Perguntaram a Chico Xavier:
- A
Doutrina dos Espíritos
esclarece com muita
propriedade a questão da Lei
de Causa e Efeito, de Ação e
Reação, que preside a
organização do Universo. Ela
também nos indica o
livre-arbítrio como atributo
fundamental da personalidade
humana, pelo qual o ser
humano tem a faculdade de
optar livremente pelo
caminho que deseja seguir,
recebendo, contudo, em
contrapartida, o resultado
inexorável de suas decisões,
boas ou más. Assim se
conclui que a plantação é
livre aos seres humanos, mas
a colheita lhes é
obrigatória. Assim se
explicam todas as provações
e resgates, doenças e
deformidades físicas e
mentais por que sofrem a
maioria dos homens na Terra,
como sendo o seu carma ou
resgate de delitos passados.
Muito bem! Também nos ensina
a Doutrina Espírita que os
animais não gozam desta
faculdade do livre-arbítrio,
por não possuírem ainda o
pensamento contínuo. Assim
sendo, como devemos encarar
a questão da existência de
deformidades congênitas no
seio dos animais. Por que
nascem animais cegos ou
deformados, se eles não têm
o livre-arbítrio?
Chico Xavier assim
respondeu: - Nossos
benfeitores espirituais nos
esclarecem que é preciso que
todos nós consideremos que
os animais diversos, a nos
rodearem a existência de
seres humanos em evolução no
planeta Terra, são nossos
irmãos menores,
desenvolvendo em si mesmos o
próprio princípio
inteligente. Se nós, seres
humanos, já alcançamos os
domínios da inteligência,
desenvolvendo agora as
potências intuitivas, eles,
os animais, estão
aperfeiçoando paulatinamente
seus instintos na busca da
inteligência.
Da mesma maneira que nós
humanos aspiramos alcançar
algum dia a angelitude na
Vida Maior, personificada em
nosso mestre e senhor Jesus,
eles, os animais, aspiram a
ser no futuro distante
homens e mulheres
inteligentes e livres. Assim
sendo, nós podemos nos
considerar como irmãos mais
velhos e mais experimentados
dos animais. Ora, nós já
sabemos que a Lei Divina
institui a solidariedade
entre os seres, e, por isso,
podemos facilmente concluir
que a nós, seres humanos,
Deus outorgou a condução e a
proteção de nossos irmãos
mais novos, os animais. E o
que é que nós estamos
fazendo com esta
responsabilidade santa de
proteger e guiar o reino
animal? Como é que esta
humanidade terrestre tem
agido em relação aos
animais, nos inúmeros
séculos de nossa história?
Porventura nós, os homens,
não temos nos convertido em
algozes impiedosos dos
animais ao invés de seus
protetores fiéis? Quem
ignora que a vaca sofre
imensamente a caminho do
matadouro? Quem desconhece
que minutos antes do golpe
fatal os bovinos derramam
lágrimas de angústia? Não
temos treinado determinadas
raças de cães exaustivamente
para o morticínio e o
ataque? Que dizermos das
caçadas impiedosas de aves e
animais silvestres,
unicamente por prazer
esportivo? Que dizermos das
devastações inconsequentes
ao meio ambiente? Tudo isto
se resume em graves
responsabilidades para os
seres humanos! A angústia, o
medo e o ódio que provocamos
nos animais lhes alteram o
equilíbrio natural de seus
princípios espirituais,
determinando ajustamento em
posteriores existências, a
se configurarem por
deformidades congênitas. A
responsabilidade maior
recairá sempre nos desvios
de nós mesmos, os seres
humanos, que não soubemos
guiar os animais na senda do
amor e do progresso, segundo
a vontade de Deus.
Agora, vejamos, se
determinado cão é treinado
para o ataque e a morte com
requintes de crueldade, se
ele é programado para o mal,
pode ocorrer que em
determinado momento de
superexcitação este mesmo
cão, treinado para atacar os
estranhos, ataque as
crianças de sua própria casa
ou os próprios donos. Aí
teremos um desajuste
induzido pela
irresponsabilidade humana.
Ora, este mesmo cão aspira
crescer espiritualmente para
a inteligência e o
livre-arbítrio. Mas, para
isso, ele precisará
experimentar o sofrimento
que lhe reajuste o campo
emotivo, aprendendo pouco e
pouco a Lei de Ação e
Reação. Assim, ele
provavelmente renascerá com
sérias inibições congênitas.
A responsabilidade de tudo
isto, no entanto, dever-se-á
à maldade humana.
Do livro Lições de
Sabedoria, de
Marlene Rossi Severino
Nobre.
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