ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Outros aspectos
da auto-obsessão
O fenômeno da
auto-obsessão é
tradicionalmente
associado a uma
“opressão”,
conforme
descreve o
Espírito Hammed,
do indivíduo
sobre si mesmo.
Nessa condição,
“Geralmente, a
auto-obsessão
vem acompanhada
de sentimentos
de culpa, de
autocensura, de
recriminação, de
complexos de
inferioridade e
de
irresponsabilidade
pelo próprio
destino”. Em
resumo, as
percepções que o
indivíduo
acalenta tendem
a ser carregadas
de
recriminações,
amarguras,
infelicidade,
emoções
descontroladas
e, por extensão,
altamente
autodestrutivas.
Em poucas
palavras, na sua
casa mental
predomina a
falta de paz e
harmonia, pois
não há
praticamente a
existência de
pensamentos
atenuadores ou
positivos. Em
decorrência
disso, o ato de
viver lhe
constitui um
fardo
insuportável. A
sua visão
excessivamente
negativa da
vida, do mundo
e, o que é mais
preocupante, de
si mesma, não
lhe permite
armazenar forças
internas capazes
de
contrabalançar
tal estado
vibratório.
Entretanto,
existe um outro
aspecto pouco
explorado na
literatura sobre
auto-obsessão, e
que merece maior
atenção de nossa
parte. Trata-se
da manifestação
da egolatria e
do comportamento
obsessivo-compulsivo.
Sob essa forma,
o indivíduo não
ativa uma
espiral
descendente tal
qual descrito
acima. Nessa
modalidade, se
assim podemos
nos expressar, o
quadro beira o
mais alto grau
de narcisismo
acoplado à falta
de senso, que
muitas vezes
conduz a
situações
ridículas ou
bizarras, e ao
culto excessivo
da imagem ou do
corpo, entre
outras
características
nocivas.
Para ilustrar,
muitas
celebridades não
raramente abusam
do comportamento
exibicionista.
São tão
apaixonadas pelo
que veem no
espelho que
chegam a nutrir
uma verdadeira
auto-obsessão.
Não faz muito
tempo que um
destacado portal
nacional de
internet exibiu
uma sequência de
fotos de
determinada
artista
nacional.
Elas começavam
destacando a
primeira semana
de gravidez da
conhecida
cantora e iam
até o estágio
final da sua
gestação.
Detalhe
importante: em
todas as fotos a
artista aparecia
sempre trajando
uma lingerie
específica de
cor preta.
Obviamente, só
mudava o tamanho
da sua silhueta.
Fiquei com
aquela dúvida me
martelando a
mente: mas para
que serve tal
coisa? Vale a
pena se expor
assim tão
intimamente? Por
acaso isso vai
alavancar a sua
carreira, que,
ao que parece,
já teve momentos
melhores? Outros
artistas mais
famosos também
já utilizaram
expediente
análogo. A
cantora Madona,
por exemplo,
lançou anos
atrás um livro
com fotos nada,
digamos,
edificantes...
Mas muitos
poderão
argumentar que
são apenas
artistas se
autopromovendo.
Não dá para
negar que há um
fundo de verdade
nessa alegação.
No entanto,
outros artistas
seguem firmes em
suas carreiras
sem tais
arroubos, bem
como lidando
discretamente
com as suas
vidas
particulares.
Ainda nesse
plano, não
podemos também
esquecer certos
personagens que
alimentam com
sofreguidão o
seu ego.
Refiro-me a
certos políticos
e empresários
que abusam do
culto do “eu”. A
história humana
está repleta de
pessoas que
assim se portam.
Elas tentam dar
a impressão de
que são
diferentes até
na composição da
matéria de que
são
constituídas. É
evidente que
esses indivíduos
também abrem
portas para as
entidades
desencarnadas
menos ajuizadas.
Mas, no geral,
comportam-se
como se fossem o
“centro do
mundo”, tamanha
a intensidade da
paixão que
alimentam por si
próprios, pelos
seus feitos,
pelas suas
criações e
ideias nem
sempre dignas.
Tais indivíduos
deixam não raro
um rastro amargo
de destruição
pelo caminho.
Por fim, há
outros que,
inspirados pelas
ferramentas
digitais
contemporâneas,
não conseguem
ficar um dia
sequer sem
postar uma foto
ou vídeo
pessoal. Nelas
retratam, à
exaustão e nos
mínimos
detalhes,
imagens das suas
vidas.
Dedicam-se com
tanta frequência
e exagero a essa
atividade que
caracteriza uma
verdadeira
obsessão. Em
síntese, pode-se
cogitar que a
auto-obsessão
eventualmente
abrange um
quadro bem mais
amplo.
Ao que tudo
indica, uma
pessoa portadora
desse tipo de
distúrbio parece
ter considerável
dificuldade de
aplicar um olhar
mais profundo,
meticuloso e
inquiridor sobre
o seu interior,
sua conduta e
atitudes. Ou
seja, aquele
olhar
autoindagador
que lhe
possibilitaria
obter um maior
conhecimento
sobre as suas
fraquezas e
atrações a fim
de que pudesse
se aperfeiçoar e
fortalecer para
os inevitáveis
embates rumo ao
progresso do seu
espírito. Como
bem explica o
Espírito Hammed,
“Quando nos
conscientizamos
de nossos
processos
mentais,
passamos a
clarear nosso
mundo interior e
a administrar
nossas atitudes
psíquicas”.