Um leitor do Rio de Janeiro
(RJ), em mensagem publicada
na seção de Cartas desta
mesma edição, escreveu-nos o
seguinte:
Caros amigos, boa noite.
Assisti pelo YouTube a uma
palestra na qual o orador
diz que Allan Kardec, no
início de seu trabalho
espírita, chegou a evocar a
alma de um pássaro, para
saber o que teria acontecido
com seus filhotes comidos
por um gato. Por achar
estranho tal fato, procurei
no Livro dos Médiuns
o relato feito pelo orador,
porque na palestra ele diz
que o fato consta do
mencionado livro escrito por
Kardec. Como nada encontrei,
pergunto: - Kardec realmente
evocou pássaros ou qualquer
outro animal desencarnado?
O link que leva à palestra é
este: https://www.youtube.com/watch?v=EIObS4W1rR8
A informação a respeito da
evocação de um pássaro feita
por Kardec está a partir do
minuto 17 da palestra
mencionada.
Antes de responder ao
leitor, fomos conferir a
informação que ele consignou
em sua mensagem e, para
surpresa e espanto nosso,
vimos que realmente o orador,
na palestra em causa, declarou com toda a
ênfase que Allan Kardec, o
codificador do Espiritismo,
evocou uma ave – “a mamãe
pintassilga” – conforme a
expressão utilizada pelo
palestrante, acrescentando
que o episódio
está devidamente registrado em O
Livro dos Médiuns.
Segundo foi dito na palestra, a pintassilga manifestou-se na
reunião mediúnica e
conversou com Kardec
“dizendo que estava triste,
que perdeu seus filhotinhos
e que estava abalada com a
desencarnação dela”. Os
filhotes e sua mãe, de
acordo com o palestrante,
haviam sido comidos por um
gato, motivo pelo qual
Kardec teria feito a
evocação descrita.
Em verdade, nada disso
ocorreu. O Livro dos
Médiuns não faz
referência alguma a esse
episódio, tal como foi
relatado.
Eis o que Kardec consignou
no cap. XXV, item 283, da
obra citada:
Um senhor tinha em seu
jardim um ninho de
pintassilgos, pelos quais se
interessava muito. Certo
dia, desapareceu o ninho.
Tendo-se certificado de que
ninguém da sua casa era
culpado do delito, como
fosse ele médium,
teve a ideia de evocar a mãe
das avezinhas. Ela veio
e lhe disse em muito bom
francês:
"A ninguém acuses e
tranquiliza-te quanto à
sorte de meus filhinhos; foi
o gato que, saltando,
derribou o ninho;
encontrá-lo-ás debaixo dos
arbustos, assim como os
passarinhos, que não
foram comidos."
Feita a verificação,
reconheceu ele exato o que
lhe fora dito. Dever-se-á
concluir ter sido o pássaro
quem respondeu? Certamente
que não; mas, apenas, um
Espírito que conhecia a
história. Isso prova quanto
se deve desconfiar das
aparências e quanto é
preciosa a resposta acima:
evoca um rochedo e ele te
responderá. (O Livro dos
Médiuns, cap. XXV, item
283.)
(Negritamos.)
Note o leitor como Kardec
tratou seriamente do caso e
observou com toda a clareza
que, como é óbvio, havia
sido um
Espírito que se manifestara
ao médium e proprietário dos
pintassilgos.
Ademais, o gato – o vilão da
história relatada – não
comeu filhote nenhum, muito
menos a mãe deles.
Quanto ao Codificador,
apenas relatou os fatos e não
fez evocação nenhuma.
Respondendo, por fim, à
pergunta proposta pelo
leitor, podemos afirmar
categoricamente que Allan
Kardec jamais evocou
pássaros ou qualquer outro
animal.
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