Uma leitora do Rio de
Janeiro (RJ), em mensagem
publicada na seção de Cartas
desta edição, questiona o
conceito espírita de que
“animais sofrem para
evoluir, mas não resgatam
débitos como seres humanos,
já que não possuem
livre-arbítrio”.
Já tratamos do tema em
inúmeras oportunidades, mas
vale a pena, dada a
importância do assunto,
relembrar o que escrevemos.
Conforme é dito no cap. 19
do livro Ação e Reação,
de André Luiz, identificamos
na experiência terrestre
três tipos de dores: a
dor-evolução, a dor-expiação
e a dor-auxílio. Destas,
apenas a dor-expiação diz
respeito aos erros cometidos
no pretérito. A dor-auxílio
e a dor-evolução existem na
vida em decorrência de
outras razões e finalidades.
A dor-evolução, cujo
objetivo notório é o
aprimoramento do ser, nada
tem que ver com atos do
passado. É o que ocorre com
os animais, não apenas os
que vivem em nosso meio,
como os cães, vítimas de
tantas enfermidades e
problemas, mas sobretudo com
os que vivem em plena selva.
Alguém consegue imaginar o
sofrimento de uma presa
abatida por seu predador e
estraçalhada antes mesmo de
ocorrer sua morte corpórea?
Referindo-se diretamente ao
caso dos animais, o
instrutor Druso afirma:
"A dor é ingrediente dos
mais importantes na economia
da vida em expansão. O ferro
sob o malho, a semente na
cova, o animal em
sacrifício, tanto quanto a
criança chorando,
irresponsável ou
semiconsciente, para
desenvolver os próprios
órgãos, sofrem a
dor-evolução, que atua de
fora para dentro,
aprimorando o ser, sem a
qual não existiria
progresso”. (Ação e
Reação, cap. 19.)
Em entrevista publicada pela
Revista Cristã de
Espiritismo, edição 29,
de 2004, o saudoso confrade
Marcel Benedeti, médico
veterinário desencarnado em
fevereiro de 2010, autor de
importante obra sobre os
animais e seu destino
espiritual, afirmou,
comentando a eutanásia no
caso de animais em
sofrimento:
“O ser humano tem o carma, o
animal não. O animal tem
consciência, mas muito mais
restrita, em relação ao ser
humano. Ele segue muito mais
os seus instintos. Então,
como não tem carma, a
eutanásia deve ser o último
recurso utilizado; o
veterinário deve fazer todo
o possível para salvá-lo. Se
o animal estiver sofrendo
muito e não existir outra
maneira, o plano espiritual
não condena, porque é um
aprendizado tanto para o
animal quanto para o dono
que precisa tomar a
decisão”.
Perguntaram certa vez a
Chico Xavier como devemos
encarar a questão da
existência de deformidades
congênitas no seio dos
animais. Por que nascem
animais cegos ou deformados,
se eles não têm o
livre-arbítrio?
O saudoso médium respondeu:
“Nossos benfeitores
espirituais nos esclarecem
que é preciso que todos nós
consideremos que os animais
diversos, a nos rodearem a
existência de seres humanos
em evolução no planeta
Terra, são nossos irmãos
menores, desenvolvendo em si
mesmos o próprio princípio
inteligente. Se nós, seres
humanos, já alcançamos os
domínios da inteligência,
desenvolvendo agora as
potências intuitivas, eles,
os animais, estão
aperfeiçoando paulatinamente
seus instintos na busca da
inteligência.
Da mesma maneira que nós
humanos aspiramos alcançar
algum dia a angelitude na
Vida Maior, personificada em
nosso mestre e senhor Jesus,
eles, os animais, aspiram a
ser no futuro distante
homens e mulheres
inteligentes e livres. Assim
sendo, nós podemos nos
considerar como irmãos mais
velhos e mais experimentados
dos animais.
Ora, nós já sabemos que a
Lei Divina institui a
solidariedade entre os
seres, e, por isso, podemos
facilmente concluir que a
nós, seres humanos, Deus
outorgou a condução e a
proteção de nossos irmãos
mais novos, os animais. E o
que é que nós estamos
fazendo com esta
responsabilidade santa de
proteger e guiar o reino
animal? Como é que esta
humanidade terrestre tem
agido em relação aos
animais, nos inúmeros
séculos de nossa história?
Porventura nós, os homens,
não temos nos convertido em
algozes impiedosos dos
animais ao invés de seus
protetores fiéis? Quem
ignora que a vaca sofre
imensamente a caminho do
matadouro? Quem desconhece
que minutos antes do golpe
fatal os bovinos derramam
lágrimas de angústia? Não
temos treinado determinadas
raças de cães exaustivamente
para o morticínio e o
ataque? Que dizermos das
caçadas impiedosas de aves e
animais silvestres,
unicamente por prazer
esportivo? Que dizermos das
devastações inconsequentes
ao meio ambiente? Tudo isto
se resume em graves
responsabilidades para os
seres humanos!
A angústia, o medo e o ódio
que provocamos nos animais
lhes alteram o equilíbrio
natural de seus princípios
espirituais, determinando
ajustamento em posteriores
existências, a se
configurarem por
deformidades congênitas. A
responsabilidade maior
recairá sempre nos desvios
de nós mesmos, os seres
humanos, que não soubemos
guiar os animais na senda do
amor e do progresso, segundo
a vontade de Deus.
Agora, vejamos, se
determinado cão é treinado
para o ataque e a morte com
requintes de crueldade, se
ele é programado para o mal,
pode ocorrer que em
determinado momento de
superexcitação este mesmo
cão, treinado para atacar os
estranhos, ataque as
crianças de sua própria casa
ou os próprios donos. Aí
teremos um desajuste
induzido pela
irresponsabilidade humana.
Ora, este mesmo cão aspira
crescer espiritualmente para
a inteligência e o
livre-arbítrio. Mas, para
isso, ele precisará
experimentar o sofrimento
que lhe reajuste o campo
emotivo, aprendendo pouco e
pouco a Lei de Ação e
Reação. Assim, ele
provavelmente renascerá com
sérias inibições congênitas.
A responsabilidade de tudo
isto, no entanto, dever-se-á
à maldade humana.” (Do livro
Lições de Sabedoria,
de Marlene Rossi Severino
Nobre.)
Esperamos que as informações
acima nos ajudem a entender
as nuanças da questão
levantada pela estimada
leitora.
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