ROGÉRIO MIGUEZ
rogmig55@gmail.com
São José dos Campos, SP
(Brasil)
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No ano novo, a vida é
nova?
Quando o final de mais
um ano se aproxima,
surge muita expectativa
sobre o próximo, quando
acreditamos tudo será
diferente.(1)
Começamos a sonhar,
idealizando as coisas
boas desejadas e não
realizadas no período a
se findar, entretanto,
segundo o nosso
entendimento, certamente
no próximo ano se
tornarão realidade. É de
se esperar esta posição,
nada a condenar.
Enchemo-nos de
esperança, afinal, o que
passou, passou, agora é
olhar para frente com
fé, e nada melhor do que
um ano novinho em folha
para nos insuflar a
confiança.
Não há a menor dúvida
sobre a propriedade do
pensamento positivo, faz
bem e é salutar,
contudo, reflitamos:
como esperar uma vida
melhor se não
construirmos os caminhos
a nos conduzir para
estes momentos de
alegria, satisfação e de
prazer em viver?
A natureza não dá
saltos, ensina a
Doutrina, e a nossa
evolução também não se
dá aos pulos. Tudo
acontece gradativamente,
em resposta direta aos
nossos esforços em nos
melhorarmos, se não
fosse assim, algo
estaria errado na
providência divina,
pois, por acaso, sem
empenho e trabalho,
poderíamos acordar
melhores do que somos,
ao longo de apenas uma
noite, exatamente a
noite da virada do ano:
o espírita está muito
bem informado sobre a
inexistência do acaso.
Esclarece o Espiritismo
ser necessário repetir
testemunhos de
aprendizado e renovação,
dia após dia, em razão
de ninguém evoluir em um
dia apenas e para um dia
somente. De modo a
consolidar reais avanços
em nossas virtudes e
conhecimentos, deve
haver trabalho e
dedicação persistentes
de nossa parte para com
convicção esperarmos
algo melhor do futuro.
Por outro lado, não
basta apenas pedir a
Deus, é preciso dar
sustentação ao pedido
através de boas ações,
continuamente, por largo
tempo.
Tomemos como exemplo o
querido Francisco
Cândido Xavier. No livro
No Mundo de Chico
Xavier1,
Elias Barbosa fez um
exercício matemático
aproximado descortinando
alguns números da vida
do médium mineiro, após
40 anos de atividades
mediúnicas, isto se deu
em 1967. Chico teria
participado de 6240
reuniões; haveria
realizado 1.000.000 de
contatos pessoais;
totalizava 73.000 horas
de serviço doutrinário,
na base de cinco horas
diárias, equivaleria a 8
anos, 12 dias e 10 horas
de tempo integral de
vida dedicado à
Doutrina, entre outras
muitas atividades,
inclusive profissionais.
É claro não se esperar
obra de tamanho vulto de
todos nós, Espíritos
ainda muito acanhados e
noviços na prática do
bem, nada obstante, nos
dão uma dimensão a ser
atingida no futuro, do
significado de trabalhar
na seara bendita.
O ano novo se
apresentará com novas
oportunidades de
aprendizado, é fato,
pois a Divindade sempre
nos proporciona novas
chances de evolução,
assim, não nos
aprisionemos ao passado,
somos imortais, nunca é
tarde para recomeçar,
aproveitemos, porquanto,
outras portas se
abrirão, avancemos,
sejamos agora
vitoriosos.
Confiemos em Deus, em
razão de já haver sido
dito: Ajuda-te e o céu
te ajudará. E como nos
ajudaremos? Trabalhando,
nos esforçando,
vigiando, orando,
estudando; sem estes
requisitos, jamais
poderemos aguardar novos
e iluminados horizontes,
pois tudo fica como
está, quando não
promovemos mudanças.
Sabemos ser o tempo
relativo, uma convenção,
teremos todo o tempo que
se fizer necessário para
alcançar a relativa
perfeição, contudo,
quando não aproveitamos
a oportunidade oferecida
na vida atual, o cenário
no futuro se modifica, e
a nova ocasião favorável
de aprendizado voltará,
porém, seguramente
modificada, normalmente
mais limitada.
Quando for ano novo
aqui, em outras regiões
do mundo ainda é ano
velho, e em outras
partes já estão no ano
novo faz algumas horas,
então, por maior que
seja a magia emprestada
àquela badalada do sino
soando à meia-noite
do dia 31 de
dezembro, observemos ser
tudo relativo, nada se
modificou no primeiro
segundo do primeiro
minuto da primeira hora
do primeiro dia do ano
que se inicia, tudo está
como sempre esteve. A
diferença aparecerá como
resultado de nossa
atitude ao longo deste
novo ano.
Alguns, mais
“precavidos”, acreditam
nos velhos costumes
criados ao longo do
tempo, assim, deliberam
segui-los à risca, sob
pena de, não os
praticando, serem
“amaldiçoados” no
futuro, afinal, se não
fizer bem, mal não faz,
argumentam! Há muita
superstição e fantasia,
entre tantas, podemos
elencar as seguintes:
ü
Entrar o ano com o pé
direito traz sorte e
felicidade, todavia,
para muitos é com o pé
esquerdo;
ü
Comer bolinho japonês;
ü
Vestir-se de branco,
afinal, a cor branca é a
cor da paz; vestindo-se
assim, certamente se
encontrará a tão
almejada pacificação
interior;
ü
Pular sete ondas, mas só
se for de costas;
ü
Tomar sopa de lentilha
traz fartura à mesa;
ü
Colocar uma nota de
dinheiro dentro do
sapato é garantia de
mais riquezas ao longo
do novo ano;
ü
Fazer oferendas, usar
fitas multicores no
pulso, andar com
patuás...
Nada disto tem qualquer
valor, já tendo afirmado
Emmanuel: o melhor
talismã é o bom coração.
Inventamos todo o tipo
de esdrúxulas práticas e
atitudes, em função de
nossa significativa
ignorância, visando
viabilizar a presença da
saúde, paz, fortuna e
alegria em nossas
existências, porém,
esquecemos: Deus não se
impressionará e jamais
se sensibilizará com
ações exteriores; toda
transformação deve
acontecer no nosso
interior.
Outros ainda se deixam
enganar pelos
autointitulados bruxos,
quiromantes,
feiticeiros, magos,
avidamente os procurando
em suas tendas.
Iludidos, assim o fazem,
de modo a serem
informados sobre o
próprio futuro, cruzando
os braços após as
consultas, porquanto o
porvir, segundo estes
aproveitadores da fé
pública, já estaria
delineado. Quão
distantes estamos de
Deus para darmos crédito
a supostas previsões
realizadas pelos
embusteiros de todos os
tempos.
Ajuda menos quem tarde
serve, sendo assim,
sirvamos agora, a hora é
esta, nem precisamos
esperar o próximo ano,
não deixemos para amanhã
aquilo a ser feito
agora.
Se realmente desejamos
um ano novo repleto de
alegrias,
modifiquemo-nos para
melhor, porquanto,
ninguém poderá promover
a nossa evolução, a não
ser nós mesmos.
(1)
O presente artigo foi
escrito em dezembro de
2016.
Referência:
1
BARBOSA, Elias. No
mundo de Chico Xavier.
1. ed. São Paulo:
Editora Calvário, 1968.
cap. 6. Diálogo com
Chico Xavier.