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Espiritismo Século XXI - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/ -
na última segunda-feira,
dia 20 de fevereiro, a
letra de um clássico da
música popular
brasileira, “O xote das
meninas”, de autoria dos
compositores
pernambucanos Luiz
Gonzaga e Zé Dantas.(1) Além
da letra, indicamos,
como de hábito, os links que
permitem o acesso a
várias gravações da
citada canção, cujos
versos iniciais são
estes:
Mandacaru quando fulora
na seca
É o sinal que a chuva
chega no sertão,
Toda menina que enjoa da
boneca
É sinal que o amor já
chegou no coração...
Meia comprida, não quer
mais sapato baixo,
Vestido bem cintado, não
quer mais vestir
timão...
Nas gravações da canção
“O xote das meninas”, o
último verso do trecho
acima reproduzido é
cantado de forma
diferente dependendo do
intérprete. Alguns
cantores substituem a
palavra “timão” pelo
termo “gibão”.
Qual seria o termo
correto?
Recorremos a dois
confrades e estudiosos
radicados no Nordeste,
ambos pesquisadores e
divulgadores da doutrina
espírita e de temas
peculiares à região em
que vivem. Referimo-nos
a Bruno Tavares, de
Pernambuco, titular do
blog https://blogdobrunotavares.wordpress.com/,
e Estênio Negreiros, do
Ceará, titular do blog http://estenionegreiros.blogspot.com.br/
Conforme os dois amigos,
a quem expressamente
agradecemos, o termo
correto utilizado pelos
compositores é mesmo
“timão”, cuja acepção
como camisola de
crianças é desconhecida
em grande parte do
Brasil, especialmente
nos estados do Sul.
Há um texto que pode ser
lido no website http://www.recantodasletras.com.br,
intitulado 'Outros
Tempos', no qual o
próprio Luiz Gonzaga, em
entrevista ao consagrado
programa César de
Alencar, na Rádio
Nacional, explica o
significado do termo:
"Timão é um vestido que
as meninas usavam até
uns 10 anos, geralmente
feito em casa pelas
mães, uma peça que
chegava até abaixo dos
joelhos. Muitas vezes
feito de saco de
farinha”.
O vocábulo “timão”, com
essa acepção, está
registrado no Aurélio e
também no Dicionário
Priberam da Língua
Portuguesa.
Esclarecida a dúvida,
aproveitamos a
oportunidade para
explicar aos nossos
leitores qual é o
significado de outras
três palavras utilizadas
pelos autores da citada
canção e pouco
conhecidas na região em
que militamos:
Xote (do
alemão schottisch):
dança de salão de origem
alemã, semelhante à
polca; música que
acompanha essa dança. É
um ritmo e também uma
dança muito utilizados
no forró. Diversos
outros ritmos possuem
uma marcação semelhante,
podendo ser usados para
dançar o xote, que tem
incorporado também
diversos passos de dança
e elementos da música
latino-americana, como,
por exemplo, alguns
passos de salsa, de
rumba e mambo. Hoje em
dia, o xote é um dos
ritmos mais tocados e
dançados em todo o
Brasil.
Mandacaru (nome
científico Cereus jamacaru):
é uma cactácea nativa do
Brasil, adaptada às
condições climáticas do
semiárido. Conhecida
também como cardeiro, a
planta alcança até seis
metros de altura e
possui um formato que
pode lembrar um
candelabro. O mandacaru
é importante para a
restauração de solos
degradados, serve como
cerca natural e alimento
para os animais. A
planta espinhenta
sobrevive às secas
devido à sua grande
capacidade de captação e
retenção de água.
Fulora:
é o mesmo que floresce.
Trata-se de um
regionalismo, um modo
mais simples de falar
que uma planta floresce.
Na pronúncia, Luiz
Gonzaga e todos os
outros intérpretes
colocam o acento tônico
na primeira sílaba:
fúlora.
(1) A
letra da canção a que
nos reportamos, bem como
os links que
levam ao áudio das
diferentes gravações, o
leitor pode encontrar
clicando em: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/02/as-mais-lindas-cancoes-que-ouvi-230.html