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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 507 - 12 de Março de 2017

RICARDO ORESTES FORNI 
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)

 


Para que serve a sua fé?


Você já se fez essa pergunta? Esse questionamento deve ser feito por todo cristão, independente de qual seja a religião que tenha escolhido. Pelo menos é o que nos recomenda Emmanuel, no capítulo 92 do livro Vinha de Luz: “Qual a finalidade do esforço religioso em minha vida?” Esta é a interrogação que todos os crentes deveriam formular a si mesmos, frequentemente. – ensina ele. 

Vamos fazer alguns questionamentos relativos ao nosso dia a dia. Por exemplo, quando uma família paga aluguel e se esforça para trabalhar unida, economizando bastante, e consegue comprar a casa própria, qual foi o objetivo dessa conquista? Melhorar as condições de vida de todos, não é assim? Deixa-se de gastar com a locação e passa a residir em residência própria.

Outra pergunta: quando temos um carro velho que começa a dar muitas despesas na oficina para reparar os estragos e conseguimos trocar por um carro mais novo em melhores condições, qual foi o objetivo desse novo veículo? Melhorar as condições de vida de seus usuários, não é verdade?

Passemos a mais um raciocínio: quando temos que tomar um remédio amargo ou até mesmo nos submetemos a uma cirurgia para reconquistar a saúde, qual é a intenção ao passarmos por esse sofrimento? Melhorar a saúde do nosso corpo físico, concorda?

Só mais um exemplo: ao procurarmos por um emprego melhor para obtermos um ganho que atenda mais às necessidades financeiras da família ou da própria pessoa, qual é a meta dessa mudança? Melhorar a situação de ganho da pessoa ou da família; alguém discorda?

Reparamos com esses poucos exemplos que estamos sempre objetivando uma situação melhor em nossa vida, o que é um direito de todos.

Em O Livro dos Espíritos, questão 781, Kardec afirma que o progresso é uma condição da natureza humana, não estando ao alcance de ninguém a ele se opor. Portanto, procurar a melhoria das condições materiais da vida por meios honestos, não envolve nenhum erro.

Retornemos à indagação inicial de Emmanuel: Qual a finalidade do esforço religioso em minha vida?

Já procurou responder a essa questão? Vou transcrever a afirmação de Emmanuel no mesmo capítulo citado: “Raramente se entrega o homem aos exercícios da fé, sem espírito de comercialismo inferior. Comumente, busca-se o templo religioso com a preocupação de ganhar alguma coisa para o dia que passa”.

Ufa! Ainda bem que quem afirma isso é Emmanuel! E se você pensa que parou por aí, se enganou. Ele prossegue: “Seria a crença tão somente recurso para facilitar certas operações mecânicas ou rudimentares da vida humana? Os irracionais, porventura, não as realizam sem maior esforço? Nutrir-se, repousar, dilatar a espécie são característicos dos próprios seres embrionários”.

Meu Deus! Como sempre os Espíritos superiores não apalpam a situação, vão direto ao ponto.

Já que começamos, vamos continuar em companhia de Emmanuel: “O objetivo da fé constitui realização mais profunda. É a ‘salvação’ a que se reporta a Boa Nova, por excelência. E como Deus não nos criou para a perdição, salvar, segundo o Evangelho, significa elevar, purificar e sublimar, intensificando-se a iluminação do espírito para a Vida Eterna”.

Disse tudo! O Espiritismo não vive a oferecer soluções prontas para os problemas da vida, quer seja material ou espiritual. Aponta o caminho para solucionarmos as nossas angústias através da nossa reforma íntima.

Essa tal de salvação interpretada por muitos de maneira cômoda como se alguma religião ou alguém nos entregasse a solução para nossas dificuldades, gratuitamente, absolutamente não existe. Salvar-se não é ir para um céu imaginário. Salvar-se é aproveitar ao máximo a atual reencarnação que nos foi permitida pela misericórdia de Deus. E, para que isso aconteça, não podemos exercitar a nossa fé com objetivo de comercialismo inferior que se caracteriza em ir ao templo religioso, seja ele qual for, em busca de solução pronta para a colheita dolorosa daquilo que plantamos na posse do livre-arbítrio.

Afirma Emmanuel nesse mesmo capítulo que a fé representa a bússola, a lâmpada acesa a orientar-nos os passos através dos obstáculos. Orienta-nos os passos, mas não caminha por nós.

Aliás, essa condição foi deixada bem clara por Jesus quando afirmou que quem desejasse segui-Lo, que tomasse sua cruz e o fizesse. Não prometeu caminhar por nós. Não prometeu carregar a cruz que nos é própria.

Da mesma forma como temos planos, estímulo, forças, para buscar a melhoria das condições de vida, que procuramos exemplificar nas linhas anteriores, com muito mais razão devemos ter a mesma decisão firme para empregar a fé que nos abençoa a atual existência para adquirir tudo de que necessitamos para a nossa melhoria espiritual.

Essa decisão exclui o egoísmo e o orgulho ainda tão arraigados em nosso íntimo.

Conforme afirma Emmanuel, não há vitória da claridade sem expulsão das sombras, nem elevação sem suor da subida.

E essa vitória e essa elevação somente serão alcançadas se pararmos para meditar corajosamente para que serve a nossa fé.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita