Cilícios
Antigamente,
quem pretendia
alcançar o Céu,
através do
caminho
religioso, usava
cilícios
inquietantes com
que castigava a
carne dolorida.
Hoje, porém,
compreendemos
que a matéria,
embora viva com
os milhões de
corpúsculos que
a constituem, é
recurso passivo
ante a vibração
espiritual.
Entendemos que a
consciência vive
ante o corpo na
posição do
maquinista
perante a
locomotiva. A
harmonia ou o
desequilíbrio
representam
resultados da
direção. Não
vale, pois,
oprimir o sangue
sem disciplinar
o coração.
Na atualidade,
possuímos
cilícios
valiosos que
efetivamente
cooperam em
nossa redenção.
O silêncio amigo
diante da
calúnia
impensada.
A renunciação a
certos favores
materiais, a
benefício do
companheiro que
caminha conosco.
O sacrifício
mudo pela
afeição que se
transviou no
roteiro
terrestre.
A doação dos
recursos que nos
façam falta, no
amparo ao
próximo.
A resistência às
tentações de
nossa própria
natureza
inferior.
O esquecimento
de vantagens
cabíveis à nossa
situação, para
que nossos
companheiros se
rejubilem com o
êxito, antes de
nós.
A gentileza sem
reclamação.
A caridade sem
pagamento.
A noite de
vigília à
cabeceira dos
agonizantes.
O auxílio
pessoal aos mais
infelizes.
O sorriso amigo
diante da
suspeita sem
razão de ser.
Semelhantes
medidas são
sempre elementos
espirituais do
mais alto valor
ao nosso
progresso.
O Senhor não nos
induziu a
atormentar o
corpo, a fim de
alcançarmos as
Divinas Portas.
Aconselhou
simplesmente a
coragem de
negarmos a nós
mesmos, no
combate ao nosso
“eu” egoístico e
absorvente, a
fim de que
tomemos a cruz
dos nossos
deveres de cada
dia,
seguindo-lhe os
passos.
Certamente, se
quisermos
sustentar nos
próprios ombros
o madeiro de
nossas
obrigações,
atingiremos com
o Mestre a
alvorada da
redenção sublime
para sempre.
Do livro Cartas
do Coração,
obra mediúnica
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier. |