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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 501 - 29 de Janeiro de 2017

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Salvador, BA
(Brasil)

 

 
Será que nós, espíritas, entendemos Kardec?


Kardec, em artigo postado na Revista Espírita de junho do ano de 1858, e que recebeu o título de “Os banquetes magnéticos”, relata a comemoração de dois grupos de magnetizadores que ocorre em Paris em virtude da data de aniversário de Mesmer, pai desta Ciência.

A data é 23 de maio e a comemoração dos grupos ocorre no mesmo horário. Convidado para as duas “festas”, haja vista que na época Kardec estudava o magnetismo há 35 anos, ele compareceu a uma dessas reuniões, mas não sem antes, de forma bem humorada, brincar ao afirmar que ainda não tinha a ubiquidade e, por isso, poderia atender apenas a um convite.

Brincadeiras à parte, aborda Kardec sobre a importância da união. Ora, se os dois grupos festejam o mesmo tema, por qual razão não confraternizam juntos?  Não ganharia - indaga ele - o magnetismo se todos estivessem unidos, haja vista que celebram os mesmos ideais e têm, ambos os grupos, o mesmo mestre?

Lançada em 1858, a crítica de Kardec é ainda bem atual. Poucos são os homens que deixam de lado o espírito de competição para, de fato, confraternizarem, compartilharem e reunirem-se, portando-se como autênticos irmãos em Cristo.

Recordo-me de determinada instituição religiosa, encravada em pequena cidade do interior brasileiro, que fazia questão de realizar eventos na mesma data que as outras instituições de sua cidade.

Aquilo dividia o público.

Todos perdiam.

Eu ficava a pensar:

Já que se trata de pequena cidade, por qual razão não realizam os eventos em parceria? Ou, então, ao menos, que façam em datas diferentes, dando opções para a população da cidade.

Pessoas generosas e de bom coração ainda tropeçam em algumas suscetibilidades. A Terra é morada de Espíritos imperfeitos, mas já está no momento de quebrarmos este paradigma e avançarmos.

Disse o Cristo que seus discípulos serão conhecidos por muito se amarem. Kardec neste ponto foi de uma objetividade até assustadora. Ora, se todos têm o mesmo mestre, por qual razão confraternizam separados?

Dias atrás, um amigo, o José, recebeu ligação de um dirigente de centro espírita. Necessitava o coordenador das atividades espíritas de alguém para palestrar.  José pediu que ele sugerisse o tema. O coordenador cravou, de primeira:

 - Os malefícios da fofoca!

Depois dessa, cabe-nos apenas refletir:

Será que nós, espíritas, entendemos Kardec? 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita