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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 501 - 29 de Janeiro de 2017

FLÁVIO BASTOS DO NASCIMENTO
bastosdonascimento@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)

 

 

O estresse

 
Estresse, originado da língua inglesa, stress, pode ser definido como toda forma de pressão, a qual, exercida com certa frequência sobre alguém, que a recebe na forma de carga emocional, termina por gerar algum distúrbio comportamental.

O fenômeno não é novo; contudo, como tudo o que diz respeito a nós, seres humanos, nos acompanha desde os tempos mais remotos e tem se intensificado nestes tempos de acontecimentos intensos e atropelados, na velocidade vertiginosa do furacão da denominada “pós-modernidade” ou, para acompanharmos o pensamento de Zygmunt Bauman1, da “modernidade líquida”, onde tudo é fluido, amorfo, imponderável.

Nestes dias de tumulto planetário, a perturbação é generalizada, globalizada e, portanto, não respeita as fronteiras geográficas convencionadas pelos homens nem as estratificações artificiais, impostas pelos interesses econômicos (leia-se, interesses egoísticos), escalando todos os degraus das pirâmides sociais.

Com o avizinhamento da Nova Era, se faz mais intenso o entrechoque entre as duas gerações espirituais, a que chega e aquela que se vê obrigada a se adequar aos novos tempos ou a gravitar para planetas adequados a Espíritos afinizados a expiações e que ainda necessitam submeter-se a duras provações – o nosso amado orbe terráqueo avança para o estágio mais equilibrado da regeneração (re-generação), no qual não haverá mais o império das forças ligadas ao mal, mas, sim, o equilíbrio entre os dois pratos da balança e tudo que é ligado ao Bem, ao belo e ao útil ganhará maior destaque. A parcela da humanidade ligada à Terra poderá, então, respirar aliviada, ganhando fôlego para prosseguir na escalada evolutiva, eis que ainda nos encontramos muito distanciados da angelitude.

Estes são os dias antevistos por todas as tradições proféticas, momentos decisivos para a nossa jornada espiritual, nos quais não cabem mais vacilações ou recuos. A tensão é palpável e a angústia se apodera de corações e mentes invigilantes, conduzindo muitos aos consultórios médicos, acometidos das mais variadas distonias orgânicas, como insônia, úlceras gástricas, queda de cabelo, perda ou ganho acentuados de massa corporal, no que se acordou denominar de doenças psicossomáticas (de psique, alma + soma, corpo), o que força as ciências médicas e psicológicas a reencontrarem uma visão holística do ser humano, em sua composição triunívoca de corpo (perispirítico e físico, dentre outros), mente (subconsciente, consciente e superconsciente) e espírito imortal, centelha nascida da Divindade Amorosa, no dizer dos Invisíveis que trabalharam na Codificação organizada por Kardec, todos sob a égide do Cristo de Deus, “princípio inteligente”2 esse que já estagiou por longos e imemoráveis períodos de tempo nos reinos mineral, animal e ora no hominal, a caminho, por enquanto longínquo, do angelical. Assim é que tudo se encadeia na Natureza, “desde o átomo primitivo até o arcanjo”3.

Esta manifestação que chamamos hoje comumente de estresse foi observada de maneira científica primeiramente por Hans Selye4 e sua equipe no Canadá, por volta das décadas de 40 e 50 do século XX e catalogada como Síndrome de Adaptação Geral, na qual podem se notar três fases principais e distintas, de alarme, de resistência e de exaustão.

Em um primeiro momento, as glândulas adrenais liberam descargas de adrenalina e cortisona em altas dosagens, o que gera aceleração dos batimentos cardíacos e constrição dos vasos sanguíneos, em preparação para a fuga ou para o confronto; em sequência, mantido o estado de tensão, de estresse, o organismo, como é natural, tende à homeostase, ao reequilíbrio, se esforçando por se adequar à situação vivenciada, no entanto, se a situação estressora perdura, atinge-se a fase da exaustão, a qual pode, inclusive, culminar com a morte, a desagregação molecular de todo o arcabouço físico.

Vale destacar que em que pese a conotação negativa relacionada costumeiramente ao termo estresse, tal qual acontece ao vocábulo carma, que significa apenas ação, ou ação e reação, nem sempre ele advém de uma situação considerada como ruim, quais sejam, a desencarnação abrupta de um ente querido, as perdas de posições socioeconômicas ou o desfazimento intempestivo de vínculos afetivos, podendo ser notado, igualmente, na iminência do tão sonhado enlace matrimonial que se aproxima, na almejada promoção profissional ou no há muito desejado nascimento de um(a) filho(a).

Como a maioria de nós não gosta de sofrer, salvo os masoquistas, e nem mesmo nós, os espiritistas, queremos desencarnar tão cedo, apesar do estágio aqui na crosta ser pintado de maneira tão sombria, importa considerar algumas táticas e técnicas, traçando as nossas estratégias para lidarmos com adversário tão ardiloso como o estresse.

 Neste campo, dispomos de todo um arsenal, de uma diversificada gama de ferramentas hábeis a nos fornecerem o tão sonhado equilíbrio nas adversidades, quais sejam:

- a oração sincera, que brota do coração e que nos vincula a seres espirituais mais adiantados que nós e, até mesmo, aos encarregados de nos guiarem e de velarem pelo nosso crescimento, os nossos anjos guardiões;

- a meditação, que apazigua mente e corpo, favorecendo a sinergia entre eles, por meio da disciplina mental e emocional;

- as bioenergias, manejadas diuturnamente nas casas e nos lares espíritas, com a fluidoterapia do passe e da água;

- a alimentação saudável e equilibrada que, aliás, é a onda do momento, em que se apregoa o retorno ao “slow food” e o abandono do “fast food”;

- a prática de exercícios físicos com regularidade, podendo cada um de nós escolher aqueles que mais nos agradam, o que permitirá a persistência neste bom hábito;

- as leituras prazerosas quão edificantes, dentro e fora da literatura espírita e a cinematografia de idêntico teor;

 - a utilização de terapias alternativas, como a ioga, a acupuntura, as massagens e a musicoterapia;

- o apoio de profissionais especializados e gabaritados das ciências psicológicas, antes de alcançarmos neuropatias mais complexas;

- acima de tudo, a maior empreitada de todas, a busca do encontro com o Cristo que vem nos convidando, há dois mil anos, a implantarmos em nosso íntimo o Reino de Deus:

“Não se turbe o vosso coração”5;

“A minha paz vos dou, a minha paz vos deixo; não a dou como o mundo vo-la dá”6.

Tudo para que alcancemos o estado íntimo de pacificidade, que jamais será de passividade, antes, de empenho incansável na melhoria de nós e de todos que nos cercam.

Sem estresse!!

 

____________________________ 

1 Zygmunt Bauman (Poznań, 19 de novembro de 1925) é um sociólogo polonês. Serviu na Segunda Guerra Mundial pelo exército da União Soviética e conheceu sua esposa, Janine Bauman, nos acampamentos de refugiados polacos https://pt.wikipedia.org/wiki/Zygmunt_Bauman - cite_note-:0-2. Nos anos 40 e 50 foi militante entusiasmado do Partido Comunista Polaco, até se desligar da organização devido ao fracasso das experiências socialistas no leste europeu.

2 Parte da resposta à pergunta de no. 23, de O Livro dos Espíritos.

3 Parte da resposta à pergunta de no. 540, de O Livro dos Espíritos.

4 Hans Hugo Bruno Selye, (em húngaro: Selye János) (Viena, Áustria-Hungria; 26 de janeiro de 1907  Montreal, Quebec, Canadá; 16 de outubro de 1982) foi um endocrinologista de etnicidade húngara, nascido na antiga Áustria-Hungria.

5 João, 14:1.

6 João, 14:27.




 


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