WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Clássicos do Espiritismo
Ano 10 - N° 501 - 29 de Janeiro de 2017
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Comunicações mediúnicas entre vivos

 Ernesto Bozzano

 (Parte 11) 

Continuamos o estudo do livro Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires. 

Questões preliminares  

A. Nas comunicações mediúnicas que manteve com indivíduos encarnados, os chamados vivos, qual o fato que mais surpreendeu William Stead?  

Atendendo à sugestão de Júlia, William Stead pôs sua mão ao dispor de amigos que residiam a diversas distâncias e notou que quase todos eles se achavam em condições de se comunicarem, embora variasse muito a capacidade de manifestação. Alguns escreviam logo correntemente, com as suas próprias características de estilo, de forma, de caligrafia, desde as primeiras palavras, e prosseguiam desembaraçadamente como se estivessem escrevendo uma carta normal. Mas o que mais surpreendeu Stead foi a inconcebível franqueza de alguns amigos seus, dos quais ele conhecia a sensibilidade, a moderação e a reserva de que eram dotados e, no entanto, lhe declaravam, com toda a sinceridade, que se achavam em aperturas econômicas ou confessavam, sem disfarces ou reservas, outras coisas íntimas, de várias naturezas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

B. O estado de vigília, nesse tipo de fenômeno, é um empecilho à comunicação entre vivos?   

Sim. Bozzano diz que os fatos mostram isso. Caso o comunicante esteja no estado de vigília, é provável que no momento da comunicação ele tenha cochilado ou, então, passado para um estado de sonambulismo em vigília sem que os presentes o percebessem. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

C. Qual é a outra conclusão, a respeito de como ocorre o fenômeno, fortalecida pelos fatos ocorridos com William Stead? 

É a confirmação de um ensino teórico já extraído dos casos precedentes e que será mais do que nunca confirmado nos que seguem, a saber, nas comunicações mediúnicas entre vivos, estamos diante de verdadeiras e próprias conversas entre duas personalidades espirituais subconscientes, conversas transmitidas à personalidade consciente do médium por meio da escrita automática. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

Texto para leitura 

153. Atendendo à sugestão de Júlia, William Stead pôs sua mão ao dispor de amigos que residiam a diversas distâncias e notou que quase todos eles se achavam em condições de se comunicarem, embora variasse muito a capacidade de manifestação. Alguns escreviam logo correntemente, com as suas próprias características de estilo, de forma, de caligrafia, desde as primeiras palavras, e prosseguiam desembaraçadamente como se estivessem escrevendo uma carta normal. Confiavam-lhe seus pensamentos, informavam-no que tinham intenção de virem consultá-lo ou diziam como haviam passado o dia. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

154. Em tais conversações, já por si mesmas tão assombrosas, o que mais surpreendeu Stead foi a inconcebível franqueza de alguns amigos seus, dos quais ele conhecia a sensibilidade, a moderação e a reserva de que eram dotados. Ele estava bem certo de que nunca lhe teriam confiado certos segredos ou certas dificuldades financeiras e, entretanto, lhe declaravam, com toda a sinceridade, que se achavam em aperturas econômicas ou confessavam, sem disfarces ou reservas, outras coisas íntimas, de várias naturezas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

155. Tal circunstância lhe pareceu tão séria, do ponto de vista da convivência social, que um dia pediu explicações a Júlia, nos seguintes termos: “Os resultados que estou obtendo no meu novo campo de investigações estão me preocupando seriamente, pois me parece que não haveria mais segredos neste mundo se os outros procedessem como eu”, ao que ela respondeu: “Oh, não! Estás exagerando”, pelo que ele objetou: “Então como se explica que, por meio de minha mão, um amigo me revela segredos que pelas vias normais nunca confessaria?” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

156. Ela deu-lhe uma explicação em que nunca ele havia pensado. Disse ela: “Vossa personalidade real, ou espiritual, não confiará nunca a ninguém, por via mediúnica, coisas que considera dever conservar secretas e, se algumas vezes confia incidentes mais ou menos íntimos, faz isto em plena consciência. A diferença é que a vossa personalidade real, ou espiritual, pensa e julga, com relação ao valor intrínseco de um fato, de modo muito diferente de vossa personalidade normal”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

157. Stead perguntou-lhe: “Que queres dizer com a expressão personalidade real, ou espiritual?” Respondeu: “Vossa personalidade real, ou espiritual, o que chamais o vosso eu, inspeciona tanto a vossa mente consciente quanto a subconsciente, empregando a seu gosto uma e outra. Vossa mente consciente serve-se das faculdades sensoriais para se comunicar com os seus semelhantes quando estes se acham ao alcance das mesmas faculdades, que, portanto, são muito rudimentares em sua potencialidade. Não se dá o mesmo com as faculdades sensoriais da mente subconsciente, que são já um instrumento de comunicação muito mais sutil, refinado e eficaz, porquanto permanecem sempre como instrumento a serviço de vossa personalidade espiritual, que, quando deseja comunicar-se com alguma pessoa a distância, serve-se da mente subconsciente. Esta, porém, não se dá à tarefa absurda de revelar a outrem o que realmente deve ser mantido em segredo, tanto como não o faria, normalmente, pela conversação. Em suma, vossa personalidade real, ou espiritual, é senhora absoluta de seus instrumentos de comunicação.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

158. Stead indagou então: “Como tais comunicações são produzidas?” Ela assim respondeu: “Como? Os Espíritos do universo inteiro acham-se em contato entre si, de modo que podeis falar com a personalidade espiritual de qualquer pessoa no mundo, sem limite algum de distância, com a condição única de tê-la conhecido pessoalmente. Se podeis falar com uma pessoa que encontrardes na rua, pelo fato de lá a conhecerdes, podereis, pela mesma razão, conversar com ela em qualquer parte do mundo em que ela se achar, convidando-a a escrever pela vossa mão.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

159. Apesar dessa explicação, William Stead disse que não conseguia entrar em relações mediúnicas com todos os seus amigos e encontrava grande diferença no valor intrínseco de suas comunicações. Assim, por exemplo, há alguns que lhe davam informações pessoais tão extraordinariamente exatas que, em cem afirmativas, só encontrava uma única inexata. Há outros, ao contrário, que se manifestam com as suas características pessoais e firmam as mensagens com o seu nome e, todavia, transmitem informações completamente falsas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

160. De qualquer modo, a maioria deles demonstra a máxima exatidão ao transmitir as suas notícias. Em se tratando de notícias, nota-se um fato curioso: se ele pedia a um amigo de Glasgow notícias de sua defluxão(1) facial, respondia ele com escrupulosa exatidão, ou que está piorando, ou que os tumores estão abertos, e que seu rosto está coberto com um cataplasma, e subscreve as mensagens com a sua própria assinatura. Mas quando encontra tal amigo em carne e osso e lhe mostra a sua escrita, ele absolutamente não se recorda de ter conversado com Stead. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

161. Pediu a Júlia esclarecimentos nesse sentido, formulando nos seguintes termos a pergunta: “Como se explica que, quando pergunto ao meu amigo sobre a sua doença facial, ele responde dando informação exata a respeito do seu estado e, contudo, não se lembra de ter-se comunicado comigo? Se a nossa personalidade espiritual não transmitisse nunca informações em plena consciência de o fazer, como se explica que os amigos me fornecem informações que ignoram ter fornecido?” Respondeu-me ela: “Quando vos dirigis mediunicamente a um vosso amigo, a sua personalidade espiritual responde, empregando as faculdades mentais subconscientes e não as faculdades conscientes ou cerebrais e, naturalmente, não toma o cuidado de comunicar à mente consciente ou cerebral que deu essa informação servindo-se, para isso, das faculdades mentais subconscientes porque, absolutamente, não é necessário fazê-lo. Se achasse útil, então o amigo se recordaria.” (Light), 1893, págs. 134-143). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

162. Após as informações extraídas da interessante conferência de William Stead, Bozzano relata, no item seguinte, um incidente ocorrido com William Stead no começo das suas novas experiências. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

163. O distante paciente escolhido foi uma distinta escritora que colabora na Review of Reviews e que em pouco tempo se tornou um dos melhores “correspondentes espirituais” de Stead. Ela correspondia imediatamente aos convites espirituais deste último, em qualquer lugar em que se achasse, iniciando conversações interessantíssimas, porque exuberantes em provas de identificação pessoal: 

[Como permanecesse eu um tanto incrédulo, comecei a fazer experiências pensando numa moça de Londres, que escolhi porque existiam entre mim e ela laços de simpatia recíproca, e a prova produziu maravilhosos resultados. Minha amiga não encontrava dificuldade alguma em servir-se da minha mão para dar as suas notícias, expressando-se com o seu humor do momento.

Uma vez, enquanto a minha amiga, que aqui chamarei de Srta. Summers, estava ditando uma mensagem, eu a interrompi bruscamente, perguntando-lhe: “É você mesma que está escrevendo com a minha mão, ou sou eu que estou conversando com a minha subconsciência?” Minha mão escreveu: “Provar-lhe-ei que sou eu realmente quem está escrevendo. Neste momento estou sentada diante da mesa e tenho nas mãos um objeto que amanhã levarei ao seu escritório. Será um pequeno presente que você terá de aceitar de mim. É a imagem de um velho cardo.” Interrompi: “Como é mesmo? Um velho cardo?” – “Sim, exatamente um velho cardo. Representa uma grata recordação de minha vida e é por isso mesmo que tenho muito carinho por ele. Amanhã eu o levarei à sua casa e lhe explicarei tudo melhor, de viva voz. Tenho a pretensão de pensar que o aceitará.”

No dia seguinte, minha amiga veio ao meu escritório e eu lhe perguntei logo se me havia trazido um pequeno presente. Respondeu que não, que havia pensado em trazer, mas havia acabado por deixá-lo em casa. Perguntei-lhe em que consistia e ela respondeu que se tratava de um presente tão absurdo que não desejava nomeá-lo. Eu insisti e finalmente ela explicou que se tratava de um pedaço de sabão! Fiquei profundamente decepcionado com o aparente insucesso e lho confessei. Ela, porém, replicou com surpresa: “É deveras extraordinário! Tudo sucedeu como está escrito nesta folha de papel e trata-se mesmo de um cardo, e mais, de um cardo velho, que está impresso, porém, num pedaço de papel. Amanhã o trarei. O cardo representa algo importante nas recordações de minha vida.” E então narrou o incidente pessoal relativo ao cardo. No dia seguinte levou-me o pedaço de sabão sobre o qual se distinguia, efetivamente impressa, a imagem de um velho cardo.] (Vol. IX, pág. 53, dos Proceedings of the S. P. R.) (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)


164. O prof. Myers confirma o episódio nos seguintes termos: “Foi-me narrado o incidente pessoal ligado à imagem do velho cardo, cuja significação completa estava na imagem sobre o pedaço de sabão. A Srta. Summers havia pensado em levá-lo ao Sr. Stead antes que a mão deste último houvesse escrito o informe e, provavelmente, pensou o mesmo no momento preciso em que Stead escrevia”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

165. No caso exposto, o incidente da identificação pessoal destinado a provar a Stead que não se tratava de uma mistificação da subconsciência dele, e sim de uma conversa real com a personalidade espiritual da Srta. Summers, alcançou bem a sua finalidade, visto que o presente prometido a título de prova em tal sentido consistia numa coisa de natureza tão excepcional, que não pode ser explicada pela hipótese das coincidências fortuitas. É, de fato, claro, que uma imagem de “cardo velho” não é objeto que se costuma dar de presente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

166. Observa-se, além disso, que no incidente em apreço, como em outros, sucedidos com a mesma sensitiva, esta parece ter entrado em relação mediúnica com Stead durante o estado de vigília, o que não significa, porém, que o incidente se tenha desenvolvido precisamente assim, antes de tudo, porque em nenhuma das experiências em exame houve testemunhas que pudessem certificar-se de que a sensitiva não tivesse cochilado e, depois, porque, mesmo que tais testemunhas existissem, não teriam grande valor teórico, visto que uma pessoa pode muito bem passar para um estado de sonambulismo em vigília sem que os presentes o percebam. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

167. O principal ensino teórico a extrair-se do caso exposto, ou, melhor, a confirmação ulterior de um ensino teórico já extraído dos casos precedentes e que será mais do que nunca confirmado nos que seguem, consiste no fato notório e indubitável de, nas comunicações mediúnicas entre vivos, tratar-se de verdadeiras e próprias conversas entre duas personalidades espirituais subconscientes, conversas transmitidas à personalidade consciente do médium por meio da escrita automática. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

168. Pelo contrário, verifica-se não poder tratar-se de faculdades telepático-clarividentes dos médiuns, que iriam colher segredos sepultados nos recessos das subconsciências alheias, selecionando-as no meio de um montão inextrincável de recordações ali existentes em estado latente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

169. Nada mais insustentável do que esta última versão, pois que tudo concorre para sustentar que os médiuns não compreendem nada e nada escolhem, mas simplesmente conversam com a personalidade subconsciente ou espiritual dos vivos distantes, do mesmo modo que conversariam normalmente com os próprios vivos, salvo a diferença de se mostrarem as personalidades espirituais dos vivos, quando conversam mediunicamente, muito menos reticentes do que as personalidades normais dos mesmos quando conversam de viva voz. E isso pela razão de que, quando os vivos de encontram em condições transitórias de Espíritos desencarnados, não atribuem importância a certas conveniências sociais a que os Espíritos encarnados dão demasiada importância. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)  (Continua no próximo número.) 
 

(1) Defluxão – o mesmo que defluxo: inflamação catarral da membrana mucosa das fossas nasais, com corrimento de humor aquoso.



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita