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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 509 - 26 de Março de 2017

JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, MG (Brasil)

 

 
Deus absoluto e incriado
é pai; e Deus relativo
e criado é irmão


A Bíblia está cheia de espíritos bons e maus. Eles são chamados também de deuses, anjos e demônios. Mas quem são eles? São espíritos humanos de todos os níveis de evolução. Os bons são conhecidos como anjos e os maus como demônios. Mas os anjos são espíritos humanos adiantados, mensageiros, ou enviados ao nosso mundo. E é o que, realmente, significa a palavra anjo (“aggelos” em grego, a língua original do Novo Testamento).

Observemos que, desde tempos remotos, os anjos e os demônios são apresentados pelos pintores e escultores com formas humanas, o que é certo, pois eles são mesmo espíritos humanos. E é por isso que até o próprio Deus era apresentado também, erradamente, com forma humana (um velho de barbas brancas). Ao nos referimos a Deus, nós usamos, também erradamente, o pronome relativo pessoal “quem”, que é próprio para pessoas e não para Deus. Para Ele, o certo é o pronome “que”. Por isso o espiritismo diz: “Que é Deus?” E não “Quem é Deus?” E quando morre uma criança, é comum as pessoas dizerem que se trata de um anjinho. É que, por analogia com seu corpo ainda pequeno, seu espírito é tomado também como um anjinho. Os demônios são tidos também como anjos maus, que são opostos aos anjos bons ou espíritos mensageiros ou enviados ao nosso mundo, trazendo-nos mensagens de verdades importantes.

Dissemos que os espíritos humanos são também tidos como deuses. Exemplos: “Vós sois deuses”. (Salmo 82: 6; e João 10: 34). “Deus tomou parte na assembleia dos deuses e, sentado no meio deles, julga os deuses.” (Salmo 82: 1. Algumas traduções trazem essa passagem no salmo 81). E na sessão espírita com a médium de En-Dor, da qual participou Saul, a médium, referindo-se ao espírito de Samuel, diz: “Vejo um deus que sobe da terra.” (1 Samuel 20: 13).

Demônio (“daimon” em grego) significa realmente espírito humano, e não só na Bíblia, mas também em outras obras gregas contemporâneas dela, como as de Homero, Heródoto, Platão etc.

Como estamos vendo, na Bíblia, deuses, anjos e demônios são mesmo espíritos humanos. Mas os teólogos antigos fizeram com eles uma grande confusão, tomando-os como espíritos de natureza diferente da humana. Para esses erros contribuiu também a mitologia.

E o próprio Deus foi confundido com outros espíritos. Mas a pior confusão dos teólogos foi transformar Jesus Cristo em outro Deus absoluto tal qual o Pai, quando Jesus, como todos nós, é um Deus relativo. Por isso, Ele é um irmão nosso e não Pai. Pai nosso é só o Deus absoluto. “Jesus é Filho de Deus, como os homens, que são seus irmãos.” (João 10: 36). E “Meu Pai, que me enviou, é quem, por seu Mandamento, me prescreveu o que devo dizer e como devo falar.” (João 12: 49).

Jesus era mesmo Deus relativo, pois as pessoas O viam. Se Ele fosse Deus absoluto, ninguém O veria: “Nenhum homem jamais viu a Deus.” (João 1: 18). E perguntaram-Lhe: “Quem és tu?” Ele respondeu: “Princípio, eu que vos falo.” (João 8: 23 e 25). Mas Ele é princípio, não porque seja Deus, mas por ser ministro de Deus fundador e dirigente do nosso Planeta Terra.

Realmente, Jesus é Deus relativo, pois foi criado ou gerado pelo   Deus absoluto e incriado, Pai Dele e de todos nós e maior, pois, do que Jesus (João 14: 28).

E é por Jesus ser Deus relativo e não absoluto, que nós não O podemos chamar de Pai, mas apenas de irmão!



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita