigília, mas
dormindo ou em êxtase,
tomando-se como base o
que se encontra na
Codificação. Sobre isso
temos dois estudos,
produto de pesquisas
mais aprofundadas,
disponíveis em nosso
site
,
razão pela qual não
estenderemos mais em
nossos argumentos; pois
estes já estão
desenvolvidos neles.
Recentemente, ao lermos
uma mensagem intitulada
“Kardec e Napoleão”,
gratuitamente,
distribuída pelo Grupo
Espírita Os mensageiros,
que, na verdade, é um
dos capítulos da obra
Cartas e Crônicas,
surgiu-nos algo novo que
ainda não havíamos
despertado.
O Espírito Irmão X,
codinome de Humberto de
Campos, narra, nesse
capítulo, uma reunião
acontecida, no mundo
espiritual, em 31 de
dezembro de 1799, do
qual destacaremos o
seguinte trecho:
No concerto das
brilhantes delegações
que aí formavam, com
toda a sua fulguração
representativa, surgiam
Espíritos de velhos
batalhadores do
progresso que voltariam
à liça carnal ou que a
seguiriam, de perto,
para o combate à
ignorância e à miséria,
na laboriosa preparação
da nova era da
fraternidade e da luz.
No deslumbrante
espetáculo da
Espiritualidade
Superior, com a
refulgência de suas
almas, achavam-se
Sócrates, Platão,
Aristóteles, Apolônio de
Tiana, Orígenes,
Hipócrates, Agostinho,
Fénelon, Giordano Bruno,
Tomás de Aquino, S. Luís
de França, Vicente de
Paulo, Joana D’Arc,
Teresa d’Ávila, Catarina
de Siena, Bossuet,
Spinoza, Erasmo, Milton,
Cristóvão Colombo,
Gutenberg, Galileu,
Pascal, Swedenborg e
Dante Alighieri, para
mencionar apenas alguns
heróis e paladinos da
renovação terrestre; e,
em plano menos
brilhante,
encontravam-se, no
recinto maravilhoso,
trabalhadores de ordem
inferior, incluindo
muitos dos ilustres
guilhotinados da
Revolução, quais Luiz
XVI, Maria Antonieta,
Robespierre, Danton,
Madame Roland, André
Chenier, Bailly, Camille
Desmoulins e grandes
vultos como Voltaire e
Rousseau.
Depois da palavra rápida
de alguns orientadores
eminentes, invisíveis
clarins soaram na
direção do plano carnal
e, em breves instantes,
do seio da noite, que
velava o corpo ciclópico
do mundo europeu,
emergiu, sob a custódia
de esclarecidos
mensageiros, reduzido
cortejo de sombras, que
pareciam estranhas e
vacilantes, confrontadas
com as feéricas
irradiações do palácio
festivo.
Era um grupo de almas,
ainda encarnadas,
que, constrangidas pela
Organização Celeste,
remontavam à vida
espiritual, para a
reafirmação de
compromissos.
À frente, vinha
Napoleão, que
centralizou o interesse
de todos os
circunstantes. Era bem o
grande corso, com os
seus trajes habituais e
com o seu chapéu
característico.
[…]
O celeste emissário,
sorrindo com
naturalidade, ergueu-o,
de pronto, e procurava
abraçá-lo, quando o Céu
pareceu abrir-se diante
de todos, e uma voz
enérgica e doce, forte
como a ventania e
veludosa como a ignorada
melodia da fonte,
exclamou para Napoleão,
que parecia eletrizado
de pavor e júbilo, ao
mesmo tempo:
– Irmão e amigo, ouve
a Verdade, que te
fala em meu espírito!
Eis-te à frente do
apóstolo da fé, que, sob
a égide do Cristo,
descerrará para a Terra
atormentada um novo
ciclo de conhecimento…
César ontem, e hoje
orientador, rende o
culto de tua veneração,
ante o pontífice da luz!
Renova, perante o
Evangelho, o compromisso
de auxiliar-lhe a obra
renascente!…
[…]
Recorda que, obedecendo
a injunções do
pretérito, renasceste
para garantir o
ministério espiritual do
discípulo de Jesus que
regressa à experiência
terrestre, e vale-te
da oportunidade para
santificar os excelsos
princípios da bondade e
do perdão, do serviço e
da fraternidade do
Cordeiro de Deus, que
nos ouve em seu
glorificado sólio de
sabedoria e de amor!
Se honrares as tuas
promessas, terminarás a
missão com o
reconhecimento da
posteridade e escalarás
horizontes mais altos da
vida, mas, se as tuas
responsabilidades forem
menosprezadas, sombrias
aflições amontoar-se-ão
sobre as tuas horas, que
passarão a ser gemidos
escuros em extenso
deserto…
Dentro do novo século,
começaremos a preparação
do terceiro milênio do
Cristianismo na Terra.
Novas concepções de
liberdade surgirão para
os homens, a Ciência
erguer-se-á a
indefiníveis
culminâncias, as nações
cultas abandonarão para
sempre o cativeiro e o
tráfico de criaturas
livres, e a religião
desatará os grilhões do
pensamento que, até
hoje, encarceram as
melhores aspirações da
alma no inferno sem
perdão!…
Confiamos, pois, ao teu
espírito valoroso a
governança política dos
novos eventos e que o
Senhor te abençoe!…
Cânticos de alegria e
esperança anunciaram nos
céus a chegada do século
XIX e, enquanto o
Espírito da Verdade,
seguido por várias
coortes resplandecentes,
voltava para o Alto, a
inolvidável assembleia
se dissolvia…
O apóstolo que seria
Allan Kardec,
sustentando Napoleão nos
braços, conchegou-o de
encontro ao peito e
acompanhou-o,
bondosamente, até
religá-lo ao corpo de
carne, no próprio leito.
Se, nessa assembleia,
estavam presentes tanto
Platão, quanto Kardec,
que se incumbiu de
conduzir Napoleão ao
corpo físico, entendemos
que não podem ser o
mesmo personagem
espiritual; são,
portanto,
individualidades
distintas uma da outra.
O que é facilmente
corroborado com as
manifestações de Platão,
constantes em O Livro
dos Espíritos e em
alguns fascículos da
Revista Espírita,
que foram mencionadas no
início desse artigo.
Só se tornam a mesma
personalidade, quando se
força a barra, para
fazer uma linha de
reencarnações de Kardec,
finalizando em Chico
Xavier.
Caso optássemos por usar
a forma utilizada nos
títulos de alguns
textos, como se vê por
aí na Web, esse aqui
poderia ter o seguinte
título: “Chico desmente
que Kardec foi Platão”.
Referências
bibliográficas:
KARDEC, A. Revista
Espírita 1859.
Araras, SP: IDE, 1993.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1860.
Araras, SP: IDE, 2000.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1867.
Araras, SP: IDE, 1999.
XAVIER, F. C. Cartas
e Crônicas. Rio de
Janeiro: FEB, 1988.
Paulo Neto mantém na
internet o website
www.paulosnetos.net