Será que nós, espíritas,
entendemos Kardec?
Kardec, em artigo
postado na Revista
Espírita de junho do ano
de 1858, e que recebeu o
título de “Os banquetes
magnéticos”, relata a
comemoração de dois
grupos de magnetizadores
que ocorre em Paris em
virtude da data de
aniversário de Mesmer,
pai desta Ciência.
A data é 23 de maio e a
comemoração dos grupos
ocorre no mesmo horário.
Convidado para as duas
“festas”, haja vista que
na época Kardec estudava
o magnetismo há 35 anos,
ele compareceu a uma
dessas reuniões, mas não
sem antes, de forma bem
humorada, brincar ao
afirmar que ainda não
tinha a ubiquidade e,
por isso, poderia
atender apenas a um
convite.
Brincadeiras à parte,
aborda Kardec sobre a
importância da união.
Ora, se os dois grupos
festejam o mesmo tema,
por qual razão não
confraternizam juntos?
Não ganharia - indaga
ele - o magnetismo se
todos estivessem unidos,
haja vista que celebram
os mesmos ideais e têm,
ambos os grupos, o mesmo
mestre?
Lançada em 1858, a
crítica de Kardec é
ainda bem atual. Poucos
são os homens que deixam
de lado o espírito de
competição para, de
fato, confraternizarem,
compartilharem e
reunirem-se, portando-se
como autênticos irmãos
em Cristo.
Recordo-me de
determinada instituição
religiosa, encravada em
pequena cidade do
interior brasileiro, que
fazia questão de
realizar eventos na
mesma data que as outras
instituições de sua
cidade.
Aquilo dividia o
público.
Todos perdiam.
Eu ficava a pensar:
Já que se trata de
pequena cidade, por qual
razão não realizam os
eventos em parceria? Ou,
então, ao menos, que
façam em datas
diferentes, dando opções
para a população da
cidade.
Pessoas generosas e de
bom coração ainda
tropeçam em algumas
suscetibilidades. A
Terra é morada de
Espíritos imperfeitos,
mas já está no momento
de quebrarmos este
paradigma e avançarmos.
Disse o Cristo que seus
discípulos serão
conhecidos por muito se
amarem. Kardec neste
ponto foi de uma
objetividade até
assustadora. Ora, se
todos têm o mesmo
mestre, por qual razão
confraternizam
separados?
Dias atrás, um amigo, o
José, recebeu ligação de
um dirigente de centro
espírita. Necessitava o
coordenador das
atividades espíritas de
alguém para palestrar.
José pediu que ele
sugerisse o tema. O
coordenador cravou, de
primeira:
- Os malefícios da
fofoca!
Depois dessa, cabe-nos
apenas refletir:
Será que nós, espíritas,
entendemos Kardec?