Chico Xavier continua
escrevendo sob o guante de
sofrimento advindo das
perseguições. Jogado à
opinião pública de todo o
País, aguarda serenamente o
resultado do julgamento dos
homens, sabendo de antemão
que, qualquer fosse ele,
estaria em paz com a sua
consciência, na certeza de
ter cumprido fielmente o seu
dever.
Toda a sua defesa é Jesus. É
nele que encontra o exemplo
a ser seguido. É para o
Mestre Divino que volve o
seu olhar confiante. E
enquanto se abriga nesse
imenso amor, Chico é
surpreendido com a reação
nada cristã e nada espírita
de muitos confrades. Num
relance percebe não apenas
essa conduta incoerente com
os princípios que dizem
esposar, mas,
principalmente, a estratégia
dos planos inferiores a se
armar, sub-repticiamente,
infiltrando-se sutil e
usando como pretexto a
necessidade de sua defesa.
Escreve para Wantuil:
Como sabes, meu caro
Wantuil, nem todas as
publicações poderiam ser
corretas, no caso
escandaloso, e nem todos os
jornalistas me procuraram
com boas intenções. Mas como
sabes também, e conforme
assevera o nosso Emmanuel,
“na tarefa mediúnica, não
podemos agradar a todos, mas
não devemos desagradar a
ninguém”. Minha situação era
muito delicada e mesmo assim
não faltaram inúmeros
confrades que me escreveram
cartas impiedosas e
irônicas, quando liam
reportagens em desacordo com
a verdade dos fatos, como se
eu devesse controlar todos
os jornais que escreveram
sobre o acontecimento.
Alguns me perguntaram
acremente se eu não estava
obsediado e se já não havia
enlouquecido. (...)
Continuemos, meu amigo, em
nossos trabalhos, edificados
na consciência tranquila.
É lamentável constatar que
nossos irmãos espíritas
escreveram e se dirigiram a
Chico Xavier ofendendo-o,
pedindo-lhe contas de seus
atos, transformando-se em
juízes descaridosos e frios,
como se lhes coubesse esse
direito em relação a outro
ser humano. É triste
verificarmos quanto ainda
somos pouco cristãos. Não
assimilamos quase nada dos
ensinamentos do Cristo. É o
caso de nos perguntarmos:
Onde está o Evangelho em
nós? E da Doutrina Espírita
o que apreendemos,
assimilamos e incorporamos à
nossa vivência? A lição do
Mestre prossegue ecoando ao
longo dos tempos para
aqueles que têm ouvidos de
ouvir: “Atire a primeira
pedra aquele que estiver sem
pecados”.
Mas Chico nem sequer
menciona nomes. Poderia
tê-lo feito, pois escreve a
um amigo do seu coração. Não
acusa, todavia, a ninguém.
Não faz referências
desairosas. Apenas explica a
Wantuil que muitas
publicações não são corretas
e que alguns jornalistas não
o procuraram com boas
intenções. Chico quer que
Wantuil esteja a par da
verdade. Interessa-lhe que o
amigo saiba do que ocorre.
Não se preocupa em divulgar
a realidade ou esclarecer os
demais. Permanece, como
sempre faz, em sua
extraordinária vivência
evangélica.
De suas palavras neste
trecho, reponta a frase de
Emmanuel: “na tarefa
mediúnica, não podemos
agradar a todos, mas não
devemos desagradar a
ninguém”. Realmente, com
paciência apostolar Chico
procurou seguir esse
conselho, doando
constantemente o melhor de
si mesmo. As pessoas,
entretanto, em sua maior
parte, não se contentam com
o que recebem. Querem sempre
mais. Estão sempre exigindo
e cobrando. E especialmente
dos médiuns.
Do livro Testemunhos de
Chico Xavier, de Suely
Caldas Schubert.
|