Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 17)
Damos sequência
ao estudo metódico
e sequencial do
livro Sexo e Obsessão,
obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A. Por que a
presença do amor
é importante nas
atividades da
Casa Espírita?
São de Irmão
Anacleto,
orientador de
Manoel Philomeno
de Miranda na
obra que ora
estudamos, as
seguintes
palavras:
“Quando o amor
dirige os
sentimentos e o
pensamento, as
ações,
inegavelmente,
são corretas e
dignificadoras”.
Essa frase
explica tudo.
Segundo o mesmo
Instrutor
espiritual, o
Espiritismo “é a
chave que
decifra os
enigmas
existenciais”.
“Vivê-lo com
simplicidade,
desvesti-lo das
complexidades
com que algumas
pessoas desejam
envolvê-lo, por
preferirem
sempre as
complicações ao
equilíbrio, é
dever de todos
nós, encarnados
e desencarnados,
que lhe somos
afeiçoados.”
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 8:
Atendimento
fraterno.)
B. Padre Mauro
procurou o Bispo
para
confessar-se?
Sim. Estando os
dois em um
ambiente
adequado dentro
do Palácio
Episcopal, o
jovem sacerdote
aproximou-se,
ajoelhou-se aos
pés do Bispo e,
cobrindo o rosto
com as mãos, em
tentativa
infantil de
ocultar a
vergonha que o
vergastava,
desabafou:
“Pequei... E
pequei
gravemente. Para
o meu erro não
sei se há
perdão. O meu é
o crime mais
vergonhoso que
pode acontecer,
e quase não
tenho forças
para
confessá-lo”.
Ato contínuo,
descreveu os
atos que tanta
vergonha lhe
causavam.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
C. Qual foi a
reação do Bispo
ante a confissão
de Mauro?
Ele ficou
profundamente
chocado e mais
de uma vez se
agitou, fazendo
esforço para
controlar-se,
ante a
desesperação que
o assaltou. Ele
jamais
imaginaria tão
grave ocorrência
no seio do seu
rebanho, e
especialmente em
alguém que fora
preparado para
ser pastor. Ao
término da
confissão, ele
disse palavras
muito duras ao
padre, a quem
dirigiu inúmeras
perguntas: “Como
pôde, por tanto
tempo, viver uma
existência de
abominação de
tal monta, sem
nada comunicar
ao seu
confessor? Que
tem feito da fé
religiosa que
abraça e denigre
com a sua
conduta
desvairada? Onde
pôs o coração,
ferindo vidas em
formação e
desencadeando a
ira celeste? Que
espera da
Igreja, que vem
sofrendo
inconcebíveis
perseguições,
face à fuga dos
seus sacerdotes
e monjas, que
abandonam os
compromissos e
se entregam às
dissoluções dos
costumes
modernos?”
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
Texto para
leitura
79.
Quando o amor
dirige o
pensamento...
– As consultas
continuavam o
seu curso normal
e Philomeno não
conseguia
esconder seu
contentamento.
Ele estava em um
Ambulatório de
emergência
espiritual para
atendimento aos
sofredores e
desafortunados
da Terra, sem
complexidades
nem exigências
descabidas, no
qual o amor, a
vera
fraternidade, a
compaixão e a
caridade
davam-se as
mãos, em
tentativas
felizes de bem
servir. Irmão
Anacleto
observou:
“Quando o amor
dirige os
sentimentos e o
pensamento, as
ações,
inegavelmente,
são corretas e
dignificadoras.
O Espiritismo é
a chave que
decifra os
enigmas
existenciais.
Vivê-lo com
simplicidade,
desvesti-lo das
complexidades
com que algumas
pessoas desejam
envolvê-lo, por
preferirem
sempre as
complicações ao
equilíbrio, é
dever de todos
nós, encarnados
e desencarnados,
que lhe somos
afeiçoados”.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 8:
Atendimento
fraterno.)
80. Padre
Mauro
confessa-se ao
Bispo –
Na tarde
seguinte, o
Mentor convidou
Philomeno a
seguir ao
Palácio
Episcopal, para
onde seguira o
padre Mauro,
havia poucos
minutos.
Adentraram a
Casa palaciana,
cujas paredes,
revestidas de
seda brilhante,
estavam
adornadas com
telas de grande
beleza, exibindo
o luxo e o poder
terreno, o piso
recoberto por
tapetes espessos
e mobiliada a
caráter e
capricho. Era a
primeira vez que
Philomeno
visitava um
solar daquela
natureza.
Transcorrido o
tempo próprio,
Sua Eminência
apareceu,
sorridente e
agradavelmente
surpreendido com
a presença do
sacerdote, em
quem reconhecia
uma pessoa
dotada de
possibilidades
amplas para o
serviço
religioso,
acrescidas de
sua aparência
física, sua
inteligência
brilhante e seu
magnetismo.
Mauro, não
podendo ocultar
o conflito,
solicitou ao
dignitário que o
recebesse em
particular, pois
necessitava do
conforto de
urgente
confissão.
Tomado de
surpresa, o
pastor religioso
interrogou se o
assunto era tão
grave, no que
foi informado
positivamente.
Convidando-o à
intimidade da
capela interna,
que era mantida
no edifício para
celebrações
particulares e
reflexões
pessoais,
preparou-se,
seguindo a
convenção do
ritual,
persignou-se, e
aguardou. O
jovem
aproximou-se,
ajoelhou-se-lhe
aos pés, e
cobrindo o rosto
com as mãos, em
tentativa
infantil de
ocultar a
vergonha que o
vergastava,
desabafou:
“Pequei... E
pequei
gravemente. Para
o meu erro não
sei se há
perdão. O meu é
o crime mais
vergonhoso que
pode acontecer,
e quase não
tenho forças
para
confessá-lo”.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
81. O
Bispo fica
chocado ante a
confissão de
Mauro –
Profundamente
chocado, o
confessor,
preservando a
serenidade,
solicitou-lhe a
narrativa, antes
que emitisse seu
julgamento, para
o qual não tinha
condições,
ouvindo,
estupefato,
detalhe a
detalhe, toda a
trajetória de
ações ignóbeis
realizadas pelo
seu sacerdote.
Agitou-se, mais
de uma vez,
fazendo esforço
para
controlar-se,
ante a
desesperação que
o assaltou.
Jamais
imaginaria tão
grave ocorrência
no seio do seu
rebanho, e
especialmente em
alguém que fora
preparado para
ser pastor.
Conteve-se,
rogando
silenciosamente
a proteção de
Jesus. O infeliz
nada ocultou,
descendo a
esclarecimentos,
alguns
escabrosos, até
a ocorrência da
véspera, quando
pensava em
cometer mais um
terrível pecado,
havendo sido
surpreendido
pela diretora do
Educandário, que
o mandou sair, e
não sabia o que
estava
acontecendo
desde então... A
narração foi
dolorosa para
ambos. A
experiência,
porém, do senhor
Bispo, e a sua
sinceridade no
cumprimento do
dever ante a
Religião que
professava,
puderam
proporcionar
alguma indicação
para a tragédia
existencial do
atormentado
rapaz. Com a voz
embargada, o
dignitário
interrogou:
“Mais alguém
está informado
desses nefandos
acontecimentos?”
– “Que eu saiba,
não, Eminência”
- respondeu o
jovem em
lágrimas.
“Apenas dona
Eutímia tem
conhecimento
deles?” - voltou
a indagar.
“Penso que sim”
- disse,
sucumbido, o
rapaz. “Então
aguardemos,
porque amanhã
deverei
atendê-la e ao
esposo, que me
solicitaram uma
audiência.
Estamos diante
de uma situação
lamentável e
insuportável.
Como pôde, por
tanto tempo,
viver uma
existência de
abominação de
tal monta, sem
nada comunicar
ao seu
confessor? Que
tem feito da fé
religiosa que
abraça e denigre
com a sua
conduta
desvairada? Onde
pôs o coração,
ferindo vidas em
formação e
desencadeando a
ira celeste? Que
espera da
Igreja, que vem
sofrendo
inconcebíveis
perseguições,
face à fuga dos
seus sacerdotes
e monjas, que
abandonam os
compromissos e
se entregam às
dissoluções dos
costumes
modernos? Tenho
a impressão de
que o demônio
está desafiando
o trono de São
Pedro,
corroendo-o
internamente.
Volte ao lar e
submeta-se à
penitência que
lhe irei
estabelecer,
enquanto ouvirei
a digna senhora
e o seu esposo,
para tomarmos as
providências que
o fato horrível
exige”. (Sexo
e Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
82. Mauro
sai cambaleante
da casa
episcopal
– Após um
silêncio
constrangedor, o
Bispo informou:
“Não poderei
absolvê-lo do
pecado, sem
conhecer a outra
face da questão,
que certamente
me será narrada
amanhã,
exigindo-me
meditações e
consulta aos
códigos do
Direito
Canônico, para
posterior
definição de
rumos. Por
agora,
recolha-se à
Casa Paroquial,
não celebrando
qualquer ato
litúrgico, cuja
suspensão será
justificada como
decorrência de
alguma
enfermidade, até
segunda ordem,
quando o
chamarei para
apresentar-lhe o
resultado das
providências
tomadas. Que
Deus o perdoe e
o ampare, porque
eu não tenho
condições de
fazê-lo. Vá em
paz e não volte
a piorar a
própria
situação,
repetindo a
sandice". Padre
Mauro
levantou-se
cambaleante,
muito pálido,
tomando o rumo
do lar. Segundo
Philomeno, o
Bispo era um
homem dedicado e
sincero em
relação àquilo
em que
acreditava,
exercendo o seu
apostolado com
elevação e
nobreza.
Certamente
conhecia as
misérias
humanas, que lhe
chegavam aos
ouvidos com
frequência, em
razão das
confissões
auriculares... O
trágico drama do
seu sacerdote,
porém, feriu-o
profundamente.
Homem de idade,
com quase toda a
existência
dedicada ao
pastoreio,
acreditava nos
dogmas da sua Fé
religiosa e nas
diretrizes da
sua Igreja.
Assim, após a
saída do jovem
atônito, também
ele, encurralado
pelos conflitos,
aproximou-se do
altar-mor e
ajoelhou-se,
mergulhando nas
águas bonançosas
da oração ungida
de contrição.
Ali ficou por
mais de uma
hora, quando se
levantou, a fim
de atender aos
demais
compromissos que
lhe diziam
respeito. A
confissão do
desesperado,
porém,
continuava
ressoando na
acústica da sua
alma sensível.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
83. O
médium Ricardo
atende
pessoalmente os
consulentes
– De volta à
Instituição
Espírita, a fim
de acompanhar o
atendimento
fraternal sob a
responsabilidade
do médium
Ricardo,
Philomeno pôde
assistir à
palestra que o
referido médium
fez sobre o tema
“Conquista da
consciência ante
o conhecimento
espírita”. As
pessoas
acompanhavam o
raciocínio do
expositor,
extasiadas umas,
comovidas
outras... e
cochilando
algumas,
claramente
vinculadas a
Entidades que as
anestesiavam
para que, embora
presentes, não
participassem do
aprendizado e
não fruíssem as
energias
salutares que
mantinham a
psicosfera
ambiente.
Transcorrida uma
hora, mais ou
menos, após o
encerramento da
reunião
doutrinária, as
pessoas passaram
a conversar
fraternalmente,
preservando o
ambiente de
simpatia e de
bem-estar,
enquanto os
candidatos ao
atendimento com
o médium
acomodavam-se em
lugares adrede
reservados,
facultando um
pouco de
refazimento ao
amigo expositor.
Ato contínuo,
começou a
atividade
espiritual
relevante.
Alguém se
encarregava de
convidar a
adentrar-se em
pequena sala
cada um daqueles
que haviam sido
selecionados.
Jovial e de bom
humor, o médium
recebia-os,
amparado pela
sua Mentora, e
conversava com
tranquilidade,
transferindo
energias
saudáveis aos
aflitos, que se
acalmavam,
esperança aos
alucinados e
cépticos, paz
aos desesperados
que saíam com
outras
disposições,
bendizendo a
Deus a
oportunidade da
breve
convivência.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
84. O
casal que
perdera o filho
recebe uma ótima
notícia
– Entre as
pessoas a serem
atendidas,
encontrava-se o
casal cujo filho
desencarnara de
maneira
intempestiva e
trágica. O
casal, em
extrema aflição,
adentrou a
pequena sala e,
após sentar-se,
permaneceu em
singular
silêncio, no
qual extravasava
sem palavras
toda a angústia
da saudade, toda
a dor da
separação.
Compreendendo o
que se lhe
passava no
íntimo, após
saudá-lo com
bondade, o
médium
esclareceu: “A
morte é a grande
libertadora que
nos merece
respeito e
carinho. Não
poucas vezes
revoltamo-nos
com a sua
ocorrência,
quando nos toma
o ser querido,
aquele que é a
luz dos nossos
olhos, o hálito
da nossa
existência,
levando metade
da nossa vida
com aquela que
arrebata... Tudo
isso tem lugar,
porque não
conhecemos a
Imortalidade.
Quando a luz do
Mundo Maior
clarear nossas
mentes e
pudermos
compreender que
morrer é
libertar-nos,
facultando que
volvamos a estar
juntos mais
tarde, será
bem-vinda, não
constituindo
tragédia nem
motivo de
aflição”. O
casal ouvia-o
surpreso, pois
nada houvera
dito. E olhavam
o médium com
simpatia e
esperança,
quando ele
prosseguiu:
“Marcos, o filho
querido, não
morreu.
Transferiu-se
para um mundo
melhor, sem
dores, sem
separação e sem
amarguras... Ele
aqui está
conosco. Posso
vê-lo e
ouvi-lo...”.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 9:
Lutas e
provações
acerbas.)
(Continua no
próximo número.)