JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
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A
pior
fotografia do mundo
Todos os anos existem
vários prêmios de melhor
fotografia do mundo, que
geralmente aliam a arte
à beleza, entre outros
parâmetros, intrínsecos
a cada concurso. Um dos
concursos mais
conhecidos é o “World
Press Photo”, que este
ano escolheu como a
“melhor fotografia do
ano” a que captou o
grito de Mevlüt Mert
Altintas, o homem que
disparou contra o
embaixador russo na
Turquia.
Ao ler a notícia e sendo
um apaixonado pela
fotografia e pela
Natureza, senti-me
desconfortável, algo não
estava bem.
Remexi-me na cadeira,
fiquei inquieto, voltei
a ler.
Lá estava o louco, de
arma em punho, um corpo
morto no chão, e o
título de “melhor
fotografia do ano”.
Não, algo não está bem,
era suposto sentir
admiração pela arte de
fotografar, pelo objecto
fotografado, pela
qualidade e não foi isso
que aconteceu.
Senti incômodo… senti-me
incomodado!!!…
Quando o mundo inteiro
rebenta pelas costuras
com tanta violência,
quando tantos
jornalistas morrem em
situações de combate ou
de violência, são os
próprios jornalistas que
escolhem como a “melhor
do mundo” aquilo que
mais jornalistas mata: a
violência!
Algo não está bem…
Pode-se argumentar com o
que se quiser, com a
calma, o sangue-frio do
fotógrafo, o risco, seja
lá o que for, nada
justifica que uma foto
que incita à violência
seja escolhida como a “melhor”
do mundo.
Como mudar o mundo se as
músicas tiverem letras
agressivas, chulas e /
ou violentas?
Como mudar o mundo se a
7ª arte tiver o seu
êxito baseado na
violência?
Como mudar o mundo
quando a TV tem níveis
de audiência enormes
graças ao escândalo, ao
sensacionalismo?
Como mudar o mundo
quando os jornais, sem
qualidade ortográfica
nem de conteúdo,
esforçam-se por vender
crimes hediondos?
Como mudar o mundo
quando pensamos que a
melhor notícia é a que
fere mais a
sensibilidade humana,
pela negativa?
Como mudar o mundo
quando os líderes
políticos esforçam-se
por se denegrirem
mutuamente, o mais
possível, em busca de
votos?
Como mudar o mundo
quando a foto de um
assassinato é a “melhor”
do mundo?
Como mudar o mundo se
não mudamos nós mesmos?
A Doutrina dos Espíritos
(ou Espiritismo), que
não é mais uma seita ou
religião, mas sim uma
filosofia de vida, vem
mostrar-nos quem somos,
de onde viemos e para
onde vamos, ao longo dos
milênios, provando a
imortalidade do
Espírito, a
reencarnação, e a Lei de
Causa e Efeito.
Não há um
caminho para a paz, a
Paz é o caminho!
(Mohandas Gandhi)
Nesse sentido, o
Espiritismo é o maior
preservativo contra o
suicídio, o aborto, a
eutanásia e toda a forma
de violência, seja de
que tipo for.
Aprendemos com a
doutrina dos Espíritos
que somos o produto do
que fomos ontem (ao
longo dos milênios, nas
sucessivas
reencarnações) e que
seremos, na próxima
existência física, o que
somarmos nesta vida
carnal.
Como nos damos ao luxo
de exigir paz se
promovemos a guerra, o
ódio, a violência, mesmo
que sob a capa da
“arte”?
Jesus de Nazaré, o
Espírito que serve de
modelo e guia para a
Humanidade, na opinião
dos Espíritos
superiores, deixou
ensinamentos simples,
mas eficazes, sendo um
deles que a semeadura é
livre, mas a colheita é
obrigatória.
Por muito mérito que o
referido fotojornalista
tenha, deixem-me que
considere a sua
fotografia a “pior”
do ano, sem sombra de
dúvida…
E nós, o que fazemos
diariamente pela paz, ao
nível do pensamento, dos
sentimentos, das
atitudes?
Se queremos um mundo
melhor, temos de ser
melhores, ter melhores
gostos, ter melhores
atitudes, fazermos
pedagogia pela paz em
tudo o que falamos,
obramos, escrevemos, no
nosso quotidiano.
Parafraseando Mohandas
Gandhi, não existe um
caminho para a paz…
A Paz… é o caminho!