ROGÉRIO
MIGUEZ
rogmig55@gmail.com
São José dos Campos, SP
(Brasil)
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Passe e fluido
vital
Todas as
Doutrinas, não
importa sobre o
que versem, após
serem elaboradas
e divulgadas por
seus autores,
estão sujeitas a
interferências
daqueles para
quem foram
preparadas: os
leitores,
aprendizes ou
seguidores.
Entretanto, tudo
indica existir
uma tendência no
homem para
modificar a
proposta
original, não
importa quem
seja o seu
autor, tampouco
qual seja o seu
conteúdo. Isto
se deu até com
Jesus, embora
Ele não tenha
deixado nada
escrito, porém,
como alguns
escreveram sobre
seus exemplos e
ditos, os
Evangelistas,
estes escritos,
como se sabe,
também sofreram
inúmeras
adulterações e
modificações.
Com o
Espiritismo não
poderia ser
diferente. Há
inúmeras
“criações” de
aprendizes da
Doutrina, não se
sabendo bem por
qual razão,
modificando os
textos
originais, sem
qualquer
respaldo lógico
ou científico.
Entre tantas,
destaca-se esta:
“O passista não
transfere fluido
vital para o
assistido”. Não
se sabe quem
criou esta
novidade,
tampouco de onde
veio a proposta,
mas,
infelizmente,
tem sido
ensinada
inclusive em
cursos aplicados
em algumas
agremiações
espíritas
visando à
formação de
futuros
passistas, pois
aquelas não
contam com uma
direção
doutrinária
alinhada com
Allan Kardec.
O princípio
vital, como
aprendemos dos
Espíritos
coordenadores do
trabalho do
Prof. Rivail, dá
vida à matéria,
sem ele, só há
matéria inerte.
Sem fluido vital
a matéria
permanece
inanimada ou
inativa. Todos
nós recebemos
uma cota deste
fluido,
impregnando os
órgãos do corpo
físico, de modo
a mantê-lo em
funcionamento ao
longo da vida,
contudo, devemos
providenciar a
absorção de
novos fluidos,
pois há um
desgaste natural
destes para
manter o
funcionamento da
máquina
corporal.
Usamos fluidos
até para pensar,
como se
depreende desta
passagem1: “É
que, com efeito,
o pensamento é
uma emissão que
ocasiona perda
real de fluidos
espirituais e,
conseguintemente,
de fluidos
materiais, de
maneira tal que
o homem precisa
retemperar-se
com os eflúvios
que recebe do
exterior. [...]
um pensamento
bondoso traz
consigo fluidos
reparadores que
atuam sobre o
físico, tanto
quanto sobre o
moral”.
Uma das formas
de se restituir
este fluido
acontece através
do passe
magnético. É
preciso repô-lo
de um modo ou de
outro sob pena
do corpo físico
colapsar
prematuramente
por falta deste
elemento vital
encharcando a
matéria, é o seu
combustível, se
assim podemos
nos expressar.
O passista, ao
aplicar o passe
magnético, por
força de sua
vontade e
desejo,
transmite
fluidos ao
assistido, não
sendo estes
apenas os
fluidos
espirituais
oriundos dos
Espíritos e do
plano etéreo,
são também
fluidos mais
materiais,
densos,
fundamentais no
processo de
reajuste ou
reequilíbrio
físico de quem
os recebe. Estes
fluidos
combinados podem
promover o
equilíbrio
material e mesmo
literalmente
curar um
organismo
doente, depende
da qualidade do
fluido inoculado
no perispírito e
organismo do
necessitado.
Esta
possibilidade
foi muito bem
documentada por
Allan Kardec em
sua obra
primeira O
Livro dos
Espíritos.
Ao comentar a
resposta à
questão 70, o
Mestre de Lyon
assim se
expressou2:
“O fluido vital
se transmite de
um indivíduo a
outro. Aquele
que o tiver em
maior porção
pode dá-lo a um
que o tenha de
menos e em
certos casos
prolongar a vida
prestes a
extinguir-se”.
Observa-se que
Allan Kardec não
disse ser esta
transmissão
possível de
acontecer apenas
por um passista
treinado e
preparado, não,
este mecanismo
divino contempla
todos os
humanos, e
cremos até os
irracionais. É
possível
transferir
fluido vital de
uma pessoa a
outra, sendo
esta a razão de
indivíduos, ao
se encontrarem,
por exemplo, um
bem cansado,
desanimado e em
depressão, e o
outro bem
disposto,
alegre, de bem
com a vida; após
o encontro a
situação pode se
inverter, pois
ao dialogar,
apertar as mãos,
trocando olhares
durante a
conversa, é
possível àquele
com mais fluidos
transferi-los
para o mais
necessitado,
inclusive sem o
desejar, há uma
absorção, efeito
esponja, entre
um e outro.
Entretanto, se
houver doação em
demasia, o
transmissor
poderá se sentir
desgastado
instantaneamente.
Durante um
passe,
evidentemente,
quando se tem um
trabalhador
preparado para
tanto, ao longo
do tempo, em bons
programas de
treinamento e
estudos
espíritas, o
fluxo de fluidos
se dá, em
princípio, com
mais
intensidade,
havendo uma
transferência
maior de fluido
vital para o
receptor do
passe. É
exatamente este
fluido material
que todos nós
detemos,
associado aos
fluidos mais
rarefeitos
provindos dos
Espíritos
acompanhantes do
trabalho de
passes, que
podem promover a
melhora física e
mesmo psíquica
do assistido.
O Sábio Gaulês
registrou outra
menção direta a
esta
possibilidade3: Por
meio de cuidados
dispensados a
tempo, podem
reatar-se laços
prestes a se
desfazerem, e
restituir-se à
vida um ser que
definitivamente
morreria se não
fosse socorrido? ̶
“Sem dúvida
e todos os dias
tendes a prova
disso. O
magnetismo, em
tais casos,
constitui,
muitas vezes,
poderoso meio de
ação, porque
restitui ao
corpo o fluido
vital que lhe
falta para
manter o
funcionamento
dos órgãos.”
Neste caso, não
é apenas saúde a
se restituir ao
doente, é
possível mesmo
impedir a
desencarnação do
Espírito.
Veja-se o
alcance desta
lei de Deus, à
disposição de
nossas mãos, ao
nosso inteiro
alcance.
É de se
perguntar, se de
fato não
transferíssemos
fluido vital
entre nós, o que
o passista
estaria fazendo
ao trabalhar no
passe? Mero
condutor dos
fluidos
espirituais? Mas
se fosse assim,
acreditamos, os
Espíritos
poderiam
dispensar
totalmente os
passistas e
magnetizadores
encarnados
promovendo a
transferência de
fluidos mais
etéreos
diretamente aos
doentes em
desarmonia
psíquica e
física. Contudo,
nesta última
forma, os
resultados
seriam
diferentes, pois
faltariam os
fluidos mais
densos
característicos
e necessários
dos encarnados.
É de notar,
quando uma
possibilidade é
verdadeira ela é
repetidamente
reescrita. O
leitor está
convidado a ler
ou reler os
registros do
Sábio de Lyon em A
Gênese, cap.
XIV, sobre
Curas, nos itens
31 a 34.
E quando se fala
em fluido
magnético,
fala-se em
fluido vital,
basta revisitar
mais uma questão
em O
Livro dos
Espíritos,
para
certificar-se
desta realidade4:De
que natureza é o
agente que se
chama fluido
magnético? ̶
“Fluido vital,
eletricidade
animalizada, que
são modificações
do fluido
universal.”
Não há qualquer
dúvida sobre a
natureza e
existência dos
fluidos, sejam
magnéticos ou
vitais, são
estes mesmos
fluidos que
movimentamos e
trocamos entre
todos nós.
Cientes deste
mecanismo
divino, todos
aqueles a se
apresentarem nas
atividades de
passes devem se
esmerar para se
envolverem no
serviço,
portando os
melhores fluidos
vitais, de modo
a transmitir de
fato saúde e
harmonia, pelos
fluidos, a todos
aqueles que os
procuram, sejam
nos centros
espíritas, sejam
no dia a dia,
pois a lei não
se restringe aos
ambientes
espíritas, ela
funciona em
qualquer lugar e
situação; se
expressa através
de um aperto de
mão, um abraço
bem dado, uma
troca de olhares
com caridade e
carinho,
conforme
anteriormente
citado.
São muitas as
formas de se
transmitir os
salutares
fluidos
magnéticos:
Transmitamo-los,
pois!
Referências:
1 KARDEC,
Allan. A
Gênese. Trad.
Guillon Ribeiro.
53. ed. 1 imp.
Brasília: FEB
Editora, 2013.
cap. XIV,
Qualidade dos
fluidos, item
20.
2 _____. O
Livro dos
Espíritos.
Trad. Guillon
Ribeiro. 69. ed.
Rio de Janeiro:
FEB Editora,
1987. q. 70.
3 _____._____. q.
424.
4 _____._____. q.
427.