Ódio e amor:
antônimos?
“Tudo é amor.
Até o ódio, o
qual julgas ser
a antítese do
amor nada
mais é senão o
próprio amor que
adoeceu
gravemente.”
(Chico Xavier)
Pode ser até
paradoxal, mas é
possível que
entre o ódio e o
amor esteja
circunscrito
todo um percurso
evolucional.
Um dia o
generoso já foi
egoísta ao
extremo; o agora
compreensivo já
foi o maior dos
intolerantes; o
hoje atencioso
já foi só
indiferença;
quem era só
desprezo é hoje
devotamento… Por
isso afirmo que,
embora pareça
contradição ou
disparate, há
todo um roteiro
amoroso de
transformação no
caminho do ódio
ao amor, ou de
todo um séquito
que representa o
mal até a corte
amorosa do bem.
A indiferença, o
egoísmo, o
desprezo, a
intolerância…
que alguém
demonstra hoje é
exatamente a sua
melhor e muito
pessoal forma de
amar. Ou
representa na
atualidade
precisamente a
quantidade e
forma de amor
que possui.
Quem senão o
próprio amor
quebrará todas
as barreiras da
indiferença, do
desprezo, do
egoísmo, da
intolerância…
construídos
pelas doenças do
preconceito, da
inveja, do
orgulho e seu
séquito cruel, a
partir da má
administração de
uma liberdade
emprestada aos
indivíduos por
um Pai Justo e
Bom? O amor,
assessorado pelo
perdão,
compreensão,
generosidade,
tolerância…,
sempre saberá se
entender com
esses estranhos
tipos de amor adoecidos
gravemente.
Na parábola do
joio (Mateus,
XIII, 28 e 29),
o Mestre, tendo
por palanque um
barco, ensinaria
à multidão, às
margens do mar
da Galileia,
que, quando os
trabalhadores
sugeriram ao seu
senhor que o
joio fosse
arrancado do
meio do trigo,
teria lhes
ordenado que não
o fizessem,
pois “arrancando
o joio,
arriscais a
tirar também o
trigo…”.
Pergunto-lhes se
todos esses
indivíduos com
tipos de
‘amores’ tão
estranhos e
doentios, mas de
conformidade com
seu atual estado
evolucional, não
estão desejando
ensinar algo,
através de suas
diferenças e até
patológicas
formas de amar?
Domar, quem
sabe,
inflexibilidades
e intolerâncias;
driblar ilusões
e absolutismos;
refrear vaidades
e
exibicionismos;
conter
excentricidades
e
extravagâncias?
* * *
O solo do amor
verdadeiro é tão
fecundo e
generoso que
nele poderão
nascer até ervas
estranhas e
opostas, mas
úteis para que
muitos propensos
ao amor meditem
sobre suas
variadas
síndromes…
Se algum dia
escreveres algo,
inundado pelos
fluidos de
ódios,
ressentimentos e
mágoas, não o
publiques de
imediato, pois
certamente
estarás mal
assessorado.
Permite que a
noite engula o
dia e, após uma
boa noite de
sono e depois
que a mesma
noite houver
parido novo dia,
ora sim,
arregaça as
mangas, ajuda
alguém e
reformula teu
texto; então,
sob o comando de
lágrimas de
amor, compaixão
e
reconhecimentos,
publica teu
trabalho, pois
certamente tuas
companhias já
não serão mais
as mesmas...
(Texto escrito
‘sob tensão’ no
sábado, 4 de
maio, e
reavaliado
segunda-feira, 6
de maio – Outono
de 2013.)