Apocalipse e/ou
data-limite: Seria 2019
ou 2057?!
Ou seria
mais um modismo
sem
respaldo doutrinário?!
Temos observado,
no Movimento
Espírita, um
exagero nas
discussões sobre
supostas
"datas-limites"
para uma
transição
espiritual mais
drástica na
Terra. Tais
previsões
seriam, em sua
maioria,
baseadas em
alguns
comentários de
Chico Xavier e
em algumas
contas triviais
com pressupostas
fundamentações
em textos do
Velho
Testamento. Tais
“profecias” têm
sido narradas
sem uma
contextualização
mais bem
consolidada do
ponto de vista
espiritista. De
fato, tanto do
ponto de vista
do relato da
opinião
xavierina
propriamente
considerada,
como do ponto de
vista do estudo
doutrinário, uma
postulação de
certo modo
“dogmática” (sem
uma explicação
mais racional,
condizente com a
lógica do
pensamento
espírita) tem
sido
apresentada,
gerando muita
"preocupação",
principalmente
por parte dos
novos adeptos do
Espiritismo.
Kardec sempre
foi muito
comedido em
relação às
chamadas
profecias e fez
uma análise
cuidadosa do
assunto em A
Gênese, Os
Milagres e as
Predições
segundo o
Espiritismo.
Faz-se
necessário um
cuidado
kardequiano para
analisar tais
relatos
elaborados sem
maiores
explicações
porque,
infelizmente,
Chico Xavier não
está conosco
fisicamente para
esclarecer
pessoalmente os
comentários em
questão. E, da
forma como eles
têm sido
narrados, não
parecem estar
sendo muito
produtivos para
o crescimento
doutrinário do
Movimento
Espírita. Chegam
a lembrar a
preocupação dos
mais antigos que
diziam: "Mil
passará; dois
mil não
chegará!". Ou
até daqueles
autores
espirituais que
diziam que
teríamos uma
catástrofe em
1999. Ou mesmo
dos que previram
um "caos
eletrônico" de
proporções
apocalípticas
com o famigerado
"Bug do
Milênio".
Se não der certo
a previsão,
muitos irão
citar Chico
Xavier (sem um
estudo mais
consistente
acompanhando a
citação, ou
seja, fazendo da
citação uma
espécie de
declaração
dogmática, o
que, certamente,
Chico não
aprovaria!),
afirmando que
"as profecias
são feitas para
não serem
cumpridas" ou
que felizmente
nós evitamos
males maiores
pelo nosso
procedimento
adequado. Por
outro lado, se
acontecer alguma
coisa mais
próxima, dirão:
"Viram?! Não te
dissemos?!".
Igualmente, sem
explicações
lógicas,
inerentes aos
estudos da
Doutrina
Espírita, a
Doutrina da Fé
Raciocinada.
Ademais, não
adianta nada o
mundo
supostamente,
por decreto, ser
promovido a um
estado de
regeneração ou
coisa do tipo em
uma data X,
sendo que a
gente continua
enfrentando
nossas
dificuldades,
melhorando muito
lentamente
pessoal ou
coletivamente.
Assim como "o
sábado foi
criado para o
homem e não o
homem para o
sábado", a
classificação em
questão deve
corresponder a
uma
identificação de
crescimento/transição
da nossa
qualidade
espiritual para
melhor. Não
deveria,
portanto,
constituir uma
promoção
drástica,
imediata e
artificial de
nossas
capacidades
espirituais.
As datas são
referências
históricas com
valores
relativos. Tal
expectativa
seria semelhante
a achar que a
Tomada da
Bastilha alterou
abruptamente o
mundo só porque
a data de sua
ocorrência
(14/07/1789) é
utilizada como
"data símbolo"
da transição
entre as idades
moderna e
contemporânea.
Allan Kardec
explicou com
muita clareza
essa questão,
comentando que
até os
previsores mais
considerados,
tais como
Nostradamus, têm
informações
questionáveis ou
que podem ser
interpretadas de
formas
diferentes. Sem
desvalorizar as
previsões do
futuro, o
Codificador
recomendou-nos
muito cuidado
para que não as
hipervalorizássemos,
consciente de
que, como o
livre-arbítrio é
base da Lei de
Deus, muitos
fatores podem
alterar um
planejamento
espiritual,
sobretudo quando
tal medida
esteja
relacionada a
uma coletividade
muito grande,
como é o caso em
tela (pois se
trata de uma
previsão para
toda a população
espiritual do
planeta!).
Muitos
interpretam tais
fenômenos
semelhantes aos
analistas
chamados
popularmente de
"engenheiros de
obra pronta".
Depois que o
tempo passa,
procuram eventos
e protagonistas
históricos para
casarem, a
posteriori, com
as previsões.
Será que esse
tipo de
informação tem
um valor
doutrinário
indiscutível que
justifique
tamanha ênfase?!
Acho que não.
Até porque se
Deus desejar
mudar o mundo,
Ele não
precisará fazer
nada de especial
(afinal, "Não há
milagres!"). É
só deixar os
processos de
desencarnação
irem ocorrendo
naturalmente e
fazer uma
seleção
espiritual mais
rigorosa dos
Espíritos que
serão os novos
bebês. Em pouco
tempo, sem
alarde e
"situações
apocalípticas",
o mundo seria
transformado
lenta e
paulatinamente
pela sucessão
das atuais
gerações por
outras de
Espíritos mais
evoluídos. De
qualquer
maneira, ainda
utilizando da
sábia reflexão
kardequiana,
podemos afirmar
que mesmo que as
novas gerações
fossem compostas
exclusivamente
por Espíritos
mais elevados,
seriam
necessárias
muitas décadas
para que o
panorama
espiritual da
Terra fosse
modificado, o
que reforça a
ideia de que é
pouco racional,
e portanto pouco
doutrinário,
utilizar de um
ANO REFERÊNCIA
em nossas
discussões no
âmbito do
movimento
espírita.
Portanto, as tão
badaladas
discussões de
data-limite,
bastante em voga
atualmente no
Movimento
Espírita, têm um
valor bem
relativo, para
se dizer o
mínimo.
Realmente,
percebe-se uma
hipervalorização
do assunto em
nossos arraiais,
distraindo os
confrades de
problemas
doutrinários
mais sérios, os
quais o
Movimento
Espírita está
enfrentando em
diversos
contextos.
Priorizemos o
que é
prioritário: ser
submisso às Leis
Divinas e o mais
atuante possível
na obra da
Criação, fazendo
o melhor
possível no dia
de hoje, pois o
amanhã dependerá
do que cada um
de nós fizer no
dia que corre.
Ademais, devemos
confiar, cada
vez mais, que
Jesus governa o
planeta Terra
com inefável
amor e sabedoria
e como só nos
acontece o que é
de melhor para
nós, de acordo
com as nossas
necessidades e
merecimentos,
sendo
vigilantes,
estaremos sempre
amparados pela
Misericórdia
Divina.