Um leitor pergunta-nos por
que as palavras bocaiuva
e feiura perderam o
acento gráfico que
ostentavam até alguns anos
atrás.
De fato, conforme já
tratamos anteriormente nesta
mesma seção, as palavras
citadas eram graficamente
acentuadas – bocaiúva e
feiúra – até que entrou em
vigor o novo Acordo
Ortográfico firmado pelos
países que adotam
oficialmente o idioma
português.
A regra pertinente ao caso
estabelece que nas palavras
paroxítonas não mais
se acentuam as letras i
e u se vierem depois
de um ditongo decrescente
(ai, ao, au, ei, ui...).
Exemplos:
feiura, bocaiuva,
baiuca, taoismo,
maoista, Maiume
(nome próprio), cheiinho
(cheio), saiinha
(saia pequena).
Aos leitores não versados
nos termos e expressões
usuais nos estudos do
idioma, eis um pequeno
glossário:
Paroxítona:
palavra que tem o acento
tônico na penúltima sílaba
(ex.: amamos, degredo, ilha,
órfão, tudo, nada,
Fernando).
Ditongo:
reunião de dois sons
vocálicos numa só sílaba
(ex.: ai, ão, ei, eu, iu, õe,
oi, ui).
Ditongo
decrescente: o que é
composto por uma vogal
seguida de uma semivogal
(como ei em reinado,
eu em pneu).
Vogal:
som da linguagem produzido
pela vibração da laringe com
a ajuda da boca mais ou
menos aberta (ex.: [a] é uma
vogal oral e [ã] é uma vogal
nasal). Diz-se também que
vogal é, em estudos
linguísticos, a letra
representativa desse som
(ex.: a, e, i, o, u são as
vogais do idioma português).
Semivogal:
vogal de menor intensidade
que faz parte de um ditongo,
como i em maior. A
diferença fundamental entre
vogais e semivogais está no
fato de que estas últimas
não desempenham o papel de
núcleo silábico. Na palavra
pai, o fonema vocálico que
se destaca é o a. Ele
é a vogal. O outro fonema
vocálico (i) não é tão forte
quanto o primeiro: ele é a
semivogal.
*
Lembremos que a regra nova,
mencionada no preâmbulo,
aplica-se às palavras
paroxítonas, ou seja,
continuam sendo acentuadas
as letras i e u
que vierem depois de um
ditongo decrescente (ao, au,
ei, ui...), quando fizerem
parte de palavras oxítonas.
Exemplos:
Piauí, tuiuiú, teiú.