Unindo-se ao
inimigo
Pouco a pouco a
luz da Verdade
vai lançando
novos
contornos no
raciocínio
humano
“(...) Assim,
pois, meus
queridos filhos,
que uma santa
emulação vos
anime e que cada
um de vós se
despoje do homem
velho.”
François-Nicolas-Madeleine
– Cardeal Morlot
Realmente os
tempos são
chegados!... Os
dogmas medievais
– ancilosados –
estão sofrendo
rachaduras
viscerais e
definitivas,
muito embora,
eventualmente
surjam alguns
retrocessos
como, por
exemplo, o fato
que se deu
recentemente no
Estado de
Arkansas nos
Estados Unidos
da América do
Norte, onde a
comunidade
resolveu tirar
do currículo
escolar a Teoria
da Evolução de
Darwin, pois,
segundo esses
preclaros
estudiosos da
Bíblia, o homem
veio de Adão e
Eva, conforme
ensinam as
Santas
Escrituras e não
é, portanto,
nenhum ancestral
do macaco. E por
mais incrível
que possa
parecer, a
proposta foi
aprovada!...
Agora, num
inexplicável
retorno à
barbárie
medieval, os
alunos do Estado
de Arkansas são
obrigados a
acreditar na
alegoria do
Paraíso,
transformada em “realidade” pela
estultícia
humana.
A prova
da incredulidade que
muitos têm que
sofrer
impossibilita a
criatura de
alçar o voo às
alcandoradas e
transcendentes
regiões da
Espiritualidade
Superior. E
quando essa
prova é –
paradoxalmente –
vivenciada por
um ministro
religioso, ou um
pretenso “mestre”, chega-se
àquela situação
identificada por
Jesus acerca de
um cego guiando
outros cegos e,
consequentemente
caem todos!
Entanto, em que
pese a paralisia
espiritual
provocada pelos
dogmas medievais
que ainda estão “engessando” muitas
mentes ingênuas,
a Verdade, mercê
da misericórdia
divina, tem
bruxuleado –
pálida ou
ostensivamente –
aqui e acolá e,
pouco a pouco, a
sua luz vai
lançando novos
contornos no
raciocínio
humano.
Apesar de alguns
desses
pseudocondutores
de Almas,
inclusive dos
que são até
mesmo diplomados
em
Parapsicologia,
terem apenas
sorrisos de
mofa, atitudes
escarninhas e
irônicas no que
se refere à
Reencarnação e à
Comunicabilidade
dos Espíritos, a
realidade cedo
ou tarde vai
aparecendo,
lançando-os ao
descrédito, não
logrando mais,
esses ecônomos
infiéis, embair
senão outros tão
obturados quanto
eles próprios...
Uma fiel
católica estava
vivendo um
conflito:
divorciada e já
vivenciando o
seu segundo
casamento
(portanto uma
heresia aos
olhos da
Igreja), estava
sem coragem de
confessar o seu “pecado” ao
sacerdote. Sua
vida religiosa,
portanto,
periclitava...
Ela não queria
abrir mão de sua
crença e muito
menos do novo
marido. Qual não
foi a sua
alegria ao
assistir um alto
dignitário de
sua Igreja dizer
pela televisão
que os católicos
nessa situação
não têm mais que
temer o fogo do
inferno, porque
uma nova ordem
procedente do
Vaticano diz que
a palavra chave,
hoje em dia, na
Igreja é:
acolhimento.
Acolhimento a
todas as ovelhas
desgarradas do
rebanho sejam
elas quais forem
e em que
situação
estiverem.
Tal o número de
casais católicos
vivendo suas
segundas,
terceiras ou
mais
experiências
matrimoniais que
a Igreja
resolveu “afrouxar” a
exigência
dogmática do “até
que a morte os
separe”,
para não ver
minguar a cada
dia o seu já
combalido e
desnorteado
rebanho.
Já em Cachoeira,
cidade do
recôncavo
baiano, os
sacerdotes
católicos
receberam
autorização de
seus superiores
hierárquicos
para “acolher” a
Irmandade de
Nossa Senhora da
Boa Morte que
mantém uma
tradição de 200
anos de cultos
originários dos
escravos
africanos com as
cores brancas do
candomblé.
Ao que parece a
ordem do “acolhimento” deve
ter chegado
truncada na
Irlanda do
Norte, porque lá
protestantes e
católicos ainda
se “colhem” em
mútuas e
cruentas
pancadarias,
muitas delas
resultando em
óbitos de ambos
os lados.
Mas a grande
reviravolta não
parou por aí.
Está indo mais
longe: no mês de
novembro de
1998, o Padre
Gino Concetti,
teólogo e
colaborador
regular do
periódico
oficial do
Vaticano L`Observatore
Romano, fez uma
importante
declaração que
teve grande
publicidade na
imprensa
italiana, quando
escreveu: “segundo
o catecismo
moderno, Deus
permite a nossos
seres queridos
desaparecidos
enviar-nos
mensagens para
guiar-nos em
certos momentos
de nossa vida.
Depois dos novos
descobrimentos
no domínio da
psicologia sobre
o paranormal, a
Igreja decidiu
também não mais
proibir as
experiências de
diálogo com os
antepassados,
com a condição
de que sejam
feitas com uma
meta científica
ou religiosa. As
mensagens podem
chegar não
somente através
de palavras e
dos sons
(médiuns ou
sensitivos),
senão também
através de
diferentes
sinais”.
Pois é, acredite
quem quiser, mas
isso está
acontecendo! E a
turma da ala
carismática da
Igreja já anda
incorporando os
Espíritos por aí
afora!...
Realmente temos
aqui uma total
reversão de
posicionamento
que vem dar
razão ao
Espiritismo,
depois de tantas
negações por
parte da Igreja,
embora ainda
existam muitos
focos de
resistência
dentro dela
própria. Mas não
há dúvida de que
a Casa já se
encontra
dividida e,
segundo Jesus,
quando isso
acontece, o
desabamento
fragoroso está
iminente...
Mas isso não é
lá uma grande
novidade, vez
que os cristãos
dos primeiros
tempos conheciam
perfeitamente as
técnicas
necessárias para
entrar em
contato com os
Espíritos. E
recorriam a elas
cada vez que
lhes parecia
necessário.
Citemos um
exemplo notável,
porque nos
mostra um
Concílio inteiro
evocando os
Espíritos: Conta
Gregório de
Cesarea: “(...)
durante o curso
das sessões do
Concílio, e
antes que os
padres houvessem
podido firmar as
decisões, os
piedosos bispos
Crisanto e
Misonio
morreram. O
Concílio, depois
de ter dado sua
sentença, e
sentindo
vivamente não
poder contar com
o voto dos dois
membros
falecidos, se
trasladou por
inteiro ante
suas tumbas e,
tomando a
palavra, um dos
padres
expressou:
Santíssimos
pastores.
Terminamos
juntos a tarefa
e lutamos nos
combates do
Senhor. Se a
nossa obra é do
vosso agrado,
dignai-vos
fazer-nos saber,
colocando vossas
assinaturas”.
A decisão foi
fechada
imediatamente e
depositada na
tumba sobre a
qual se aplicou
o selo do
Concílio. Depois
de haver passado
a noite inteira
em oração, ao
amanhecer do dia
seguinte, após
rompidos os
selos,
encontraram ao
pé do manuscrito
as seguintes
linhas, com as
rubricas dos
defuntos
consultados: “nós,
Crisanto e
Misonio,
concordamos com
todos os Padres
no primeiro e
santo Concílio
Ecumênico, ainda
que agora,
despojados de
nossos corpos,
subscrevemos com
nossas próprias
mãos esta
decisão”.
Durma-se com um
barulho
desses!...
Mas a coisa
ainda não para
por aí... Não só
a
Comunicabilidade
dos Espíritos,
mas a
Reencarnação é
outra velha
conhecida da
Igreja e a sua
propagação teve
em Orígenes um
ardoroso
defensor.
Vejamos o que o
abade
Berault-Bercastel
disse em sua
obra “História
da Igreja” acerca
das ideias de
Orígenes: “segundo
este doutor da
Igreja, a
desigualdade
entre as
criaturas
humanas não é
mais que o
efeito de seu
próprio mérito,
porque todas as
almas foram
criadas simples,
livres,
inocentes e
iguais.
O maior número
incorreu no
pecado e, em
proporção com
suas faltas,
foram destinadas
a corpos mais ou
menos
grosseiros,
criados
expressamente
para servir-lhes
de cárcere. Daí
os diversos
matizes da
família humana.
Mas, por grave
que seja a
queda, isso
jamais implica
no retrocesso do
Espírito
culpado; tão
somente o obriga
a começar novas
existências,
quer neste mundo
quer em outros
mundos, até que,
cansado de
padecer, se
submeta à lei do
progresso e se
melhore. (Cadê
as penas
eternas!?)
Todos os
Espíritos estão
propensos a
passar do bem ao
mal, e do mal ao
bem. As penas
impostas pelo
bom Deus não são
mais que
medicinais e os
demônios mesmos
cessarão um dia
de ser os
inimigos do bem
e o objeto dos
rigores do
Eterno”.
Segundo Allan
Kardec, “o
progresso da
humanidade tem
seu princípio na
aplicação da lei
de justiça, de
amor e de
caridade, lei
que se funda na
certeza do
futuro.
Tirai-lhe essa
certeza e lhe
tirareis a pedra
fundamental.
Dessa lei
derivam todas as
outras, porque
ela encerra
todas as
condições da
felicidade do
homem. Só ela
pode curar as
chagas da
sociedade.
Comparando as
idades e os
povos, pode ele
avaliar quanto a
sua condição
melhora, à
medida que essa
lei vai sendo
mais bem
compreendida e
praticada. Ora,
se, aplicando-a
parcial e
incompletamente,
aufere o homem
tanto bem, que
não conseguirá
quando fizer
dela a base de
todas as suas
instituições
sociais! Será
isso possível?
Certo,
porquanto, desde
que ele já deu
dez passos,
possível lhe é
dar vinte e
assim por
diante.
Do futuro se
pode, pois,
julgar pelo
passado. Já
vemos que pouco
a pouco se
extinguem as
antipatias de
povo para povo.
Diante da
civilização,
diminuem as
barreiras que os
separavam. De um
extremo a outro
do mundo, eles
se estendem as
mãos. Maior
justiça preside
à elaboração das
leis
internacionais.
Nas relações, a
uniformidade se
vai
estabelecendo.
Apagam-se as
distinções de
raças e de
castas e os que
professam
crenças diversas
impõem silêncio
aos prejuízos de
seita, para se
confundirem na
adoração de um
único Deus.
A todos estes
respeitos, no
entanto, longe
ainda estamos da
perfeição e
muitas ruínas
antigas ainda se
têm que abater,
até que não
restem mais
vestígios da
barbaria.
Poderão acaso
essas ruínas
sustentar-se
contra a força
irresistível do
progresso,
contra essa
força viva que
é, em si mesma,
uma lei da
Natureza? Sendo
a geração atual
mais adiantada
do que a
anterior, por
que não o será
mais do que a
presente a que
lhe há de
suceder?
Sê-lo-á, pela
força das
coisas.
Primeiro,
porque, com as
gerações, todos
os dias se
extinguem alguns
campeões dos
velhos abusos, o
que permite à
sociedade
formar-se de
elementos novos,
livres dos
velhos
preconceitos. Em
segundo lugar,
porque,
desejando o
progresso, o
homem estuda os
obstáculos e se
aplica a
removê-los.
Desde que é
incontestável o
movimento
progressivo, não
há que duvidar
do progresso
vindouro. Logo,
pela força mesma
das coisas, ele
próprio dirigirá
o progresso e o
Espiritismo lhe
oferecerá a mais
poderosa
alavanca para
alcançar tal
objetivo.
(...) Por meio
do Espiritismo,
a humanidade tem
que entrar numa
nova fase, a do
progresso moral
que lhe é
consequência
inevitável. Não
mais, pois, vos
espanteis da
rapidez com que
as ideias
espíritas se
propagam. A
causa dessa
celeridade
reside na
satisfação que
trazem a todos
os que as
aprofundam e que
nelas veem
alguma coisa
mais do que
fútil
passatempo.
Ora, como cada
um o que acima
de tudo quer é a
sua felicidade,
nada há de
surpreendente em
que cada um se
apegue a uma
ideia que faz
ditosos os que a
esposam”.
Acrescenta o
nobre Espírito
São Luís:
“(...)
reconhecer-se-á
em breve que o
Espiritismo
ressalta a cada
passo do texto
mesmo das
Escrituras
sagradas. Os
Espíritos,
portanto, não
vêm subverter a
religião, como
alguns o
pretendem; vêm,
ao contrário,
confirmá-la,
sancioná-la por
provas
irrecusáveis.
Como, porém, são
chegados os
tempos de não
mais empregarem
linguagem
figurada, eles
se exprimem sem
alegorias e dão
às coisas
sentido claro e
preciso, que não
possa estar
sujeito a
qualquer
interpretação
falsa. Eis por
que, daqui a
algum tempo,
muito maior será
do que é hoje o
número de
pessoas
sinceramente
religiosas e
crentes.”
-
KARDEC,
Allan. O
Livro
dos
Espíritos. 88.
ed. Rio
[de
Janeiro]:
FEB,
2006,
conclusão,
tomos IV
e V.
-
KARDEC,
Allan. O
Livro
dos
Espíritos. 88.
ed. Rio
[de
Janeiro]:
FEB,
2006, q.
1010.