MARCUS VINICIUS
DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
|
|
O rapaz da prancheta
Dagoberto
desencarnou.
Viu-se do outro
lado da vida.
Espantou-se com
o que viu... era
igual, mas era
diferente.
Sentia-se mais
leve, mas ainda
se sentia ele.
Enfim chegava ao
grande mistério
da existência,
mas não sabia o
que fazer, para
onde ir... Logo
se aproximou um
rapaz, de
semblante
sereno, com uma
prancheta a
tiracolo.
O rapaz se
aproxima e, após
cumprimentar
Dagoberto
gentilmente,
começa a
fazer-lhe
perguntas.
Nome... Quantas
pessoas
ajudou... Quanta
vezes lutou para
fazer o que era
certo... Na
terceira
pergunta,
Dagoberto se
indigna e diz,
mais espantado
ainda: “- Não
vai perguntar o
que eu fui, qual
foi a minha
religião?”.
Como o
protagonista de
nossa história
introdutória,
alimentamos
cotidianamente a
ilusão de que ao
final da jornada
terrestre
seremos
inquiridos sobre
aspectos formais
de nossa
existência:
títulos, cargos,
vinculações
religiosas,
posses etc.
Esquecemo-nos de
que o
questionário
trazido pelo
“rapaz da
prancheta” busca
avaliar os
avanços que
obtivemos
naquela
encarnação como
Espíritos, pela
ótica da vida
eterna.
Essa nossa
prestação de
contas da
existência se
dá, como toda
prestação de
contas, focada
nos objetivos
acordados.
Certamente
acordamos, antes
da encarnação,
avanços no
sentido da
melhoria no
campo dos
sentimentos, do
aprendizado no
amor e tudo isso
que fazemos ou
vivenciamos,
inclusive a
religião, pois
ela é (ou
deveria ser) um
instrumento para
avançarmos como
espírito. Não
confundamos os
meios com os
fins!
O rapaz da
prancheta que
nos abordará não
estará
interessado em
capas ou
couraças, e sim
no nosso avanço
interior, de que
forma nós
fizemos uso
desses
instrumentos
para nos
tornarmos um
pouco melhor ao
fim dessa
encarnação. Um
questionamento
que devemos nos
fazer a cada
dia, antecipando
as inquirições
da prancheta.
Se fosse ao
contrário, se
essas coisas
valessem por
elas mesmas, não
teríamos o
reinício pela
reencarnação,
com a bênção do
esquecimento, na
qual levamos na
bagagem apenas o
interior. Tudo
na Terra é
transitório, à
exceção dos
avanços que
fazemos no campo
do espírito.
Esse é o tesouro
que Jesus
falava, que a
ferrugem não
corrói e os
ladrões não
roubam.
O questionário
da prancheta do
rapaz é
universal. Cabe
para espíritas
ou para
vinculados a
qualquer
denominação
religiosa, para
nascidos em
qualquer parte
do globo
terrestre, para
todas as raças e
povos. Ele quer
saber dos nossos
avanços no amor,
uma grandeza
universal que se
manifesta dia a
dia
impulsionado, é
verdade, mas
para além de
roupagens
transitórias que
ostentamos, às
vezes garbosos,
na jornada
terrena.