TEMI MARY FACCIO
SIMIONATO
temi_mary@yahoo.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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O convertido de Damasco
Paulo de Tarso,
o Apóstolo dos
gentios, foi
conhecido como
cooperador fiel
de Jesus na sua
legítima feição
de homem
transformado, de
um coração
extraordinário
que se levantou
das lutas
humanas, para
seguir os passos
do Mestre num
esforço
incansável e
incessante.
É importante
recordar que
Paulo recebeu a
dádiva da visão
gloriosa do
Mestre às portas
de Damasco e,
também, a
declaração de
Jesus relativa
ao sofrimento
que o aguardava
por amor ao Seu
nome.
O meigo Rabi, de
sua esfera de
claridade
imortal,
chamou-o, e,
assim, Paulo,
tateando na
treva das
experiências
humanas,
respondeu-Lhe: “Senhor,
que queres que
eu faça?” Assim
começa a grande
transformação
desse homem que
surgia renovado,
renovando as
suas atitudes e
avançando com
firmeza pela
senda da
redenção.
Essa caminhada é
longa, árdua...
É um duelo
interior onde o
mal ainda
prevalece; é o
conflito entre o
que desejamos
ser e o que
realmente somos.
Muitas vezes,
encontraremos
obstáculos,
desafios, porém
Jesus é claro
quanto ao
convite do
aprimoramento
interior: “Ninguém
que, tendo posto
a mão no arado,
olha para trás,
é apto para o
reino de Deus”
(Lucas, 9:62).
Podemos, assim,
ir transformando
progressivamente
imperfeições,
fraquezas,
sentimentos que
necessitam ser
trabalhados,
pelo despertar
das virtudes
santificantes. O
tempo não
importa. O que
importa é o
esforço que
fizermos para
alcançar nossa
renovação
interior,
modificando
gradativamente
nossos
sentimentos
menos elevados e
colocando em seu
lugar atributos
enobrecidos.
Após sua
rendição
integral a
Jesus, Paulo
recolheu-se em
meditação no
deserto por três
anos, pois sabia
que muito teria
de lutar para
não cair,
novamente, nos
mesmos
equívocos, como
ele mesmo clamou:
“Miserável homem
sou, que não
faço o bem que
quero, mas o mal
que não quero!”
(Romanos, 7:24).
Na sua convicção
da realidade
espiritual do
Cristo, com
vontade firme de
vencer, Paulo
triunfou sobre
si mesmo na
batalha
interior.
É preciso
aperfeiçoar-nos,
acima de tudo,
no modelo de
Jesus: sentir,
pensar,
observar, ouvir,
ser e agir com
acerto na
realização da
tarefa que o
Mestre nos
reservou.
O
autoconhecimento
é fundamental
para este
caminho de
transformação
íntima: O “conhece-te
a ti mesmo”
é comportamento
obrigatório para
quem pretende
superar-se.
A nossa tomada
de consciência
dos hábitos
morais
incoerentes com
a Lei de Amor
leva-nos a
questionamentos
e reflexões que,
através da
dedicação,
esforço,
disciplina, são
primordiais para
esse processo de
reajuste, que
promovem nosso
crescimento e
nos ajudam a
trilhar um novo
caminho, uma
nova realidade
de acordo com o
que Deus, nosso
Pai, espera de
cada um de nós.
Entretanto,
quanto mais
demorarmos em
promover essas
modificações em
nós, mais tempo
ficaremos presos
nas mesmas
situações que
tantas angústias
e aflições nos
trazem.
Em apoio a essa
ideia,
encontramos na
questão 919-A de O
Livro dos
Espíritos,Santo
Agostinho, um
dos orientadores
da Codificação
espírita
realizada por
Allan Kardec,
esclarecendo-nos
que o
autoconhecimento
é o meio mais
prático e eficaz
que temos de
melhorar e de
resistir ao
arrastamento do
mal. O amigo
espiritual,
recomenda-nos: “Fazei
o que eu fazia
quando vivi na
Terra, ao fim do
dia interrogava
a minha
consciência,
passava em
revista o que
havia feito e
perguntava, a
mim mesmo, se
não faltava a
algum dever, se
ninguém tivera
motivo para se
queixar de mim.
Foi assim que
cheguei a me
conhecer e a ver
o que em mim
precisava de
reforma”.
Trata-se de um
autoexame que
nos auxilia a
explorar o mundo
íntimo com ampla
liberdade e
sinceridade em
benefício da
nossa própria
melhora, não
olvidando que a
perfeição não é
apostolado de um
dia e, sim, de
milênios, e que
cada mente traz
consigo as
marcas da
própria ação de
ontem e de hoje,
determinando seu
cárcere ou sua
libertação.
O benfeitor
espiritual
Emmanuel,
através da
psicografia de
Francisco
Cândido Xavier,
em Pedro
Leopoldo/ MG, na
casa do Doutor
Rômulo Joviano,
na fazenda
Modelo, em
08/julho/1941,
nos traz algumas
considerações a
respeito de
Paulo de Tarso:
“Muitos dizem
que Paulo
recebeu apelo
direto, mas, na
verdade, todos
nós recebemos
uma convocação
pessoal ao
serviço do
Cristo; as
formas podem
variar, mas a
essência ao
apelo é sempre a
mesma. O convite
ao ministério
chega às vezes
de maneira
sutil,
inesperadamente,
a maioria,
porém, resiste
ao chamado
generoso do
Senhor.
Paulo negou-se a
si mesmo,
arrependeu-se,
tomou a cruz e
seguiu o Cristo
até o fim de
suas tarefas
materiais. Entre
perseguições,
zombarias,
desilusões,
pedradas,
açoites e
encarceramentos,
o apóstolo dos
Gentios foi um
homem intrépido
e sincero,
caminhando entre
as sombras do
mundo, ao
encontro do
Mestre que se
fizera ouvir nas
encruzilhadas de
sua vida. Entre
ele e Jesus
havia um abismo
que o apóstolo
soube transpor
em decênios de
luta redentora e
constante. O
convertido não
poderia chegar a
essa
possibilidade em
ação isolada no
mundo; sem
Estêvão, não
teríamos Paulo,
a vida de ambos
estava
entrelaçada com
misteriosa
beleza,
confirmando a
necessidade e a
universalidade
da lei de
Cooperação.
Recordemos que
Jesus, cuja
misericórdia e
poder abrangiam
tudo, procurou a
companhia de
doze auxiliares
a fim de
empreender a
renovação do
mundo, e sem
cooperação não
poderia existir
amor, que é a
força de Deus
que equilibra o
Universo”.
Chico Xavier
sempre lembrava
que: “Embora
ninguém possa
voltar atrás e
fazer um novo
começo, qualquer
um pode começar
agora e fazer um
novo fim”.
Deste modo,
recordemos que
as Leis Divinas
ou Naturais
estão escritas
em nossa
consciência,
como nos
esclarece a
questão 621 de O
Livro dos
Espíritos.Assim,
cada um de nós
sabe, bem no
íntimo, se
estamos agindo,
ou não,
corretamente.
É conveniente
também
relembrarmos o
ensinamento do
benfeitor
espiritual
Emmanuel, pela
psicografia de
Francisco
Cândido Xavier,
contida no livro Busca
e Acharás, no
capítulo Sugestões
de Paz: “Quando
puderes, como
puderes e onde
puderes,
guardando a
consciência
tranquila,
trabalha sempre
servindo. Assim
agindo, ainda
que não
percebas, desde
agora, estarás
imperturbavelmente
nos domínios da
paz”.
O Apóstolo Paulo
de Tarso, grande
missionário,
dizia que
buscava viver
como o próprio
Mestre e por
isso asseverava:
“Já não sou
mais eu quem
vive, mas o
Cristo é que
vive em mim; já
não sou mais eu
quem fala e quem
age, mas o
Cristo é que age
em mim” (Gálatas,
2:20).
Finalizando
nossas
reflexões,
rememoremos que
Paulo de Tarso
andou em
combate,
perseguindo
cristãos, até o
encontro pessoal
com o Cristo,
quando então
passou a viver o
bom combate,
consigo mesmo,
até encontrar
novamente, com o
Mestre, no final
da sua jornada
terrena. Até o
caminho de
Damasco,
estivera em
função das
glórias
mundanas, ávido
de autoridade
transitória,
mas, desde o
instante em que
Ananias,
propagador e
enviado do
Cristo, o
recolheu
enceguecido e
transtornado,
entrou em
submissão
dolorosa;
incompreendido,
abatido e
doente, jamais
deixou de servir
a causa do bem
que abraçara com
Jesus.
Ao término da
carreira do
semeador da
verdade, o
ex-conselheiro
do Sinédrio,
aparentemente
cansado, abatido
e vencido, saiu
da Terra na
condição de
verdadeiro
triunfador.
Que o exemplo
deste grande
convertido, o
vaso escolhido
por Jesus, se
faça mais claro
em nossos
corações, a fim
de que cada
discípulo possa
entender quanto
lhe compete
trabalhar e
sofrer por amor
a Jesus.
Bibliografia:
XAVIER, C.
Francisco – Palavras
de Vida Eterna –
ditado pelo
Espírito
Emmanuel -35ª
edição –
Uberaba/ MG –
Editora Comunhão
Espírita Cristã
-2010 – páginas
313 e 338.
PIRES, José
Herculano – Revisão
do Cristianismo –
3ª edição – São
Paulo/SP –
Editora Paideia
– 1990 – páginas
58 e 60.