Vansan:
“Jesus é a nossa
grande fonte de
inspiração”
O conhecido
músico conta
como iniciou e
como desenvolveu
seu trabalho
espírita unindo
a música e a
palestra pública
na casa espírita
|
Natural de Mogi
das Cruzes (SP),
onde reside e
vive atualmente,
Vicente de Paulo
Fernandes da
Costa (foto),
o Vansan,
costuma dizer em
tom de
brincadeira que
hoje é apenas um
ponto de
referência,
visto que
frequentemente
está viajando
para palestras e
shows. Nasceu
numa
família católica
praticante,
foi coroinha e
partici- |
pante das
equipes
litúrgicas da
igreja que frequentava. O
avô fundou, e o
pai dirigiu em
sua cidade, um
abrigo para
idosos
desamparados, a
Casa de São
Vicente de
Paulo, que
atendia apenas
idosos carentes
e sem recursos.
|
Seu nome veio em
homenagem ao
santo. Mas a
igreja não
respondia, de
forma
convincente, às
suas
inquietações e
dúvidas. Em
torno de 1980
começou a ter
sérias crises de
enxaqueca, que
os medicamentos
não conseguiam
aliviar, mas
acabaram levando-o
a buscar ajuda
em uma casa
espírita. Passou
a frequentar,
estudar e
trabalhar na
Doutrina
Espírita, onde
pôde dedicar-se
à tarefa
assistencial,
mediúnica e
artística.
Hoje está
vinculado ao
Núcleo Espírita
Caminho da Luz,
em Mogi das
Cruzes. É autodidata,
toca violão e
compõe desde os
8 anos de
idade. É músico
profissional
desde 1978,
professor de
música
e professor
universitário na
área de
Comunicação
Social. Realiza
mais de 300
palestras
literomusicais/doutrinárias
por ano,
utilizando a
música, pelo
Brasil e
exterior, em
Casas espíritas,
congressos e
encontros.
No exterior já
se apresentou em
Portugal, Espanha,
Bélgica, Suíça,
Alemanha,
Itália, Estados
Unidos, Canadá e
em Moçambique.
Já produziu e
lançou 35 CDs e
um DVD.
Vansan
concedeu-nos a
entrevista
seguinte.
O que o motivou
a trabalhar com
a arte espírita?
Comente sobre
suas obras e
seus últimos
trabalhos.
Desde 1980,
quando, por
motivo de saúde,
fui orientado
pelo próprio
médico a
procurar uma
casa
espírita. Tendo
recebido o
precioso
medicamento do
evangelho de
Jesus,
desenvolvi o dom
da mediunidade
nos trabalhos
práticos de
desobsessão, de
cura e na obras
assistenciais da
casa (sopa,
atendimento
fraterno, e nos
trabalhos de
evangelização
junto às
comunidades
carentes). Mais
tarde fui
orientado
a cantar e
tocar violão
durante
os trabalhos de
cura
contribuindo
assim para a
vibração.
Paralelamente já
participava como
músico nas
aberturas
musicais de
renomados
palestrantes
espíritas e com
a vibração da
música nos
trabalhos de
grandes
psicógrafos. Até
que, por
orientação
espiritual, dei
início à tarefa
de evangelizar
através da
música – a
TERAPIA MUSICAL
DO AMOR –,
trabalho que
venho realizando
há mais de dez
anos e que me
tem
proporcionado
grandes
alegrias.
Como surgiu essa
tarefa?
A tarefa surgiu
a partir de um
convite para uma
jornada de
palestras de um
orador renomado,
no interior de
São Paulo, onde
eu faria apenas
a harmonização
de ambiente da
palestra. A
jornada seria de
10 dias em
cidades
diferentes. Ocorre
que o orador
ficou adoentado
e não pôde
comparecer. Nosso
anfitrião então
me disse que
ficasse
tranquilo que
ele faria a
palestra e eu
ficaria com a
harmonização. A
primeira cidade
visitada era
muito pequena e
as pessoas muito
simples ficaram
magnetizadas com
a música que eu
cantava na
harmonização
antes da
palestra. Ele se
aproximou de mim
discretamente e
me disse ao
ouvido - não
vou quebrar esse
encanto - a
noite é sua - a
lição do
Evangelho hoje é
sobre os laços
de família -
fale o que
souber e cante
dentro desse
tema. Foi o
que fiz
intuitivamente e
ficou muito bom,
a ponto de ele
me repassar a
tarefa
toda durante o
restante da
jornada. Nascia
ali o EVANGELHO
MUSICAL, onde
discorro sobre
temas
doutrinários e
ilustro com
músicas que
complementam as
mensagens. As
pessoas cantam
junto e se
envolvem na
vibração. É
muito
gratificante e
agradeço a Deus
todos os dias
por essa tarefa
a mim confiada.
Fale-nos
sobre o seu
repertório.
Na Seara
Espírita, meu
repertório é bem
variado. Como
nos orienta o
Livro dos
Espíritos, “o
que vale é o
teor da
mensagem”.
Escolho as
músicas pela
mensagem que
trazem e pela
melodia, de
maneira a nos
elevar os
sentimentos. Canto
canções de
autores
espíritas, de
outras religiões
e até de quem
não se
identifica em
qualquer
religião, além
de muitas
composições
próprias e
versões que faço
de composições
renomadas do
cancioneiro
popular
internacional. O
objetivo de
nossa tarefa é
levar consolo,
paz, alegria e
força, fazendo
com que nossas
canções e
palavras sejam
veículos de
aproximação das
pessoas a
Deus.
Você foi
influenciado
pela prática de
alguma
instituição ou
tem iniciativa
particular?
Sigo minha
própria
intuição, mas
cada casa que
visito contribui
para meu
aprimoramento. Há
casas que, em
virtude do foco
de estudo
daquela semana,
me sugerem temas
a serem
explanados. Cada
casa é uma
história em
particular. Procuro
seguir minha
intuição, dentro
da condição
vibratória do
ambiente e das
necessidades dos
presentes. Não
costumo definir
um repertório
previamente. A
espiritualidade
vai-me intuindo.
E frequentemente
ouço dos
presentes: essa
música falou pra
mim o que eu
estava
precisando ouvir
hoje!
Há muitos
relatos de
pessoas que
estavam
sentindo-se
doentes, até
mesmo com dores
físicas, e que,
através das
canções, abriram
espaço para o
auxílio
espiritual e se
sentiram
melhor. Outros,
diversas vezes,
que traziam no
coração a
dolorosa
intenção do
suicídio, ao
participarem de
nossa
apresentação
mudaram seus
propósitos. Laços
de ódio e
desavença
desfeitos. Reconciliação
de familiares
que não se
falavam há muito
tempo, por
orgulho, e até
mesmo grupos
afastados dentro
da própria casa
espírita que se
uniram
novamente. E
isso também
ocorre entre os
Espíritos. Muitos
irmãos desencarnados
são socorridos.
É muito
gratificante
para mim e me
estimula a
prosseguir
sempre.
Como você vê a
qualidade da
produção musical
espírita, em
geral, no
momento atual?
Com a graça de
Deus, vejo que
vem crescendo em
todos os
sentidos. Não só
na quantidade de
grupos e
composições, mas
também na
qualidade
musical e
doutrinária. Novos
grupos surgindo
a cada
dia. Muitos
inspirados pela
nossa tarefa. E
cada vez mais
voltados para a
divulgação da
doutrina e do
Evangelho de
Jesus. As
pessoas recebem,
com a música nas
casas espíritas,
uma dose
importante de
ânimo, de
alegria, de fé e
de esperança.
Quais as
facilidades
encontradas e as
principais
dificuldades em
sua tarefa?
As dificuldades
são as mesmas de
todo trabalhador
espírita. Na
maioria das
vezes só
encontro mesmo
alegria,
acolhimento,
fraternidade por
onde passo. A
alegria de
servir com
Jesus. A grande
facilidade que
encontramos,
antes de tudo, é
o amparo
espiritual. Dos
mentores de
nossa tarefa,
mas também da
espiritualidade
das casas
espíritas que
visito. A
acolhida que
sempre nos dão
os companheiros
espíritas. E
principalmente o
carinho das
pessoas que nos
acompanham. As
dificuldades são
as mesmas de
qualquer
cristão. Vencer
a barreira das
imperfeições
humanas, mas
principalmente
as
nossas. Vigiar
sempre e orar
para que não
venhamos a
sucumbir na
sedução da
vaidade, do
orgulho e do
egoísmo que
tanto nos
assolam. Cuidar
da sintonia
mental e de
nossas escolhas
para que não
venhamos a ser
veículos de
espíritos não
bem
intencionados e
daqueles que
desejam deturpar
a nossa
tarefa. Mas,
acima de tudo,
confiar. Jesus é
a nossa grande
fonte de
inspiração.
Qual o papel dos
compositores,
artistas,
escritores,
dirigentes e
líderes
espíritas na
melhoria e
preservação da
qualidade das
produções
artísticas e dos
conteúdos
espíritas?
Muitas obras da
literatura
espírita nos
falam da
importância da
música nos
trabalhos
espirituais. A
música, quando
elevada, é capaz
de nos colocar
em sintonia com
o mundo superior
e, associada à
poesia, essa
sintonia se
completa. Cabe,
portanto, aos
artistas
médiuns, que
somos, vigiar e
orar, cuidar de
nossas escolhas
e sintonias,
para que nossa
produção
artística possa
ser sempre esse
canal de ligação
com Deus. São
muitos os
irmãos,
encarnados e
desencarnados,
que,
sensibilizados
pela arte, mudam
seus propósitos
menos felizes e
se permitem
receber ajuda e
tornarem-se
trabalhadores
valiosos. A arte
é a expressão do
belo em seu mais
complexo
entendimento. O
belo nos inspira
a resgatar a
nossa condição
divina de seres
criados para o
amor.
Quais os seus
planos em
relação ao
futuro, em
relação à arte
espírita?
Prosseguir
semeando. Vejo
que hoje muitos
grupos musicais
estão surgindo,
inspirados pelo
trabalho que
realizamos. Fico
feliz ao ver que
muitos jovens se
interessam por
essa tarefa. E é
aí que vejo um
ponto muito
importante
porque, em sua
maioria, as
casas espíritas
estão
envelhecendo com
seus
trabalhadores. Há
ainda um
interesse muito
pequeno dos
jovens pelos
trabalhos das
casas. E poucas
são as casas que
oferecem
oportunidade
para que eles
possam
participar mais
ativamente. É a
arte espírita o
melhor caminho
para atrair a
juventude a
assim garantir a
continuidade
das tarefas. Os
jovens que estão
nessa condição
são
extremamente atuantes
e
participativos. Fico
feliz por poder
ser um ponto de
inspiração para
esses
jovens.
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Primeiramente
queria agradecer
a oportunidade
oferecida por
este importante
veículo de
divulgação
espírita. Neste
mês de março
estou com
intensa
programação de
apresentações em
Brasília.
Gostaria de
dizer que é uma
grande alegria,
para mim, estar
junto à
comunidade
espírita da
região.
Convido-os a nos
prestigiar com
sua presença,
rogando a Deus
que os ilumine e
abençoe e que
possamos todos
prosseguir
servindo com
amor, união e
fraternidade,
guiados,
inspirados e
amparados por
Jesus, nosso
modelo e guia de
perfeição.