Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 23)
Damos sequência
ao estudo metódico
e sequencial do
livro Sexo e Obsessão,
obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A. O marquês de
Sade fez em sua
última
existência algo
que mereça
aplausos?
Sim. E isso lhe foi lembrado pelo Mentor
durante o duro diálogo que travaram, quando
o benfeitor espiritual disse: “Não obstante
o comportamento do senhor marquês durante
largo período da sua vida, na etapa final,
mesmo durante a revolução, opôs-se à pena de
morte, o que lhe custou mais um
encarceramento, propugnou pelo trabalho
honrado e aguardou a desencarnação, mantendo
os seus hábitos, porém de sentimentos
alterados...”. Mas o Mentor lembrou-lhe
também o comportamento equivocado e a
herança infeliz que ele havia legado à
posteridade. (Sexo
e Obsessão, capítulo 12: Estranho encontro.)
B. Que decisão tomou o marquês em face do
convite de Rosa Keller?
Ele concordou com o encontro, que ficou
marcado para o dia seguinte, na Instituição
espírita que o marquês bem conhecia. (Sexo
e Obsessão, capítulo 12: Estranho encontro.)
C. Numa missa celebrada na catedral, a
autoridade religiosa leu e comentou uma
importante homilia papal. Que advertência
ela continha?
O grupo socorrista chegou à catedral no
momento em que o Bispo lia a homilia papal,
distribuída a todas as igrejas do mundo,
advertindo os fiéis quanto ao comportamento
aberrante, às extravagâncias do século, aos
tormentos e facilidades da luxúria.
Philomeno admirou-se ao verificar que
providências espirituais estavam sendo
tomadas nos diversos segmentos religiosos
para que a avalanche do despudor e da
licenciosidade que tomava conta da sociedade
fosse detida, preservando-se os valores do
matrimônio, da família, dos grupos sociais,
dos princípios morais e cristãos, sacudidos
pelo vendaval das paixões mais primitivas e
perversas. (Sexo
e Obsessão, capítulo 13: Decisões felizes.)
Texto para leitura
113. Um
diálogo franco e direto –
Ao ser chamado de magnânimo, o marquês deu
ruidosa gargalhada, no que foi acompanhado
pela malta que o assessorava. O Mentor então
lhe disse: “Não obstante o comportamento do
senhor marquês durante largo período da sua
vida, na etapa final, mesmo durante a
revolução, opôs-se à pena de morte, o que
lhe custou mais um encarceramento, propugnou
pelo trabalho honrado e aguardou a
desencarnação, mantendo os seus hábitos,
porém de sentimentos alterados...” - Como
conhece a minha vida? - voltou à carga.
“Além da vasta literatura a seu respeito – o
Mentor esclareceu tranquilo - também
possuímos outras fontes de informações, que
se encontram escritas no psiquismo do senhor
marquês.” Ele sorriu, algo confortado, para
logo assumir a postura dominadora e cínica.
- Então, sou célebre na Terra? - indagou,
fingindo-se surpreso. Ӄ claro que sim,
conforme a sua contribuição literária e as
suas experiências - retrucou o amigo dos
infortunados. - Tristemente célebre, para
utilizar-me de franqueza...” - Por que
tristemente? - interrogou, frisando a
palavra. “Em razão da sua herança - explicou
o bondoso interlocutor - em se considerando
os valores preciosos de que o amigo era
portador e poderia havê-los legado à
Humanidade para dignificá-la e fazê-la
crescer, em lugar do que fez.” Ante a
verdade, embora enunciada de maneira gentil,
a mole espiritual ali presente agitou-se e
impropérios irromperam de todos os lados,
sem alterar a serenidade do visitante, que
prosseguiu: “A razão, porém, da nossa
visita, já foi explicitada. Aqui não nos
encontramos para comentários a respeito do
que nada temos a ver, especialmente no que
se refere à vida e conduta do nosso marquês,
mas para atender à solicitação de Rosa”. Com
habilidade psicológica, o Mentor retornava
assim ao tema central da visita, não se
permitindo devanear ou sair da questão
essencial. (Sexo
e Obsessão, capítulo 12: Estranho encontro.)
114. O
marquês concorda com a visita –
Enquanto o diálogo com o marquês prosseguia,
os jovens Espíritos seguravam os mastins com
vigor, face à agitação que reinava na sala
opressora. - Para que os cães? – inquiriu o
marquês, contrariado. “Para qualquer
emergência. Nunca sabemos o que pode
acontecer em uma visita desta natureza.
Desta forma, são tomadas medidas
acautelatórias, a fim de serem evitadas
surpresas indesejáveis.” Houve um silêncio
de breves segundos que pareceram mais tempo,
indefinido tempo. Logo após, o marquês de
Sade perguntou: - Onde deveremos
encontrar-nos, e quando? “Amanhã pela
madrugada, na conhecida Instituição de
caridade espírita, já visitada anteriormente
pelo senhor marquês, que na sua periferia
instalou uma sede satélite desta suserania”,
respondeu o Mentor. “Lá estarei, às 2h da
manhã. Agora, podem ir-se”, disse o marquês.
A ordem foi apresentada com azedume e
decepção. Talvez desejasse intentar o
impedimento da saída do grupo, o que não se
atreveu a fazer. Philomeno observou, porém,
que a Mentora e o médium Ricardo
concentraram-se psiquicamente no reizete,
que lhes captou a onda vibratória, reagindo
quanto possível. Certamente, o psiquismo do
instrumento mediúnico, carregado de energia
específica, porque ainda encarnado, alcançou
o marquês, estabelecendo um tipo de
imantação, que talvez viesse a ser utilizado
oportunamente. Sob a determinação do
marquês, que destacou dois servidores para
os acompanharem até à saída da furna, foi
possível retornar ao exterior da comunidade
infeliz, sem qualquer incidente ou anotação
que mereça análise.(Sexo e Obsessão,
capítulo 12: Estranho encontro.)
115. De
volta à Instituição espírita –
Utilizando-se do mesmo recurso para voltar
ao centro de atividades, logo o grupo
socorrista se encontrou na Instituição em
que se hospedava, quando, então,
profundamente sensibilizado, o Mentor
agradeceu a proteção dos Céus utilizando-se
do veículo da oração:
Jesus Amigo!
Profundamente sensibilizados retornamos ao
ninho generoso onde nos acolhemos,
agradecendo-Te as ricas bênçãos com que nos
amparaste, auxiliando-nos na primeira etapa
do labor com que nos honras em relação ao
amanhã ditoso.
Somos incapazes de expressar os sentimentos
de afeto e gratidão, as palavras de que nos
utilizamos, por absoluta pobreza de nossa
parte, ainda caracterizados mais por
necessidades que sempre Te apresentamos, do
que por louvor que não sabemos ainda
tributar.
Tu, porém, que nos penetras com a
misericórdia que verte de nosso Pai, sabes,
melhor do que nós próprios, o quanto de amor
existe no âmago dos nossos seres e como
temos dificuldade em expressá-lo.
Recebe, pois, deste modo, a nossa profunda
reverência e emoção, que transformamos em
tesouro de luz, para dizer-Te muito
obrigado, Senhor, pela felicidade de nos
encontrarmos seguindo pela Tua senda, aquela
que palmilhaste com amor e traçaste com
segurança para os nossos Espíritos
deficientes.
Esperando servir-Te sempre, nas pessoas dos
nossos irmãos da retaguarda, entregamo-nos
às Tuas disposições para o que consideres de
melhor para realizarmos.
Abençoa-nos, portanto, por hoje, por amanhã
e para sempre!
Quando terminou, todos tinham úmidos os
olhos de vívida emoção. Realmente, a tarefa
que se iniciava, assinalada por incertezas,
encerrava o seu primeiro passo com
perspectivas mui felizes para o futuro. (Sexo
e Obsessão, capítulo 12: Estranho encontro.)
116. Visita
à catedral –
A visita à cidade pervertida transcorrera em
tanta paz, que parecia a Philomeno
surpreendente, face à finalidade de que se
constituía. Por outro lado, o contato com o
marquês deixara-lhe diversas questões
necessitadas de esclarecimentos, isso porque
ele fora colhido de surpresa pela visita de
um grupo expressivo, não detectado pelos
seus asseclas nem pelos demais vigilantes
que se encarregam de guardar as defesas e
entradas da estranha urbe, o que não deixara
de produzir-lhe estranheza, mal-estar e
insegurança. Outrossim, a informação em
torno da senhorita Keller chocara-o
sobremaneira, desarmando-o e mostrando-lhe a
fragilidade em que se refugiava. Na
Instituição, após desfazer-se o grupo,
permaneceram somente Philomeno, Dilermando e
o Benfeitor, enquanto os demais amigos e a
nobre Senhora seguiram no rumo dos
compromissos que lhes diziam respeito.
Depois de algum breve repouso, o irmão
Anacleto convidou-os a rumar à Igreja, onde
o senhor Bispo estaria celebrando o
sacrifício da Missa, para logo atender à
entrevista concertada com a Profª. Eutímia e
seu esposo. A catedral estava abarrotada de
fiéis. Alguns ali se encontravam, sem
qualquer vinculação com o culto religioso
que estava tendo lugar. Tratava-se, para
eles, de um convencionalismo sem sentido,
porém de muito agrado social, em razão dos
encontros pessoais e das conveniências deles
resultantes; para outros, era um motivo para
exibição de roupas, adereços e joias; para
alguns poucos, no entanto, era o momento de
comungar com Deus, de sentir-lhe mais direto
o contato, de experimentar paz e dialogar
com a consciência. (Sexo
e Obsessão, capítulo 13: Decisões felizes.)
117. A
advertência papal –
O grupo socorrista chegou no momento em que
Sua Eminência lia recente homilia papal,
distribuída a todas as igrejas do mundo,
advertindo os fiéis quanto ao comportamento
aberrante, às extravagâncias do século, aos
tormentos e facilidades da luxúria.
Philomeno admirou-se ao verificar que
providências espirituais estavam sendo
tomadas nos diversos segmentos religiosos
para que a avalanche do despudor e da
licenciosidade que tomava conta da sociedade
fosse detida, preservando-se os valores do
matrimônio, da família, dos grupos sociais,
dos princípios morais e cristãos, sacudidos
pelo vendaval das paixões mais primitivas e
perversas. Sua Eminência enfatizava cada
frase, apresentando pontes evangélicas com
os ensinamentos de Jesus, e advertindo os
ouvintes a respeito da responsabilidade dos
pais e dos educadores na formação da
consciência humana desde os seus primórdios,
na infância e na juventude. O que enunciava
e propunha era perfeitamente compatível com
o labor que estava sendo realizado em nossa
esfera espiritual de ação. O objetivo era o
mesmo: libertar a criatura humana da
servidão dos desejos nefastos e
asselvajados. Cada qual, no seu campo de
trabalho, laborava em favor da sociedade
feliz pela qual todos anelamos. Terminada a
leitura muito bem apresentada, tomou do
Evangelho de São Mateus, no Capítulo VI,
versículo trinta e três, e leu, comovido:
Mas buscai primeiro o reino de Deus e Sua
justiça, e tudo mais vos será acrescentado.(Sexo
e Obsessão, capítulo 13: Decisões felizes.) (Continua
no próximo número.)