Chico Xavier, como sabemos,
trocava cartas com Wantuil,
presidente da FEB, que
publicava todas as suas
obras. No ano de 1949, havia
uma preocupação acerca do
título a ser colocado no
livro Libertação, de
André Luiz, que pudesse
abarcar aquele manuscrito de
alto valor doutrinário:
(...) Nossos amigos do Alto
consideram interessante a
palavra sendas, mas os
termos “evolutivas” ou
“espirituais” são muito
longos para um título. Que
dirias do título “sendas
libertas”?
(Nota inserida no final da
carta: “Wantuil, o nosso
devotado Emmanuel é de
opinião que o livro de André
Luiz tem por centro a missão
libertadora, de Gúbio,
efetuada pela força
milagrosa do amor. Daí a
necessidade de alguma
palavra no título que nos
recorde “liberdade” ou
“libertação”.)
Após a troca de ideias entre
Chico e Wantuil, o título do
novo livro de André Luiz
ficou sendo “Libertação”.
Em carta anterior o médium o
anunciou e mencionou que há
em suas páginas interessante
material sobre a obsessão.
Na carta de agora dá-nos
ciência de que para Emmanuel
o título deveria expressar a
“missão libertadora de Gúbio,
efetuada pela força
milagrosa do amor”.
“Libertação” apresenta um
caso de obsessão, o de
Margarida, e todo o complexo
processo de desobsessão
visto pelo lado espiritual.
Pela primeira vez
inteiramo-nos dos detalhes
de como se realizam os
reajustamentos entre
Espíritos, promovidos pelos
Instrutores Espirituais que
se dedicam a esses misteres.
A desobsessão não consiste
apenas na doutrinação pura e
simples do obsessor, trazido
às reuniões mediúnicas
próprias.
Os Espíritos envolvidos em
vingança, os que têm
propósitos maléficos, os que
se organizam para perseguir,
pelo desejo único de
praticar o mal, os que
sentem nisso um prazer e o
executam com requintes de
perversidade, os que o fazem
por ignorância, enfim, todos
os que imbuídos dessas
intenções buscam influenciar
os encarnados,
transformando-se em algozes
renitentes e empedernidos no
erro, não serão convencidos
ou demovidos de seus
projetos apenas pelo
brevíssimo tempo de uma
doutrinação.
Na realidade, quando a
Entidade perseguidora é
trazida a uma sessão de
desobsessão pelos Mentores,
todo o longo, moroso e
difícil empreendimento de
resgatá-la já foi efetuado.
Com que zelos e prudência os
Benfeitores Espirituais se
entregam a essa tarefa tão
delicada; com que bondade e
dedicação se empenham para
despertar no infelicitador
de hoje os latentes
sentimentos positivos que
tão habilmente sufocam e
ocultam; com que paciência e
perseverança aguardam o
melhor momento ou repetem as
tentativas sem jamais
esmorecerem; com que amor o
fazem!
Agora já o sabemos: todo um
minucioso plano é elaborado
pelos Benfeitores da
Espiritualidade, após
cuidadosas pesquisas,
abrangendo os elementos
envoltos nas tramas urdidas.
Investigam, detalham, sem
desprezar as mínimas
possibilidades, vão aos
meandros do passado,
mergulham nas teias dessas
vidas entrelaçadas até que
consigam desenredar toda a
trama e encaminhar algozes e
vítimas à reconstrução de
seus destinos.
Essa a conquista pelo amor,
este divino sentimento que
transforma, redime e eleva o
ser humano das sombras para
a luz.
A desobsessão é, em todos os
sentidos, um processo de
libertação, tanto para o
algoz quanto para a sua
vítima, em qualquer plano
que se situem.
Do livro Testemunhos de
Chico Xavier, de Suely
Caldas Schubert.
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